Turma da Mônica Jovem e o Mônica Verso

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo (2024), dirigido por Maurício Eça estreou nesta quinta-feira (18) nos melhores cinemas de todo o Brasil com um elenco novo e desvinculado dos anteriores: Laços e Lições. A trama foi baseada no mangá homônimo de 2008, especificamente o arco: Sombras do Passado — um dos melhores da série de HQs adolescentes. A primeira parte desta possível quatrilogia inicia com o reencontro dos adolescentes do bairro do Limoeiro no primeiro dia de ensino médio, cujo colégio é o mesmo em que a filha de Maurício de Sousa estudou. Mônica Sousa é a coordenadora do “Mônica Verso”, tanto no cinema como na TV, incluindo a biografia do pai de 88 anos e um filme solo do Chico Bento, programado para este ano. Ocorre que o coelho Sansão não aparece no filme e o Cebolinha fala errado apenas uma vez; assim como o Cascão é especialista em parkour em vez demonstrar medo de água. Já a Magali apesar de fazer culinária deixou de ser aquela comilona que tanto amamos para se envolver nos livros de feitiçaria da Tia Nena (Eliana Fonseca); o que pode afastar os amantes dos gibis clássicos e das animações atemporais: como o Cinegibi que deu origem às outras disponíveis no Prime Video. O subtítulo: Reflexos do Medo faz alusão às angústias adolescentes, sobretudo as paqueras que também passam despercebidas; com exceção à da Mônica com o Cebolinha, melhor aprofundada na série homônima de 26 capítulos, mistura de anime com animação nacional.
Mauricio Araújo de Sousa nasceu em Santa Isabel em 27 de outubro de 1935; mas depois de alguns meses se mudou para a cidade vizinha, Mogi das Cruzes, cujos amigos de infância inspiraram a maioria dos seus personagens, além dos 10 filhos: Maurício Spada, Mônica, Magali, Mariângela, Vanda, Valéria, Marina, Mauricio Takeda, Mauro Takeda e Marcelo Pereira; alguns sobrinhos, e o seu alter ego como Horácio. O Jornal do Butantã também faz parte desta história ao publicar um suplemento infantil entre 1975 e 1980, enquanto as primeiras animações estreavam na televisão. Nos anos oitenta pela influência da Xuxa, Os Trapalhões e Star Wars, a Mauricio de Sousa Produções (MSP) chegava no auge; e assim, a década seguinte foi dedicada no lançamento de games e parques temáticos.
Turma da Mônica: Laços (2019) marca a transição entre a infância e a pré-adolescência: sem perder a essência. Na sequência, porém, esses laços são quebrados pela mudança de colégio da Mônica por imposição dos pais; onde ela não é a mais forte tampouco a dona da rua, enquanto Cebolinha se ilude ao assumir o posto que tanto desejava, embora tenha perdido sua grande admiradora. Contudo, a maior lição de Turma da Mônica: Lições (2021) quem aprendeu foram os próprios pais que nunca mais se separaram. Por fim, o último capítulo da trilogia, Turma Da Mônica: Lembranças, acabou virando série da Globoplay em 2022, com oito capítulos, cuja maioria dos personagens integram a Turma da Mônica Jovem: como Milena, Denise, Jeremias, Titi, Do Contra, Carminha Frufru e a sua mãe, interpretada por Mariana Ximenes. O enredo à la Agatha Christie com todos os suspeitos envolta da mesa, prende a atenção do início ao fim, principalmente o desfecho impactante como aqueles da escritora inglesa.