09/06/2022 às 23h46min - Atualizada em 09/06/2022 às 23h46min

​Namoro: do Paraíso ao Inferno

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Após o sucesso de Top Gun o  movimento feminista radical sofreu outra derrota semana passada. Johnny Depp foi absolvido numa batalha judicial que já durava 6 anos, pois o júri considerou que Amber Heard o difamou ao escrever um artigo para o Washington Post em 2018 e mentiu em parte do depoimento com áudios e declarações incongruentes. O ator contou com a ajuda de Christi Dembrowski relatando que a irmã tem uma personalidade conflituosa e exagerava nos problemas de drogas e álcool do ex-marido que imitou Jack Sparrow no tribunal em sinal de deboche. Ficou comprovado também que a atriz o agrediu ao arremessar uma garrafa de vodka na sua mão, e não o contrário como foi amplamente divulgado pela imprensa militante. Por causa da acusação, mesmo que sem provas, Depp não foi chamado para a sequência de Animais Fantásticos, além de ter a continuação da saga Piratas do Caribe cancelada. 
Heard lembrou Barbara Rose  (Kathleen Turner) em A Guerra dos Roses, disponível no Star Plus, baseado no romance homônimo de Warren Adler em alusão às disputas entre a família Yorks e a família Lencastres durante a Guerra Civil Inglesa no final da Idade Média. Rosenkrieg, o título criado em alemão, faz referência à luta amarga por posses materiais. Ademais, a mente vazia da dona de casa constituiu uma “Cozinha do Diabo” conforme aumentava a sua ociosidade com o término das reformas na casa nova. A comédia de humor negro do diretor-personagem Danny DeVito, continua excelente, pois não se rendeu à mediocridade, a exemplo da criativa cena em que Bárbara quase matou Oliver (Michael Douglas) com uma chave de pernas. Porém, o marido se vinga no momento oportuno fazendo xixi no peixe, antes dos convidados dela saboreá-lo.
Na Gênese, o demônio assume a forma de serpente com o intuito de influenciar Eva a provar o fruto proibido, símbolo de tudo o que venha  obscurecer a manifestação divina. “O anticristo não é uma pessoa, mas sim qualquer conjunto de forças que impeçam que se instaure o reino de Deus na Terra. Ou seja, ele está na sociedade, mas também dentro de nós” (Marina Motomura). Lars von Trier iniciou a carreira com a trilogia Europa, liderada por personagens masculinos, seguido da Trilogia Coração de Ouro que inverteu o gênero. Isso até o cineasta entrar em depressão e filmar a Trilogia da Depressão (Anticristo, Melancolia e Ninfomaníaca) com Charlotte Gainsbourg no comando. Em  Anticristo, Lilith, o demônio sedutor da Cabala Judaica, encarna numa jovem mãe (Gainsbourg), fragilizada pela morte do estimado filho pequeno, ao som da ópera Rinaldo, de Händel no prólogo do filme. A ópera, de 1711, baseia-se no poema épico, La Gerusalemme Liberata, sobre a Primeira Cruzada Cristã: “Deixe que eu chore/ minha sorte cruel, / e que eu suspire/ pela liberdade! /Que a dor quebre/ estas cadeias/ de meus martírios, / só por piedade!”. Em contrapartida, o psicólogo racional, interpretado por Willem Dafoe, não se sentiu culpado por ser um pai ausente e desnaturado. O diretor foi chamado de misógino pelos críticos, apesar de manter a essência do Jardim do Éden e do primeiro casal que o habitou. Muda-se o cenário, os nomes dos personagens e as armas através dos tempos, seja grego, troiano, patrício, plebeu, Neri, Bianchi, Montecchio, Capuleto, Jacobino, Girondino, russo, americano, liberais ou conservadores. “Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo”. “O que chamamos rosa, sob outra designação teria igual perfume?” (Julieta, a fina flor do verão de Verona). Romeu e Julieta, a união que fez do ódio puro amor, e Shakespeare o maior poeta inglês de todos os tempos, duelando com seu jogo de palavras genial. Contrastes que despertaram a consciência humana. A peça encenada pela primeira vez em 1595 não passa uma década sem ser lembrada no cinema. Indicada a 4 Oscars em 1939, ganhou dez em 1961 com o musical adaptado por Steven Spielberg ano passado. Amor Sublime Amor é a versão mais comentada até hoje, embora a refilmagem em 1996, estrelada por Leonardo DiCaprio e Claire Danes esteja bem fresca na mente dos cinéfilos. A nova geração pode curtir uma Sessão da Tarde na companhia dos adolescentes Hailee Steinfeld e Douglas Booth, ou a deliciosa rivalidade entre Corinthians e Palmeiras, representados por Luana Piovani e Marcos Ricca. Contudo, o clássico de Franco Zefirelli, filmado na Itália em 1968, continua sendo a melhor e a mais fiel, em grande parte pelas insuperáveis atuações dos queridinhos Leonard Whiting e Olivia Hussey, influenciados pelas coreografias inconfundíveis de Amor Sublime Amor. Tal sucesso fez o diretor toscano voltar ao tema romântico, após as biografias religiosas de São Francisco de Assis e Jesus de Nazaré, além do drama esportivo O Campeão. Brooke Shields, meses depois de A Lagoa Azul, foi escolhida pelo cineasta para viver outro Amor Sem Fim, marcado pela trilha sonora de Lionel Richie e Diana Ross e a estreia de Tom Cruise no cinema. O remake água com açúcar, na Netflix, mantém o título homônimo e a implicância do pai de Jade com o namorado dela, sem o mesmo peso dramático do anterior, sobretudo no final. A Lagoa Azul colocou Romeu e Julieta no Jardim das Delícias desde o nascimento. Não havia fruto proibido para se opor àquela pureza divina, ou famílias rivais que impedissem a consolidação daquele amor eterno. A adaptação do livro de Henry De Vere Stacpoole teve ainda versões em 1923 e 1949 e a sequência estrelada por Milla Jovovich com apenas 15 anos de idade em 1991. Por fim, a adaptação para a TV em 2012, protagonizada pelo “Robin” Brenton Thwaites e a “sogra” dele, vivida por Denise Richards, revelou ser possível permanecer numa ilha deserta por muito tempo, a exemplo do trio de náufragos preso este ano numa ilha deserta nas Bahamas por 33 dias comendo apenas coco, antes de ser resgatado.

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