De acordo com o palestrante espírita Haroldo Dutra Dias a encarnação se ganha na família (stricto sensu). Por esse motivo, Jesus passou 30 anos ao lado da família e apenas 3 dedicado à vida pública. No caso do solitário astrônomo moribundo, Augustine Lofthouse (George Clooney - Boa noite e boa sorte) que habita uma estação de pesquisa no Ártico, inspirada na recém inaugurada estação brasileira da Antártida, a família se resume à companhia da misteriosa garotinha muda, Iris (Caoilinn Springall) que caiu como uma luva do fim da ponte do arco-íris a fim de exorcizar os enrustidos fantasmas do passado do cientista. O Céu da Meia-Noite é o novo longa distópico da Netflix dirigido pelo astro de barba grisalha ambientado em 2049, um mundo impregnado pela poluição, semelhante a do desenho original da Patrulha Estelar e da excelente animação da Pixar Wall-E, cujos habitantes refugiaram-se no subterrâneo e em colônias satélite fora da Terra. Em uma delas, a K-23, iluminada pelo maior planeta do Sistema Solar, Júpiter, responsável por um multicolorido fenômeno celeste que lembra a aurora boreal terrena. Esses terráqueos desavisados da condição caótica insustentável da terra-natal estão ansiosos para rever os entes queridos. A exceção de Sully (Felicity Jones - grávida na vida real) e Adewole (David Oyelowo) que governam a espaçonave Æther, direcionada para lá. O casal está disposto a constituir uma nova família naquela pequena lua de Júpiter. Para a alcoólatra e assassina profissional, Ava (Jessica Chastain) que leva o título do longa da Netflix dirigido por Tate Taylor (A Garota no Trem), a família se limita a mãe hospitalizada, Bobbi, (Geena Davis) a irmã Judy (Jess Weixler) e o mentor que organiza suas missões remuneradas, Duke (John Malkovich). Entretanto, o enredo não convence, tampouco as cenas de ação telegrafadas que apenas ganham fôlego extra nos minutos finais em razão dos diálogos sarcásticos entre o decano Duke, a mercenária Ava Faulkner e o vilão galã, Simon, interpretado por Colin Farrell. Já o ladrão honesto, Tom Dolan (Liam Neeson) que começou a roubar com intuito de ajudar os pais, decide devolver todo o dinheiro maldito para se entregar a polícia e se casar com o amor da sua vida (Kate Walsh). Mais um pitada dessa fórmula barata e eficiente, ideal para as estreias limitadas nos cinemas em tempos de pandemia. Ocorre que os dois agentes corruptos do FBI John Nivens (Jai Courtney) e Sean Meyers (Jeffrey Donovan), tentam se apropriar da grama recheada, originária desses assaltos a banco, enquanto prendem o ex-fuzileiro naval. Legado Explosivo é um sucinto Filme B que mira na ação característica do protagonista, mas acerta nos dilemas morais e psicológicos envolvendo todo o elenco desconhecido, incluindo o notório T-1000 de Exterminador do Futuro 2 Robert Patrick. Por falar em pandemia, também estreou nas telonas: Invasão Zumbi 2: Península. A continuação do mesmo diretor sul-coreano de um dos melhores filmes do gênero, Sang-Ho Yeon, coloca dessa vez o terror genial provocado pelos velozes zumbis guiados por luz e barulho em segundo plano, ofuscados pela divertida perseguição em quatro rodas ao estilo Baby Driver e Mad Max - Além da Cúpula do Trovão, ambientado num cenário isolado do mundo dominado por gangues criminosas. Na trama, uma família acostumada ao apocalipse iniciado há 4 anos após recuperar farta quantia em dinheiro escuso, tenta embarcar num navio antes dos criminosos. Por fim, a nova versão de Pinóquio estreou em 21 de janeiro nos cinemas estrelada por Roberto Benigni como o carismático carpinteiro Gepeto. O boneco teimoso dominado por extintos terá de resgatar o criador e único familiar das entranhas da baleia. Porém o bondoso artesão reluta em sair daquela zona de conforto. Apesar da trama assemelhar-se ao clássico da Disney, a montagem e a edição confundem, misturando sonho e realidade em dispersivos cenários, belos e coloridos, além do excessivo didatismo italiano cujo enredo é mundialmente conhecido. Pinóquio (Federico Ielapi) é carismático, ingênuo e de bom coração, mas evolui através das mazelas da vida demonstrando que o ensino fundamental é fundamental na formação da personalidade e do caráter da criança em oposição aos irresistíveis prazeres mundanos orquestrado por vigaristas de plantão.