18/09/2020 às 11h14min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h24min

Armas, milicianos e violência 

Estamos observando o surgimento nos Estados Unidos de um fenômeno que há anos aflige o Brasil: as milícias. Neste artigo, me socorro do colega norte-americano Larry Rohter, quando este afirma: “O incidente mais recente nos Estados Unidos, em Kenosha, uma cidade de 100 mil habitantes, no Estado de Wisconsin, envolve um negro de 29 anos, Jacob Blake. Pai de três filhos, sem portar arma, foi baleado várias vezes nas costas pela polícia, em plena luz do dia, na frente dos filhos, e agora está paralítico. Dias depois, Donald Trump, o presidente “amigo dos policiais”, em vez de tentar confortar a família Blake, ou amainar os ânimos, reuniu-se com policiais e declarou: “O povo de nosso país ama vocês”. Ainda nessa pequena cidade norte-americana, um miliciano de 17 anos matou dois manifestantes na rua e alegou autodefesa. O presidente Trump o apoiou também. A conivência da polícia com milicianos é aberta: a população local deu garrafas d’água aos justiceiros e vários cidadãos disseram: “Obrigado, caras, admiramos o que vocês estão fazendo”. E devido à segunda emenda da Constituição norte-americana, que permite o direito do povo americano de manter e portar armas, direito esse que não deve ser violado, é legal andar pelas ruas ostentando fuzis. No Brasil, por sua vez, há um fenômeno muito comum, que há vários anos suportamos: as milícias. Sempre de extrema direita e incentivadas pelo presidente Jair Bolsonaro, grupos de homens brancos, fortemente armados (muitos deles ex-soldados ou policiais aposentados), intimidam, invadem recintos legislativos e se oferecem para “proteger” edifícios em zonas que viraram conflitivas. Há evidente similitude entre esses presidentes nesse quesito, e eles não são um exemplo a ser seguido, tanto é certo que o governo Bolsonaro tem buscado abrandar as restrições sobre a posse e o porte de armas no Brasil, o que vem sendo obtido, fato esse que representa um desastroso momento de extremo perigo. Nosso presidente copia, na realidade, atos deploráveis de seu colega norte-americano e, naquele país, as milícias vão se firmando, como ocorre, infelizmente, aqui. O. Donnini, jornalista e advogado


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