Em um futuro retrô, simbolizando o início dos nossos anos 80, um esférico acelerador de partículas, escondido num laboratório subterrâneo, é coordenado pelo físico Russ (Jonathan Pryce) e sua filha (Rebecca Hall). A máquina acabou sem querer “relativizando” o tempo (dependendo da ação do observador) e interconectando de alguma forma os habitantes da fictícia cidadezinha de Mercer, no interior de Ohio. A série sobre relações familiares para refletir e filosofar na Amazon Prime Video, tem um plano de fundo SCI-FI que nos comove profundamente, através do despretensioso roteiro brilhante. São apenas oito episódios fechadinhos, mas que se entrelaçam, surpreendendo positivamente. A primeira temporada de Tales From The Loop (com spoilers), conta com algumas revelações bombásticas em narrativas sutis, sem o típico sensacionalismo barato. Em razão desse Loop, o tempo pode parar ou acelerar rapidamente, alguns corpos podem duplicar ou transmutar. Contudo, Deus age da mesma forma em qualquer lugar porque nada dura para sempre. Apesar do Loop fantástico e a tecnologia avançada de lá, a mudança significativa proposta pela série ocorre sempre dentro de cada um dos habitantes, algumas vezes de pai para filho ou de avô para neto, inclusive nas inteligências artificiais que demonstram uma sensibilidade ímpar. Afinal como diz o médium Divaldo Franco: “Quando a ciência conseguir meios que facultem a reencarnação o Espírito se fará presente” Palm Springs (com spoilers), a comédia romântica politicamente incorreta, indicada ao Globo de Ouro 2021, mistura de, A Morte Te Dá Parabéns com Boneca Russa. Na trama, o bon vivant, Nyles (Andy Samberg) também está preso em um Loop Temporal por vários anos, enquanto participa da celebração do mesmo casamento chato todo santo dia. Em certo momento, o fanfarrão trajado de camisa havaiana e bermuda, acaba levando a caricata irmã da noiva, Sarah (Cristin Milioti) ao Loop Temporal, acidentalmente. Em razão do fatídico dia 9 de novembro se repetir infinitamente na Califórnia, a exemplo do Dia da Marmota, o casal inusitado tenta despistar o tédio corriqueiro, viajando a lugares distintos, a fim de pintar o sete de forma criativa, como se não houvesse amanhã (na verdade não há). Após ser despedido e provocar uma tragédia, Greg Wittle (Owen Wilson) encontra casualmente a moradora de rua, Isabel Clemens (Salma Hayek), a mesma do retrato idílico que ele costuma desenhar todo santo dia. O recente desempregado acaba descobrindo através dela que vive numa simulação computadorizada. Sem notar o transcurso do tempo, o viciado decide viajar por diversas matrizes ilusórias, abastecido de drogas alucinógenas. Isso até o pai de família esquecer da vida real. Uma ideia fantástica que aborda conceitos de ficção científica interessantíssimos, mas sem aprofundá-los devidamente. A típica ideia boa, mal executada. Infelizmente, Bliss - Em Busca da Felicidade, no final das contas, acaba sendo uma comédia romântica hi-tech esquecível, apesar do grande elenco. De qualquer forma, o longa da Amazon Prime Video, aborda reflexões importantes sobre dependência química, por exemplo. Por fim, temos o clássico alemão na HBO GO: Corra, Lola, Corra, que se encaixa muito bem nas narrativas temporais supracitadas. A trama aborda três possibilidades distintas, definidas pelo tropeço ou descuido inicial da protagonista de cabelo vermelho. Uma espécie de efeito borboleta que altera o destino de todos os personagens à sua volta. Em todas as três realidades, Lola (Franka Potente) terá de arrumar 100 mil marcos em exatos 20 minutos para dar ao namorado Manni (Moritz Bleibtreu) entregar à uma quadrilha de contrabandistas ao meio-dia em ponto. Cada história tem 20 minutos, somado aos créditos e a introdução de aproximadamente 20 minutos, totalizando 80 minutos, ou melhor, 1 hora e 20 minutos. A esfera é a forma geométrica perfeita, símbolo de todo universo, por isso temos tantos objetos e numerais redondos no longa dirigido por Tom Tykwer, a exemplo do relógio de parede, o telefone vermelho de disco, a escada em espiral, a roleta e as fichas redondas do cassino. O número místico 7 foi substituído pelo número 20. Isso fica evidente quando Lola ao comprar a ficha de 100 marcos lhe faltam 20 centavos, o mesmo número glorioso apostado insistentemente na roleta.