22/09/2022 às 23h32min - Atualizada em 22/09/2022 às 23h32min
Avenida Gastão Vidigal na CEAGESP continua concentrando centenas de pessoas em situação de rua
Com a escalada da população em situação de rua, alguns locais acabam concentrando um grande número de pessoas vulneráveis. Segundo pesquisa divulgada, São Paulo conta com cerca de 25 mil pessoas com este problema e sem uma resolução definitiva dos órgãos públicos, sejam municipais, estaduais ou federais. A Avenida Gastão Vidigal, na Vila Leopoldina, divisa das Subprefeituras da Lapa e Pinheiros, acabou se tornando um ponto de concentração desta população. Voluntários ajudam, alguns moradores criticam e outros pedem a solução definitiva, transferindo estas famílias, que aumentam todos os dias, para moradias com abrigos provisórios ou definitivos, com vidas mais dignas e não acampadas, sem nenhuma estrutura, como estão atualmente. A Prefeitura informa que a maioria das famílias não aceita a transferência para abrigos com a infraestrutura adequada. “Auxílio e Vila Reencontro’ são projetos em andamento do Executivo paulistano.
Ceagesp e alimentos atrai moradores
Possivelmente pelas proximidade da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), um grande número de pessoas em situação de rua acaba se concentrando no local, pois a alimentação sempre chegará mais fácil, de alguma forma, além de voluntários que diariamente estão no local fornecendo agasalhos, cobertores e comidas principalmente para as crianças e idosos. A Secretaria Municipal de Assistência Social informa que a região conta com o Centro de Acolhida ‘Atende Leopoldina’ que realiza o acolhimento de pessoas que vivem em situação de rua. A Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Oeste afirma que realiza ações diárias de visitação à região da Ceagesp, onde os acampados em sua maioria, são usuários de substâncias psicoativas.
Depoimentos apontam voluntariado, denúncias e nova “Cracolândia”
“Alguém aqui faz voluntariado na região com o ‘pessoal de rua’ da CEAGESP? Estou buscando algum grupo para me unir em ações.” G.R.C.
“Está avenida vai acabar ficando como a ‘Cracolândia’. Não tem que incentivar nada nestes gramados todos sujos, com restos de comida jogados e muito lixo acumulado. O mais adequado é arrumar um abrigo, para preparar para uma vida melhor, com trabalho e não ficar dependendo de doações. ‘Delivery’ de comida quente não falta, cobertores limpos também, e os usados formam montanhas nas calçada,s junto com as roupas que descartam. Contam com um batalhão de varredores para recolherem seus lixos. As mulheres estão com unhas bem esmaltadas e todos tem dinheiro para comprar cigarros e celulares em punho“. A.Z.
“A vontade de ajudar de todos é louvável, mas o ideal é que seja da forma correta, a começar por retirá-los das ruas… Imagino que ninguém ache normal um canteiro de ‘zombies’ a céu aberto…!” J.C.
“Voluntariado arrecada doações em dinheiro e roupas. Todo último domingo do mês, se dividem em duas equipes, uma na zona sul e outra região do Ceagesp, onde distribuem roupas e servem refeições. Precisam muito de voluntários”. R.K.
“Indiquem grupos que estejam implementando ações específicas na região do CEAGESP. Parabéns pela iniciativa! A responsabilidade é do Estado, mas a solução dos problemas sociais começa por nossas ações.” B.D.
“Os moradores acampados preferem onde estão. Não vão para abrigos. São afastados, e não gostam. Lá teriam orientações de recomeço de vida para não viverem acampados dependentes de doações. Alegam que tem mais doações e a comida é mais variada.” Z.S.
“Cada um sabe de si, das suas condições, limitações e escolhas, cabe a nós respeitar, no mínimo. E respeitar quem tem condições e disponibilidade de se dedicar a um trabalho voluntário. Na verdade, agradecer a todos. Enquanto tivermos 15% da população do país vivendo na faixa da miséria, passando fome, teremos pessoas vivendo nessas condições, sobretudo ao lado do CEAGESP, onde podem conseguir comida com mais facilidade.” P.D.P.
Atendimento Social e de Saúde
A Prefeitura de São Paulo, por meio das Secretarias Municipais de Saúde e de Assistência Social, informa que realiza diversas ações voltadas às pessoas em situação de vulnerabilidade. A região conta com o Centro de Acolhida ‘Atende Leopoldina’ que realiza o acolhimento de pessoas que vivem em situação de rua, em sua maioria, usuários de substâncias psicoativas. O serviço que está localizado à Avenida Dr. Gastão Vidigal, 1946, na Vila Leopoldina, dispõe de 108 vagas com finalidade de assegurar atendimento através de atividades direcionadas para a promoção da reinserção social, reconstrução, resgate dos vínculos familiares e elaboração de propostas de promovam a autonomia e a saída das ruas. O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) III Leopoldina atende também pessoas em situação de vulnerabilidade.
Consultório na Rua
A Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Oeste realiza ações diárias de visitação à região da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo nos períodos da manhã e da tarde. O trabalho inclui a área do denominado "paredão", caracterizado como importante cena aberta de uso de drogas local. Os agentes também percorrem a avenida Gastão Vidigal, no canteiro central, abordando e buscando novas aproximações e vínculos com pessoas com problemas decorrentes do uso, abuso e/ou dependência de substâncias psicoativas.
Prefeitura propõe auxílio para quem acolher morador em situação de rua
O prefeito Ricardo Nunes, em entrevista, informou que encaminhou projeto de lei que institui, além da ‘Política de Segurança Alimentar e Nutricional’, o ‘Auxílio Reencontro’. A proposta é criar um benefício financeiro temporário, a quem se dispuser e demonstrar condições de acolher pessoa em situação de rua. Segundo o prefeito, o objetivo é reduzir o número de pessoas nesta situação, de forma digna e autônoma, ampliar a proteção social e fortalecer estratégias para a saída qualificada e favorecer o retorno ao convívio familiar e comunitário. O valor e a duração do auxílio serão definidos em Decreto.
Outra iniciativa é fortalecer estratégias de saída qualificada da situação de rua e a implantação da ‘Vila Reencontro, programa já em andamento, como ‘Política Pública Intersetorial’, que se caracteriza por um conjunto de moradias sociais, para acolhimento transitório unifamiliar