Não foram poucos os anos dedicados ao combate ao crime organizado no Brasil. Quando se fala em organização criminosa em nosso país, logo vêm à mente duas imagens: a primeira, das facções prisionais; a segunda, das grandes empresas corrompendo e sendo corrompidas pelo Estado. E, a propósito, é bom lembrarmos da antiga “Galeria Pagé”, reduto do contrabando, da falsificação e de produtos roubados em São Paulo. Porém a realidade é bem diferente, pois era o combate ao mercado ilegal de produtos em geral, normalmente de luxo ou eletrônicos falsificados, vendidos a 70% abaixo do preço em lojas regulares, como confirma Marcio Sergio Christino, Procurador da Justiça Criminal do Ministério Público de São Paulo. E mais, destacamos: A conivência social em relação aos produtos falsificados, uma “Lei de Gerson”, ou levar vantagem em tudo. E o mundo das falsificações, do contrabando, é bem mais aterrador. É a exploração, a escravização da mão de obra. Os métodos são ortodoxos: violência e coação extremas para maximizar o lucro em razão do baixo custo da produção. Na verdade, não há diminuição de custo sem exploração. Em segundo lugar, o capital investido é ampliado e revertido para dar base a outras atividades criminosas. O que o consumidor não vê é o preço social que ele paga para justificar uma compra ilícita. O. Donnini, Jornalista e advogado