Vivemos o delírio do tempo; tudo tem de ser veloz. O paulistano levanta às pressas,, corre para o escritório, trabalha às correrias, atende rapidamente, almoça com urgência. Muitas pessoas não largam o jornal ou o celular nem na hora de levar o garfo à boca. (Roberto Idannou, em Mentes Estressadas – LP) Uma vacina contra essa mentalidade da urgência surge na Itália, em 1986. Foi quando alguns donos de restaurantes italianos se uniram para barrar o avanço das redes de fast-food. Surgiu assim o slow-food, um movimento para resgatar os prazeres da mesa, que iam se perdendo com as refeições rápidas e industrializadas. A ideia deu origem a uma filosofia de desaceleração. A lógica do slow-food ainda serviu de exemplo para o conceito do slow-travel (turismo sem pressa), que propõe conhecer menos destinos com mais profundidade, mergulhando na cultura local. Lentamente, o “movimento slow” avança para além da culinária e do turismo. Dedicar mais tempo à convivência com os filhos ou amigos é uma das chaves dessa revisão de valores. E mais: o princípio do slow diz que devem desacelerar porque perdemos a noção do todo. Estávamos olhando apenas para a frente, numa espécie de corrida dentro de um túnel. Esse estilo de vida egoísta nos trouxe estresse e problemas de saúde. As questões mais importantes da vida só aparecem quando desaceleramos. Daí a necessidade de revisarmos os verdadeiros valores. Oduvaldo Donnini, jornalista
