20/07/2023 às 22h06min - Atualizada em 20/07/2023 às 22h06min

​A cidade não tem metrô à altura

Há  pouco mais de um século, a ciência prova que os fenômenos espaço e tempo na terra são unidos pela lei da relatividade: espaço-tempo. Algo de realidade ficcional, no qual este texto se pretende expor.
Noutros séculos antes veio um brilho de deuses e deusas que gerou ciência, na era industrial: a energia. 
Este admirável milagre, revolução, cria novas diretrizes às cidades em obras horizontais e verticais. Edifícios pesados, leves e altos se elevam à dezenas de  andares aos céus. Luzes em túneis e trens encurtam caminhos.  Neste ambiente   a população mundial confiante se exponencia globalizando-se. O novo tempo espaço descompassa os valores do saber e do fazer. Pequeno vilarejo cresce espacialmente em cidade e torna-se metrópole como São Paulo, megalópole desgovernada.
As cidades do mundo leste, procuram-se  renovar-se em forma, conteúdo e objetivo.  Preservam o antigo habitar à vocação de se andar na história e ao integrar-se à nova cidade, se propõem entender no tempo-espaço, crescem na vertical, caminham no solo e correm no subsolo. 
Em contraponto as cidades a oeste do
mundo se desequilibram ao crescer banhadas no colonialismo, império da terra em nova sesmaria, em plena República.
As cidades brasileiras substituem edificações sem a ciência do equilíbrio das funções do urbanismo. O planejamento territorial da cidade é desenhado em módulo matriz de reticulo raspando o solo. Casas planas, em lotes e quadras, sombreadas por edifícios, impermeabilizam a terra quebrando a coerência do histórico, comprometendo o futuro. Tropeçam entre erros e acertos, deixa atônitos os homens e mulheres independentes de quais águas se banham. 
Diria o deus da terra: “... dão-se lhes tiros nos pés.”
Hoje no contexto de novas ciências pode-se ensaiar fazer o urbanismo de base sustentável, desde a vila onde nasci a tornar-se cidade e nossa cidade em metrópole merecida.    Há que se lembrar de nossa imensidão territorial com paisagem ensolarada e livre a se criar cidade tropical verde e ventilada.  
Não há como continuar neste caminho linear de malhas soltas entre si.  Assim como o elevador nutre todos os andares de um edifício o metropolitano deveria  alimentar a cidade com malhas, não apenas linhas de nomes coloridos.    
Neste cenário, ensaia-se a utopia do possível, no aguardo de outro raio de luz nos acender à “relatividade” do uso do solo em malha “vertical-horizontal”.                 
Não se constrói sem dedicar-se a pertinência do ato.
Sendo a maior função da cidade a habitabilidade, é indispensável criarmos caminhos de crescimento do espaço físico humanizado, em destaque a inclusão social e assim compreender como e quantos povos habitam cada brasileiro!

*Nadir Mezerani é arquiteto, urbanista e diretor da Gazeta de Pinheiros

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