​Mais árvores para a cidade de São Paulo. Prefeitura dá exemplo e Governo do Estado destrói área verde

Na semana em que as nações renovaram, na Conferência do Clima (COP 26 - novembro 2021), seus compromissos pelo controle das emissões de gases de efeito estufa, é relevante a divulgação das iniciativas locais. Na cidade de São Paulo as ações para recuperação da cobertura vegetal avançam em várias frentes. Uma delas é o plantio de árvores por meio de Projetos de Compensação Ambiental, elaborado pelas empresas do setor imobiliário (Sinduscon-SP).
E mais. Quando as construtoras e incorporadoras precisam remover uma árvore para edificar, elas só obtêm alvarás de aprovação/execução se a Prefeitura aprovar seus projetos de compensação de exemplares arbóreos, isto é, feito mediante a assinatura de um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) entre a empresa e a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), possibilitando o plantio de um número muito maior de novas árvores em relação às removidas. Segundo a SVMA, desde 2016 foram plantadas cerca de 190 mil árvores em São Paulo por TCAs, sendo 7.066 nos primeiros nove meses de 2021.
É a contribuição do setor imobiliário para a meta de plantar 45 mil árvores até 2024. A ação se junta a outra SVMA. Uma delas é a Campanha Permanente de Incentivo à Arborização, pelo qual o cidadão que quiser arborizar sua calçada ou sua propriedade em São Paulo poderá retirar até cinco mudas de árvores, gratuitamente, dos Viveiros Manequinho Lopes e Harry Bossfeld, após análise da área em questão pelos técnicos da Secretaria. Assim, São Paulo dá mais um exemplo de sucesso em parcerias entre o Poder Público e a iniciativa privada.

Governo do Estado (SIMA) e Cetesb autorizam a Sabesp a destruir área verde para o Novo Rio Pinheiros
O mesmo não acontece com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, pois enquanto o Secretário Marcos Penido participava da COP 2021, a Cetesb - Companhia Ambiental do Estado, que deveria proteger o meio ambiente, autorizou o corte indiscriminado de mais de 200 árvores frondosas, com mais de 30 anos, no Morumbi, na frente do Estádio do São Paulo F.C. O nefasto ato, realizado na calada da noite pela Sabesp, destruiu um bosque municipal, cuja área verde já era de compensação ambiental da USP. A justificativa para esse possível crime ambiental, sem Audiência Pública, nenhuma informação para a comunidade ou para os órgãos municipais, seria a retificação do ‘esgoto puro’ que hoje é o Córrego Antonico, com a instalação de unidades de tratamento. Imaginem o odor fétido em toda a região, desvalorização imobiliária e o trânsito caótico com as obras. E nada do ‘piscinão’ prometido para acabar com as enchentes. Mau uso de dinheiro público, em local supostamente escolhido de forma irregular e precipitada, sem estudos prévios. E tudo pelo Projeto Novo Rio Pinheiros, que, sem dúvida, vai melhorar a imagem do Governo, mas que não necessitava realizar atos abruptos para prejudicar a comunidade. O Ministério Público, através da Promotoria do Meio Ambiente, deve fiscalizar esse deplorável ato de fúria contra nossas árvores e o prejuizo ao nosso clima.
Gaston Bonnet é jornalista.