15/04/2021 às 21h37min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h16min

Quando o principal credor é o banco

Diferente de antigamente, quando os empréstimos com juros acessíveis e os financiamentos eram feitos para alavancar o crescimento da empresa e não simplesmente para dar continuidade ao negócio, hoje as empresas utilizam os bancos para cobrir despesas essenciais, como folha de pagamento, funcionários, aluguel e até estoque. E isso tem levado muitas delas a se atolarem em dívidas. Um problema que pode consumir toda a lucratividade que o empresário teria com o fluxo de caixa e até levar negócios a falência. Por isso é importante ficar atento às negociações bancárias. Muitas vezes, os juros abusivos e os juros compostos embutidos, que não compõem os juros acordados, levam o cliente para o cheque especial, o que facilmente vira uma bola de neve e leva desespero para a mesa de diretores e gerentes. Se este é o caso da sua empresa, separamos algumas dicas importantes! 1. Levante o histórico e entenda a operação Se você já está atolado em dívidas, a primeira pergunta a se fazer é “sem a dívida bancária meu negócio consegue sobreviver?” Se a resposta for sim, você deve ir em busca da renegociação. Se a resposta à pergunta for não, ou seja, se a sua empresa não tem como existir sem aquela dívida, talvez seja o caso de repensar todo o seu negócio. Porque a partir do momento que você vê o pagamento da dívida como essencial para a continuidade das atividades da sua empresa, existe um problema. Lembre-se: a dívida bancária nunca deve atrapalhar a atividade empresarial, nem comprometer todo o seu caixa. 2. Analise os contratos Antes de partir para a renegociação da dívida, faça uma análise minuciosa de todos os contratos feitos com o banco. Veja quais são as garantias de cada um deles, se os valores de juros estão sendo cobrados pela média de mercado ou se estão sendo juros abusivos. É muito comum os bancos cobrarem taxa, tarifa e abertura e crédito, os juros nominais não serem equivalentes ao valor da parcela etc. Tudo isso é passível de discussão e muitas vezes surge uma boa oportunidade de renegociação, ainda mais hoje em dia, com a baixa da taxa Selic, que facilita renegociar com juros mais atrativos. 3. Evite aceitar o primeiro contrato feito pelo banco Normalmente, o banco oferece como primeira proposta uma negociação com taxas, tarifas e juros altos. Nesse caso, é importante pesquisar o mercado e fazer um comparativo. Existem taxas muito acessíveis, principalmente com a queda da taxa Selic. São tarifas extremamente benéficas, com juros baixíssimos. Elas podem, inclusive, servir de argumentação para você negociar com o seu banco e conseguir melhores condições. 4. Encontrou práticas que suspeita serem ilegais? Busque a Justiça As discussões judiciais de dívidas bancárias podem sim ser usadas. Mas, para entrar com uma ação é preciso fazer uma perícia prévia, uma análise dos contratos, uma análise das parcelas e dos pagamentos que já foram feitos para ver se existe algum subterfúgio jurídico para discussão. Normalmente, essas discussões demandam bastante tempo, até alguns anos, o que não é interessante para os bancos, principalmente às instituições privadas. Para eles, o interessante é receber o valor. É quando começam a surgir propostas de descontos. Ao logo do tempo, dependendo da demanda, a cada ano que passa o banco consegue oferecer maiores descontos, chegando muitas vezes a valores ínfimos e bem atrativos para que a empresa possa quitar completamente a sua dívida. Thiago Massicano, especialista em Direito Empresarial e do Consumidor, é diretor da Massicano Advogados. Acompanhe outras informações sobre o Direito Empresarial e do Consumidor no site www.massicanoadvogados.com.br, que é atualizado semanalmente.


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