19/05/2023 às 01h45min - Atualizada em 19/05/2023 às 01h45min

​Cidades Resilientes e Vulnerabilidades Socioambientais - planos de adaptação climática em âmbito municipal: o caso de São Paulo

A necessidade de adaptar as cidades às mudanças climáticas e lidar com as vulnerabilidades socioambientais é uma agenda cada vez mais importante para as cidades brasileiras, com a inserção de medidas de adaptação e mitigação aos impactos dos riscos e impactos climáticos no contexto do planejamento urbano é crucial, conforme orientado pelas diretrizes da conferência Habitat III da ONU.
Do ponto de vista da ciência o relatório do IPCC publicado em agosto de 2021 ressaltou a urgência da crise climática, confirmando que o aumento de 1,5º grau Celsius na temperatura média será alcançado em 2040, mesmo no cenário com menores emissões de gases de efeito estufa. Isso significa que eventos extremos, como inundações, deslizamentos e secas, continuarão a ocorrer e trarão riscos e impactos para nossas cidades.
Nesse sentido, é essencial gerenciar os riscos e aumentar a resiliência urbana, o que envolve evitar a ocupação de áreas de encosta, proteger as nascentes e as áreas verdes e melhorar as condições de permeabilidade urbana entre outras medidas que possam ajudar a enfrentar desastres. A dissociação entre o planejamento urbano e a questão climática, como visto no exemplo de São Paulo, resulta em conflitos significativos entre o Plano Diretor e o Plano de Ação Climática. As transformações urbanas que promovem adensamento populacional e verticalização construtiva podem simultaneamente tornar as cidades mais vulneráveis, com a supressão de vegetação e redução da permeabilidade do solo, e reduzir os espaços públicos naturais, levando a inundações, como o observado em casos como os de Moema, Pinheiros e o Brooklin regiões com altos incentivos à verticalização.
As agendas de Gestão de Risco e Adaptação e Resiliência às Mudanças Climáticas da cidade deve ser unificada, e é importante capacitar os profissionais da defesa civil que atuam na linha de frente. 
No caso paulistano é fundamental implantar e aprofundar as diretrizes e medidas previstas no Plano de Ação Climática, que devem também estar presentes nas diretrizes, objetivo e metas  do Plano Diretor Estratégico, a exemplo de aprimorar o mapeamento das vulnerabilidades socioambientais e investir no apoio às universidades para apoiaram a cidade na elaboração de prognósticos climáticos a partir dos modelos globais. O Plano de Adaptação Climático é um processo que demanda governança participativa, elaboração de projetos e ações para mitigar e reduzir os riscos e as vulnerabilidades da cidade ao mesmo tempo em que se amplia a resiliência urbana com implantação de soluções baseadas na natureza, como parques lineares,  medidas de adaptação baseada em ecossistemas nas áreas críticas de risco, infraestrutura verde e azul e arborização e espaços urbanos permeáveis e revisão da infraestrutura superada pelos eventos climáticos de chuva e ondas de calor extremos já previstas.
*Eng. Civil Ivan Carlos Maglio - Doutor em Saúde Ambiental – Pesquisador do IEA-USP e do LabVerde  da FAUSUSP. Consultor da PPA Política e Planejamento Ambiental Ltda - http://planejamentoambiental.com/

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