01/11/2023 às 21h03min - Atualizada em 01/11/2023 às 21h03min

​O Sol é pra toda gente!

Nos últimos quatro anos, Pinheiros e muitos bairros centrais de São Paulo, sentiram passar, literalmente, pela suas ruas (e vidas), um trator chamado “adensamento populacional”. Embora a sociedade civil engajada no processo de revisão do PDE, tenha se manifestado e alertado, que o suposto adensamento vendido para acolher trabalhadores próximos ao metrô, se transformou em ganhos de capital para fundos internacionais, colocando em risco todos os benefícios e serviços ambientais que as árvores e a convivência calorosa nos bairros nos trazem, nada a respeito foi feito. 
A implementação do adensamento em vigor desconsidera o princípio básico que deu origem ao documento PDE - o de oferecer moradia popular e acessível -, bem como suas premissas, tais como, realização de estudos de impacto ambiental e melhoria da qualidade de vida, leia-se saúde, de toda população. 
No lugar da moradia acessível, edificações luxuosas. No lugar de benefícios para população, oferta de “lazer completo” entre quatro paredes, e rooftops (!), a promessa, imaginária obviamente, de que se pode ter o céu e o Sol. 
Quanto mais altas as edificações, mais somos distanciados do meio-ambiente; este ecossistema composto por plantas, árvores, águas, ar, pessoas (nós!), e do sol,  que nutre e alimenta nossas vidas.
Àqueles que pretendem construir prédios cada vez mais altos, proclamamos: o sol é para toda gente. Nutre a vitalidade dos nossos ossos e músculos. Sustenta nossos corpos e o das plantas. Plantas têm corpo? Ora que têm. Árvores, arbustos, organismos vivos compostos por raízes, caules, folhas e flores, responsáveis pela realização da fotossíntese. E entre folhas e raízes há um caminho de soluções para vida, que se traduz em frutos, flores, alimentos, curas, e... oxigênio, o combustível de nossas vidas – e do reino das plantas.
Em seu conjunto, plantas, são seres que trabalham para o manter o equilíbrio da temperatura e a dinâmica das águas do planetinha azul. Tudo isso acontece num ciclo natural para alimentar a mim, você, e nossa existência – de toda gente – graças a luz e ao calor do sol.
Plantas também formam paisagens. Territórios verdejantes, dourados, ocres, coloridos. Memórias. Afetos. O cheiro de mato. O jardim de namorar. A praça de brincar. Os frutos no prato. As flores para festejar. As árvores que animam a vida. A Mata Atlântica que resiste e o cerrado que conta histórias.
Sem Sol não há plantas. Sem plantas, não existimos. Sem Sol não há vida. Sombra de concreto?  Não queremos. Prédios saiam do nosso Sol.
O Sol é pra toda gente!

*Kareen Terenzzo é ativista, integrante do Pró-Pinheiros e do Conselho  Participativo Municipal

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