O projeto de intervenção urbana temporária ‘CaminharPinheiros’ será prorrogado, ampliado e, tudo leva a crer, vai se tornardefinitivo trazendo o caos ao trânsito na Rua dos Pinheiros, apesar dosprotestos dos moradores, pedestres e motoristas que utilizam diariamente a via.Para se ter ideia, em e-mails, manifestações das redes sociais e telefonemaspara a Gazeta de Pinheiros, mais de 90% dos leitores sãocontrários à medida.
A Prefeitura “promete” uma nova rodada de consultas à população, estudos e testes para garantir a segurança do pedestre ao longo de toda a extensão da Rua dos Pinheiros, da Avenida Rebouças e Rua Francisco Leitão até a Avenida Pedroso de Moraes, mas a realidade é que as “consultas” são dirigidas e, fazendo ou não a pesquisa, a decisão política já está tomada de ampliar o projeto e tornar a única via alternativa ao trânsito da Avenida Rebouças somente com uma via, sem estacionamento e privilegiando alguns bares e restaurantes. “A prorrogação sempre esteve no planejamento da Subprefeitura de Pinheiros, por acreditar nos efeitos positivos do projeto”, afirma a subprefeita Juliana Ribeiro.
A Iniciativa Bloomberg coordenou uma pesquisa técnica de impacto da medida na região. Mas o correto é que a subprefeita Juliana não conhece os verdadeiros anseios da população. Após reportagem da Gazeta de Pinheiros e da Rádio Bandeirantes, centenas de ouvintes e leitores condenaram a prorrogação, mas a subprefeita não ouve a imprensa regional, com 62 anos de tradição, e “leva em frente” o polêmico projeto.
Mais trânsito e reclamações
Diante da proximidade das férias escolares, quando o congestionamento de veículos tende a ser menor em toda a cidade, a intervenção original, entre as ruas Cônego Eugênio Leite e Joaquim Antunes, será mantida. Em janeiro, serão realizadas intervenções em outros cruzamentos ao longo da Rua dos Pinheiros, que ainda serão definidos pela CET, com mais bloqueios nas vias. As esquinas desses cruzamentos receberão ampliação da calçada para oferecer maior segurança nas travessias. Os moradores afirmam que as calçadas já são largas o suficiente, não precisando “invadir” as vias. Por que a prefeita Juliana não ouve ou lê as reclamações reais e fidedignas da Gazeta de Pinheiros? Qual a sua discriminação com a imprensa regional?
A CET diz que mantém monitoramento constante na região e avalia que ... “a intervenção não gerou impacto significativo na fluidez do trânsito na Rua dos Pinheiros...” (veja depoimentos abaixo). Na realidade a CET esqueceu completamente a região oeste e as afirmações de Heloisa Martins, gerente de Segurança de Tráfego, são irreais para quem passa e sofre com o péssimo trânsito no local. Não adianta falar em usar transporte coletivo em uma cidade com poucas linhas de Metrô, superlotados nos horários de pico.
Segundo Maria Silvia Rondi Froio, “o trânsito continua muito ruim. De manhã, não se anda”. Fabio Miloco afirma que “quem tem que trabalhar fora do bairro, como a grande maioria dos moradores, está enfrentando grande dificuldade de circulação na Rua dos Pinheiros e nas vias coletoras”. Silvana Forelli comenta que “os manobristas dos valets param os carros no meio da rua e ficamos com uma faixa para atravessar de carro”.
Marta Catarina afirma: “A calçada da rua dos Pinheiros atende o pedestre muito bem e sem necessidade nenhuma de colocar o pedestre em risco numa faixa no mesmo nível dos carros e tomada de plantas e caixotes pra sentar e apoiar bebida. O convívio era muito pacífico e ordenado até a Prefeitura se mancomunar com os botecos e decidir privatizar informalmente o espaço publico para os amigos”, afirma.
Zé Maria Pereira, da Tasca do Zé e da Maria, viu o número de frequentadores diminuir: “Hoje o movimento caiu. Para mim, prejudicou. Os clientes que levavam 5 minutos da Faria Lima até aqui, agora demoram 25”. E Felipe Moraes argumenta que “só tem bancos de madeira em frente aos estabelecimentos. Caminhar ali é simplesmente impossível”.