10/12/2020 às 22h51min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h20min

Mank - Os Bastidores de Cidadão Kane, inicia a corrida do Oscar

Um dos motivos que elegeu Cidadão Kane o melhor filme de todos os tempos foram os diversos planos longos com profundidade de campo (sem cortes) em até três camadas e com várias ações acontecendo ao mesmo tempo; sem desprezar em outras cenas o enquadramento analítico antigo, direcionando o olhar do espectador à um plano único como se estivesse assistindo uma peça de teatro. A contribuição ao cinema do diretor Orson Welles de apenas 25 anos pode ser comparada (visualmente) à evolução dos videogames de 2D para 3D. Indicado a 9 Oscars, Cidadão Kane, faturou apenas o Melhor Roteiro Original, graças à campanha difamatória promovida pelo magnata do jornalismo William Hearst no qual o longa se inspirou levemente. Na trama, o empresário arruinou o primeiro casamento ao ter se apaixonado por uma dançarina que em pouco tempo também o abandonou, afogando-o em lágrimas enrustidas, acompanhado somente de uma montanha de dinheiro. O fim da infância de Charles Foster Kane confunde-se ao início da sua ambição desenfreada por dinheiro e poder, a partir do abandono do inferrujável trenó celeste predileto, ao passo que na mesma cena, a mãe ratificava a adoção do menino superdotado a um taciturno empresário materialista, afastado dos verdadeiros prazeres da vida. Depois de O Irlandês e Roma com 10 indicações ao Oscar, a Netflix lança outra aposta noir, tecnicamente impecável, retratando a curta carreira do ébrio roteirista, interpretado por Gary Oldman, disposta a agradar a velharia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas outra vez. O brilhante roteirista de Cidadão Kane e O Mágico de Oz, Herman Mankiewicz, protagoniza discursos efusivos sobre a loucura de Dom Quixote e a diferença inexistente entre socialismo e comunismo, acompanhado do dono do estúdio MGM, Louis B. Mayer (Arliss Howard) em suntuosos jantares. Época dos saudosos bastidores da era de ouro de Hollywood durante a crise de 1929 que durou mais de 15 anos, somado a agradáveis conversas com a fogosa atriz à lá Marilyn Monroe, Marion Davies (Amanda Seyfried), além da prestativa enfermeira Rita Alexander (Lily Collins) que o auxiliou enquanto estava com a perna engessada. Apesar de alcoólatra, comunista e intransigente, Mank repatriou centenas de judeus vindos da Alemanha. O competente diretor David Fincher (Clube da Luta) realizou a vontade do pai concluindo sua nova obra cinematográfica com uma polêmica desnecessária ao colocar Orson Welles (Tom Burke) no patamar de um vilão maniqueísta ao invés do magnata William Randolph Hearst (Charles Dance), enquanto Mank, aos desavisados, representa aqui, uma pobre vítima injustiçada em razão do nome, a princípio, não constar nos créditos extras; prática comum firmada em contrato até o limiar dos anos 1970, marcado pela estreia de O Poderoso Chefão, um dos melhores filmes de todos os tempos, também. O beberrão insatisfeito, que morreu em 1953, recebeu cerca de 90 mil dólares (corrigido monetariamente) pela elaboração do excelente roteiro, revisado por Welles sete vezes, quantia bastante superior aos padrões da época. Há 30 anos chegava ao fim a saga da família mais famosa do cinema e para comemorar o diretor Francis Ford Coppola lançou nos cinemas dia 4 e nas plataformas digitais dia 8 de dezembro uma versão mais enxuta com menos flashbacks, enfatizando a corrupção no Vaticano. O lado romântico, alegre e festivo da família Corleone representa todos os imigrantes italianos que desembarcaram no continente americano, incluindo o Brasil, ainda um país agrário movido a trabalho duro e pesado. Antes de investir em jogos de azar (a exemplo do “Cassino”, de Scorsese), o jovem órfão, Vito Corleone (Robert De Niro), possuía um pequeno comércio de azeite, ao contrário do filho, Michael (Al Pacino), outrora um desencanado herói honesto da segunda guerra que sob violenta emoção assume abruptamente os negócios escusos do pai (Marlon Brando) nos anos 1940. Na sequência, após a perda dos cassinos da Ilha cubana para os comunistas em 1958, o novo padrinho duas décadas depois, homologa um acordo bilionário com o Vaticano (corrigido monetariamente), além de eliminar  concorrentes e narcotraficantes do seu caminho a um custo familiar impagável. O Poderoso Chefão 3 - Desfecho: A Morte de Michael Corleone está disponível no Now enquanto toda trilogia clássica está disponível no Telecine, Prime Video, Netflix e também no Now


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