18/12/2020 às 19h37min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h20min

Entre no clima de Natal com Trolls 2, Mulan, Mulher Maravilha 1984 e principalmente, A Dama e o Vagabundo e boas festas!  

A pandemia obrigou a DC Comics e a Marvel estrear nas suas respectivas plataformas digitais os mais aguardados blockbusters do ano: Mulan e Mulher Maravilha 1984, independente da bilheteria dos cinemas. A diretora Patty Jenkins optou pela simplicidade mágica dos quadrinhos, a fim de não alterar de modo algum o presente da Liga da Justiça de Zack Snyder. Na trama, ambientada no fim da Guerra Fria, uma pedra dos desejos ressuscita o único amor da vida de Diana Prince, Steve Trevor (Chris Pine), mas acaba criando a arqui-inimiga: Mulher-Leopardo (Kristen Wiig). Ocorre que o amuleto sagrado acabou sendo incorporado por Maxwell Lord (Pedro Pascal), o cômico personagem da HQ: Liga da Justiça Internacional que a própria Mulher Maravilha quebrou o pescoço durante a mega-saga: Crise Infinita agora tenta convencer a desfazer os inúmeros desejos ambiciosos. Uma premissa interessantíssima, alegre e divertida, desprovida de tensão, levando a um clímax manjado e simplório demais, equiparado ao final de Corra Que a Polícia Vem Aí! ao invés do peso dramático da Primeira Guerra Mundial, estampado na face famélica dos britânicos, no longa anterior. O ponto positivo são os diálogos coesos que visam o desenvolvimento e a interação dos 4 protagonistas. A belíssima produção inicia com cenas de ação impecáveis em flashbacks das competições em Themyscira, banhada por águas cristalinas; até os graciosos movimentos oitentistas cadenciados por Gal Gadot, semelhante a um balé clássico russo que deixou as corridas atléticas de Tom Cruise no chinelo. No final das contas, o tragicômico roteiro progressista sem um apreensivo combate à altura da amazona, vilanizou os republicanos: Donald Trump e Ronald Reagan. O presidente harmônico que na verdade acabou com a Guerra Fria em um antológico aperto de mão com Gorbatchov, estampa aqui a face de um lunático que deturpadamente provocou a Terceira Guerra Mundial. Mulan, que estreou dia 4 de dezembro na Disney Plus brasileira, ofusca as geniais soluções criativas da animação, deturpando a personagem encarnada numa super-heroína perfeita, ao estilo Dragon Ball, misturado com O Tigre e o Dragão. O roteiro fraco tira o peso do vilão Böri Khan (Jason Scott Lee) e o carisma dos colegas de infantaria. Além disso, o guardião da família Mulan, o Dragão, Mushu, dublado por Eddie Murphy em 1998, “transforma-se numa pipa-fênix”, sem amparo aparente dos Espíritos Ancestrais. A trama sem alma, da mesma diretora de Terra Fria, Niki Caro, resume-se às fantásticas paisagens chinesas, condizentes ao figurino e às fluidas coreografias de luta para desligar o cérebro e curtir. Com exceção da enigmática relação de amor e ódio entre Hua Mulan (Liu Yifei) e a bruxa Xianniang (Li Gong), símbolo das injustiças machistas da época dinástica, a exemplo de Mulan. Já em Trolls 2 (Trolls World Tour), em exibição nos cinemas, os seres fofinhos de cabelo estiloso, liderados pela emotiva Poppy (Anna Kendrick) e o racional Branch (Justin Timberlake), descobrem conterrâneos da mesma etnia, divididos ao redor do mundo por ritmos musicais, sinalizando que a desigualdade é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver em razão da diversidade dos caracteres e das aptidões. O importante acima de tudo é aturar com sabedoria os desiguais na medida das desigualdades. A trilha sonora novamente é recheada de clássicos como Barracuda e Crazy Train, na voz de Rachel Bloom e do Príncipe das Trevas, Ozzy Osbourne, adaptadas ao charmoso enredo infantil. Para finalizar o ano em clima de Natal está disponível também na Disney Plus: A Dama e o Vagabundo. O live-action ambientado em 1909 corrige as limitações do desenho em 2D, desenvolvendo melhor a bucólica atmosfera arquitetônica da Segunda Revolução Industrial em razão dos trinta minutos adicionais, simbolizado pela charmosa Maria Fumaça onde pernoita o abandonado Vagabundo que apesar de livre, corre o risco diário de virar sabão pelo implacável Homem da Carrocinha. Nesse sentido, temos a cena do romântico passeio de barco a vapor, dessa vez nas proximidades de um bairro de classe média alta de maioria afrodescendente. Já os gatos siameses foram trocados para não ofender o blindado governo comunista chines. Em compensação, a fidedigna cena do jantar à luz de velas emociona ainda mais.


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