08/12/2023 às 00h37min - Atualizada em 08/12/2023 às 00h37min

10 de dezembro: Dia do Palhaço

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Rafael Padilla (1865 – 1917) foi um ex-escravo vindo diretamente de Cuba que inesperadamente se tornou o primeiro artista negro da França da Belle Époque, graças a parceria com o palhaço Footit (James Thiérrée — neto de Charlie Chaplin). Acontece que Chocolate (2016) acaba ganhando fama e fortuna como saco de pancadas do colega com o intuito de provocar gargalhadas na plateia, tanto no teatro quanto no cinema, através das primeiras películas dos irmãos Lumiére, sendo lembrado até hoje. Enquanto Footit era reservado — e, de certo modo, melancólico —, Chocolat (Omar Sy) era expansivo, mulherengo e beberrão, gastando todo o seu dinheiro com jogos, bebidas, prostitutas e roupas caras. Para piorar, um revolucionário comunista e militante negro lhe envenena a alma, fomentando o rompimento de forma violenta daquela dupla de ouro indissociável. Rafael, na verdade, não soube esperar com cautela uma nova mudança de paradigma, cujo “resultado é aquele no qual todo movimento revolucionário chega: o fracasso, a decepção e a morte” (Paulo Cruz).
O longa dirigido por Selton Mello acompanha a trajetória de Benjamim (Selton Mello) e Valdemar (Paulo José), dois palhaços conhecidos como Pangaré e Puro Sangue ao lado da divertida trupe do Circo Esperança. Por trás daquela maquiagem pesada, O Palhaço (2011) na Netflix e Prime Vídeo, captura a essência da vida no circo tradicional setentista, através do trabalho árduo dos integrantes e familiares pelas estradas da vida nos rincões do país; ao mesmo tempo que a personagem interpretada por Larissa Manoela de apenas 11 anos na época simboliza a renovação. No Brasil, o primeiro palhaço negro da histótia foi Benjamim de Oliveira. O “moleque Beijo” nasceu em 11 de junho de 1870 numa família de escravos. Além do sucesso estrondoso na carreira, aquele palhaço fora do comum foi o idealizador e criador do primeiro circo-teatro.
 Ao invés do pai dentista autoritário interpretado por Christopher Lee em 2005, Wonka (2023), que estreou dia 7 de dezembro nos cinemas, foi criado por uma mãe amorosa (Sally Hawkins) até a sua morte precoce quando o mágico viajou mundo afora em busca do grande sonho da sua vida. Ocorre que segundo o documentário Super Size Me 2: O Frango Nosso de Cada Dia (2017) existe um cartel criminoso, em conluio com o establishment em cada profissão, a fim de impedir o sucesso de concorrentes acima da média no mercado de trabalho competitivo; incluindo os herdeiros dessa oligarquia mafiosa em prol da mediocridade. Timothée Chalamet engrandece na performance musical ao lado da graciosa Calah Lane, enquanto Paterson Joseph e a insubstituível Olivia Colman na vilania, e Hugh Grant e Rowan Atkinson (Mr. Bean) no humor pontual. A Fantástica Fábrica de Chocolate foi criada em 1964 pelo escritor galês Roald Dahl e adaptada para o cinema logo em 1971 com Gene Wilder no papel principal, eternizado; apesar da ótima atuação de Johnny Depp na versão de Tim Burton, visando complementar e modernizar o clássico original. Willy Wonka parecia conhecer o comportamento daquelas criancinhas birrentas e irritantes na palma da sua mão. Como um exímio administrador, ele direciona cada teste a um convidado específico, a fim de encontrar o sucessor ideal para a fantástica fábrica de doces, lembrando a bruxa do conto: João e Maria. Se Augustus Gloop se afogou no lago por gulodice e Veruca Salt pelo seu egoísmo. A riquinha salgada, pedante e mimada, escrava dos desejos realizados imediatamente pelo pai, acabou entrando pelo cano, literalmente, enquanto Violet Beauregarde ficou roxa de raiva de tanta arrogância. Já Mike Teavee, metido a inteligente, é o retrato da agressividade, quando contaminado por jogos violentos de videogame e programas de tv. Em oposição, Charlie Bucket representa a pureza e a inocência infantil da qual Jesus se referiu. Vindo de uma família muito pobre e unida, o garoto se destacou pela caridade, bondade, honestidade, comedimento e compostura, por isso  passou no teste. Os Maias acreditavam que o cacau era o alimento dos deuses. “O Fruto energético, foi considerado um símbolo da vida e fertilidade — o sabor apimentado estimulava o apetite, aumentava a resistência física e o vigor sexual além de reduzir a fadiga” (Cinema Secreto: ­Cinegnose).

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