26/03/2020 às 17h17min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h33min

Dicas de séries 26/03/20/20

Vivemos uma terceira guerra mundial invisível profetizada pelas clássicas distopias    A distopia clássica inicia-se após grande guerra física ou bacteriológica ao optar-se, sob violenta emoção, pela saúde em vez da privacidade. Nesse sentido foi criada a opressora KGB soviética, na época incapaz de policiar à distância. Ao contrário das inspiradas obras: Revolução dos Bichos e 1984, no novo Fahrenheit 451 da HBO não há repressão física por parte do governo global, “apenas” doutrinação em massa “gramscista”, semelhante ao caos da era medieval, que também subvertia o hábito de ler grandes obras literárias, tesouros corroídos pela humanidade que a traça não conseguiu corroer, formando, com o tempo, uma sociedade teleológica e utilitária de analfabetos sedentos de “água viva”. O remake do longa de François Truffaut, em vez de demonizar a televisão, usa a tecnologia globalizada a favor do bem a fim de propagar eternamente o conhecimento multi-interpretativo contido originalmente nos livros de papel antes de serem queimados pelos bombeiros, que outrora apagavam incêndios. A reviravolta ocorreu após a consciência do bombeiro Guy Montag (Michael B. Jordan) despertar, orientado pela pretendente Clarisse McClellan (Sofia Boutella), fazendo-o raciocinar, "filosofar", interpretar e finalmente questionar o sistema vigente além das dogmáticas manchetes imediatistas de jornal, ignorando as falácias e sofismas do traumatizado mentor, o capitão Beatty (Michael Shannon), e a partir daí, ele passa também a ouvir música e não pingar mais o colírio diário que apagava suas lembranças, gradativamente. Vivemos o mesmo dilema hoje em virtude dessa guerra bacteriológica mundial provocada pelo vírus chinês, Coronavírus. De acordo com o artigo do escritor israelense Yuval Harari, autor de Sapiens e Homo Deus, para o Financial Times, semelhante a obra homônima escrita por Ray Bradbury em 1953; após o caos apocalíptico o cidadão de cada país deverá escolher, mesmo que inconscientemente, viver em um totalitarismo vigilante com milhares de câmeras e smartphones monitorando-o 24 horas por dia, a exemplo da metodologia opressiva implantada pelo atual regime comunista chinês. Ou quem sabe, em um futuro próximo, poderemos ser obrigados a usar uma pulseira biométrica, o que é ainda pior. Entretanto, ao invés do poder de polícia, o caminho ideal, muito mais eficaz e saudável, seria instruir, motivar e informar todos os cidadãos do mundo, a fim de que eles retribuam a sua confiança na ciência, nas autoridades e na mídia, da mesma forma que aprendemos a criar o hábito de lavar as mãos, um dos maiores avanços da higiene humana, ignorado até o século 19, o que acabou salvando a vida milhares de recém-nascidos logo após o parto, outrora infectados por vírus e bactérias, incompreensíveis na época.   Fahrenheit 451. Direção: Ramin Bahrani. Ficção Científica. (EUA- 2018, 100 min).   Nota: 3,0   Em terra de fascista cego, quem tem um olho é rei   Se em “Parce Domine” Dolores (Evan Rachel Wood) roubou a cena, agora é a vez de Maeve (Thandie Newton) reinar, comparada a dominação dos humanos racionais sobre os animais irracionais descrito na Bíblia. Na trama do segundo capítulo (The Winter Line) da série da HBO, criada pelo irmão de Christopher Nolan, Jonathan Nolan e Lisa Joy, vemos várias referências ao longa A Origem e principalmente Matrix (baseado no livro Simulacros e Simulação). Maeve surge em um parque temático novo (War World), ambientado na Itália fascista de Mussolini. Lá encontra seu par romântico, Hector (Rodrigo Santoro), ainda preso pela fugaz narrativa programada, enquanto a deusa dos anfitriões tenta decifrar os códigos centrais a fim de escapar para fora de Westworld, tendo que ressuscitar várias vezes no já conhecido "limbo cibernético", sem sofrer qualquer perda de memória ou esquecimento do passado. Isso até encontrar o misterioso arquiteto da Incite, Serac.   Westworld – 03X02: The Winter Line. Direção: Richard J. Lewis. Ficção Científica. EUA - 2020, 68 min).   Nota: 3,5     A terceira temporada de Castlevania reflete sobre a existência humana   Após serem apresentados na primeira temporada e derrotar o Conde Drácula (Graham McTavish) na segunda, o trio formado por Trevor Belmont (Richard Armitage), Sypha Belnades (Alejandra Reynoso) e Alucard (James Callis) seguiram caminhos opostos. Enquanto o meio vampiro amargura depressiva solidão na “Castlevania” do falecido pai, o novo par romântico entre a poderosa Oradora e o último membro vivo do clã dos Belmont se diverte exterminando Criaturas da Noite. Isso até se estabelecerem na pequena vila de Lindenfeld. Ao contrário das anteriores, a terceira temporada do anime da Netflix é totalmente original (não inspirada em nenhum game), dividida em quatro arcos muito bem construídos de forma lenta e trabalhada, a exemplo de Game of Thrones. O enredo fica isento de vilões e anti-heróis centrais e maniqueístas, contagiado pela ação frenética apenas nos episódios finais. No terceiro arco as vampiras lideradas por Carmilla (Jaime Murray) retornam a Estíria, decididas a usar o Mestre da Forja, seu prisioneiro Hector (Theo James), para constituir um novo império vampírico. Enquanto o devoto muçulmano Isaac (Adetokumboh M’Cormack) não os encontra, dialoga com demônios reflexões humanas em um mundo dominado pela magia.   Castlevania – 3ª Temporada. Direção: Sam Deats, Adam Deats. anime. EUA - 2020,10 episódios de 25 min).   Nota: 4,0     ThunderCats Roar! agride o espectador   Uma das mais queridas franquias dos anos 80 nunca teve um filme próprio e, para piorar, o remake de 2011 foi cancelado injustamente logo na primeira temporada. Essa nova versão esquecível com apenas 14 capítulos de 11 minutos, disponível no Cartoon Network dos Estados Unidos (em breve no Brasil), tende a seguir o mesmo caminho. Série animada boba para os fãs quarentões também não irá cativar as crianças por ser frenética demais. Os traços são feios e desproporcionais e agridem a vista e os ouvidos a todo momento. A sátira apressada sobre os primeiros episódios clássicos é complexa, mas ao mesmo tempo, infantilizada. Ao contrário do divertido “Os Jovens Titãs em Ação”, que foca apenas numa piada central e a desenvolve. Apesar de ótimas sacadas que capturam a essência dos personagens principais envolto na saudosa trilha sonora original, ThunderCats Roar! pode ofender os mais atentos e apaixonados e provocar indiferença nos mais novos e distraídos.   ThunderCats Roar! Animação. (EUA - 2020, 14 episódios de 11min) Nota: 1,5  
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