15/12/2022 às 21h01min - Atualizada em 15/12/2022 às 21h01min

​Meio Ambiente paulista apanhando

Costumo dizer em meus diálogos, que o Meio Ambiente é o “último que fala e o primeiro que apanha”. Tem sido assim a relação entre os seres humanos e a Mãe Natureza!
O Estado de São Paulo foi um exemplo na tentativa de mudar esse paradigma.
Foi no governo Franco Montoro em 1986, que se criou a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que teve como secretários grandes ambientalistas como José Pedro de Oliveira (o primeiro), Fábio Feldmann, José Goldemberg, Stela Goldstein entre tantos outros.
Vários projetos, ousados e essenciais, foram executados pelos paulistas desde aquela época, como a recuperação da mata da Serra do Mar, o fim da queima da palha da cana de açúcar, o programa de despoluição industrial em parceria com a FIESP, a criação de diversas reservas naturais no Estado e mais recentemente, a Lei Estadual de Mudanças Climáticas. Também tivemos a Operação Integrada Defesa das Águas (OIDA), quando a ação conjunta do Estado e Município de São Paulo, conseguiu zerar o desmatamento e a ocupação das margens dos mananciais de água da metrópole.
No governo Alckmin, as ações deram uma  estacionada. A situação degringolou, com a nomeação de Ricardo Salles como Secretário de Meio Ambiente de São Paulo.
De lá pra cá, só piorou. A pioneira e reconhecida Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo foi transformada em uma subsecretaria no Governo Dória, ficando submetida à Secretaria de Infraestrutura.
Perdeu-se o protagonismo ambiental paulista, que era a ponta de lança no Brasil. A política climática estacionou, a devastação das matas e nascentes dos mananciais, retornou pelas mãos do crime organizado/tráfico de drogas, sob os olhos complacentes dos órgãos estaduais e municipais.
A CETESB entrou numa letargia gritante e a Polícia Militar Ambiental perdeu seu protagonismo diante dos crimes ambientais. Foi uma derrocada.
No Governo Rodrigo Garcia essa (falta de) dinâmica continuou e se agravou. Meio Ambiente também não era a praia daquele jovem governador em exercício.
Agora, eleito o Tarcísio de Freitas, o susto que já era grande, se tornou ainda maior. Pasmem! O novo governador eleito vai englobar a gloriosa Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, numa estrutura de Transporte, Infraestrutura e Meio Ambiente.
O fundo do poço é ainda mais fundo. Dessa forma, sem força política reconhecida, sem visão histórica do governante, sem o apoio da sociedade civil, a política ambiental paulista vai para a galeria do fracasso.
A história que já colocou São Paulo como vanguarda na preservação do meio ambiente, hoje nos reserva a medalha do atraso ambiental. O futuro próximo vai nos mostrar a crueldade dessas atitudes.
*Gilberto Natalini é médico, ambientalista e ex vereador paulistano

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