06/03/2020 às 15h51min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h34min

Justiça bloqueia concessão da ‘Usina de Traição’, futuro “Puerto Madero” Paulistano

Em meados de 2019, o governador João Doria afirmou sua intenção de conceder a Usina Traição (próximo à Ponte Ary Torres-Cidade Jardim) no rio Pinheiros à iniciativa privada. O Tribunal de Contas do Estado, porém, intercedeu e o processo teve que parar. A ideia é transformar o local em uma espécie de “Puerto Madero” paulistano, sucesso na Argentina. “Puerto Madero”, renovação urbana de sucesso em Buenos Aires A revitalização da região de Buenos Aires onde o bairro localiza-se, iniciada na década de 1990, foi um dos projetos de renovação urbana mais bem sucedidos do mundo, sendo referência para muitos países. O Governo de São Paulo anunciou, em junho, a concessão da Usina Traição, localizada no rio Pinheiros, à iniciativa privada para que o local seja transformado em área de lazer e entretenimento. “O projeto será apresentado ano que vem, e em 2021 já será privado. A usina continuará a funcionar, mas todos os demais espaços serão transformados em espaços públicos de lazer, para entretenimento, com cafés, restaurantes, tudo isso acompanhando o processo de despoluição do rio Pinheiros. A dimensão desse espaço e sua localização poderá transformar essa usina, que deixará de se chamar Traição para ser Usina São Paulo, num ‘Puerto Madero’ paulistano”, afirmou João Doria. TCE barra iniciativa; Governo vai recorrer O Tribunal de Contas do Estado, entretanto, barrou a iniciativa. Foram questionadas a segurança e, especialmente, a relação que seria estabelecida com uma área de preservação permanente. Mas o Governo afirmou serem questionamentos legítimos e que seriam esclarecidos. A ideia é que o local se transforme em um ponto turístico. Entretanto, só se tornaria atrativo caso a situação do rio Pinheiros se alterasse de forma drástica, pois atualmente a sujeira, poluição e o mau cheiro exalado são insuportáveis, principalmente em dias de calor, reclamação constante dos moradores que habitam próximos às margens. Assim, a concessão seria um insucesso, pois uma área de lazer em local inadequado e insalubre não comportaria tal empreendimento. Novo rio Pinheiros As obras de saneamento já estão em execução nas principais sub-bacias do Pinheiros, como os córregos Zavuvus e Ponte Baixa/Socorro. Até o momento, os resíduos retirados no desassoreamento equivalem a 30 mil caminhões. Mais de 9 mil toneladas de lixo também foram coletadas. Despoluição de forma integrada Pela primeira vez, o trabalho de despoluição do Pinheiros é realizado de forma integrada pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente com a Sabesp, a Emae, a Cetesb e o Daee atuando simultaneamente na coleta e tratamento do esgoto, aprofundamento do rio, retirada de lixo, medição da qualidade da água, controle da vazão e revitalização das margens. Investimentos Só a Sabesp investirá R$ 2 bilhões em obras que já estão em execução e vão ampliar coleta e tratamento de esgoto nas principais sub-bacias do Pinheiros. A Emae deve investir mais R$ 70 milhões no desassoreamento. Desenvolve SP O Governo do Estado de São Paulo vai financiar, por meio da Desenvolve SP, as empresas vencedoras dos editais públicos realizados pela Sabesp para a despoluição do rio Pinheiros. O objetivo é acelerar os processos necessários para que os projetos das ganhadoras saiam o quanto antes do papel e possam melhorar a qualidade de vida da população e até otimizar a economia local em torno da extensão atendida. Como a instituição financeira do governo estadual, a Desenvolve SP vai oferecer financiamentos com vantagens exclusivas para as companhias que ganharem os certames, realizados pela Sabesp, estabelecidos dentro do programa Novo Rio Pinheiros, independente do porte das empresas. Os recursos para essa iniciativa serão da linha de crédito Economia Verde, com taxas a partir de 0,17% ao mês acrescidos da Selic. Os atendimentos da Desenvolve SP já estão acontecendo, conforme os vencedores de cada lote. “Essa iniciativa é muito importante para São Paulo, principalmente para a capital, porque fará com que o rio Pinheiros passe a ter um uso inteligente, impactando positivamente a qualidade de vida da população. Inclusive, outras instituições financeiras poderão participar dos financiamentos”, diz o presidente da Desenvolve SP, Nelson de Souza. Redução de esgoto no rio O programa Novo Rio Pinheiros tem como meta reduzir o esgoto lançado em seus afluentes, melhorar a qualidade de suas águas e integrá-lo à cidade. O compromisso do Governo é despoluir o rio Pinheiros e entregá-lo limpo à população da cidade de São Paulo até dezembro de 2022. “O rio Pinheiros está inserido dentro de um projeto de saneamento básico que engloba uma grande bacia. O Programa Novo Rio Pinheiros tem cinco eixos estruturantes: saneamento, manutenção, tratamento de resíduos sólidos, revitalização e comunicação e educação ambiental. Temos convicção que é possível revitalizar o rio Pinheiros”, afirmou o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, na assinatura dos quatro primeiros contratos do pacote de obras, em 2 de dezembro de 2019. Histórico desde 1940 A Usina Elevatória de Traição ou Usina de Traição, construída sobre o rio Pinheiros é localizada perto da Ponte Engenheiro Ari Torres, foi inaugurada em 1940 para aumentar a capacidade de geração de eletricidade da Usina Hidrelétrica Henry Borden, localizado no sopé da Serra do Mar, em Cubatão. A usina, mantida pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), foi batizada com esse nome devido à sua proximidade ao Córrego da Traição. O objetivo da usina era acabar com as inundações, canalizar as águas e direcioná-las para a Represa Billings, invertendo o sentido das águas dos rios Tietê e Pinheiros, para serem encaminhadas à Usina Elevatória de Pedreira, construída em 1939. Atualmente a usina serve no controle de enchentes. A usina faz parte de um extenso projeto de alteração hidrográfica, sendo diretamente responsável por reverter o curso do rio Pinheiros, que passa de afluente do Tietê para um canal que conduz água para a represa Billings, de acordo com seu estado de funcionamento. O nome vem por estar localizada próxima a um córrego de mesmo nome, Traição, à época de sua construção.


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