09/11/2018 às 15h54min - Atualizada em 05/05/2021 às 10h03min

Grupo quer conhecer a sua história com o Largo da Batata

Resgatar histórias pode estar muito além dos livros. Cada um de nós contém inúmeras situações, cenários e pessoas que nos formam. O Largo da Batata é um lugar que concentra um grande número de acontecimentos, seja na vida da cidade de São Paulo ou na sua. O projeto “Cadê o bonde que passava aqui?” do coletivo Foi à Feira fará uma tarde de escuta e de atividades no Largo da Batata pra saber o que você tem pra falar sobre esse espaço. A sua primeira ação e ocupação do Largo acontece no sábado (10), das 11h às 15h, e contará com uma mesa de produção de cartazes feitos de carimbo, uma urna de memórias anônimas e uma ação de registro em vídeo para aqueles que quiserem fazer parte do vídeo documentário que será produzido ao longo do projeto. O coletivo aprovou no ProAc Editais da Secretaria de Governo do Estado um projeto de resgate à memória do Largo da Batata. “É um projeto de pesquisa que irá resultar em uma produção de obras artísticas, fotografias históricas, testemunhos, textos e entrevistas que serão apresentadas ao público no primeiro semestre de 2019, em um Bonde Monumento, montado sobre os trilhos instalados no Largo em sua inauguração em 2013”, afirmam. A Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais conversou com Clarissa Ximenes para saber um pouco mais sobre o evento. Gazeta de Pinheiros - O que é o Coletivo Foi à Feira? Clarissa Ximenes - Coletivo dedicado à produção e experimentação gráfica e literária por meio de fanzines e intervenções urbanas, o Foi à Feira surgiu em 2009 em Vitória (ES) e ganhou em 2017 uma nova reconfiguração na cena paulistana. Voltado à ações culturais realizadas em espaços públicos, o coletivo reúne jovens artistas, comunicadores e militantes interessados em criar e publicar conteúdo autoral e político fora das amarras do meio comercial. As “Tábuas de Carne”, como são chamadas tais ações criativas, são pequenos happenings culturais voltadas a estabelecer um campo abrangente de ações a partir de experiências gráficas, literárias e visuais que intensificam as relações afetivas de atores culturais e o público em geral. GP - Quais projetos vocês estão desenvolvendo? CX - Atualmente o coletivo está apenas com o projeto Cadê o bonde que passava aqui? e com ações educativas e de formação pontuais. GP - Como é o projeto Cadê o bonde que passava aqui? CX - O projeto se caracteriza como um processo de pesquisa e criação sobre a história do Largo da Batata. Trata-se de uma imersão na memória coletiva, popular e institucional deste local a fim de tornar público - através da produção de um vídeo doc, de uma exposição de arte e das ações de ocupação urbana - as tantas histórias da região. Todos os processos estão sendo pensados a partir de uma metodologia de escavação, ou seja, estamos compreendendo todas as mudanças urbanísticas e culturais do Largo da Batata como uma processo de sedimentação, onde o tempo e a arquitetura são fatores principais para a mudança da paisagem e da cultura deste bairro. Portanto, essa é uma pesquisa artística pautada em processos de arqueologia e escavação, porém arqueologia e escavação da memória deste espaço. GP - Por que vocês escolheram o Largo da Batata como centro de suas pesquisas? CX - Somos frequentadores do Largo há bastante tempo. Como bons observadores pudemos acompanhar e identificar uma série de rápidas mudanças do local e seus arredores. A especulação imobiliária advinda da operação urbana, possibilitou uma profunda mudança na paisagem, na cultura e na vocação da região. Certo dia observamos os velhos trilhos que foram instalados na grande praça do Largo na ocasião de sua inauguração. Esses trilhos funcionam como uma espécie de elogio à memória da região, que abrigava algumas das primeiras linhas de bonde de São Paulo no início do século XX. Ficamos nos perguntando então qual seria a história por trás daquele pedaço de trilho, que não levava nada a lugar nenhum. Esta inquietação toda veio em forma de pergunta e o projeto surgiu. Descobrimos que havia uma vontade por parte do poder público de instalar um bonde sobre esses trilhos, em homenagem a esta história do bairro. Porém isso nunca foi feito. Com o projeto, pretendemos revelar a história do largo, criar um acervo de imagens, vídeos, depoimentos e histórias, que serão exibidas na exposição dentro do Bonde Monumento que construiremos no primeiro semestre de 2019. Todo este material também estará acessível no site: cadeobonde.com GP - Quais atividades vocês pretendem exercer no local? CX - O projeto todo é pautado na escuta. Qual será a memória coletiva deste bairro? Queremos conhecer as pessoas que frequentam o Largo, que moram, que trabalham e há quanto tempo os fazem. Queremos saber das suas histórias, essa é a matéria prima do projeto. Para isso, realizaremos frequentemente algumas tardes de ocupação e escuta no Largo da Batata com as "Tábuas de Carne". Vão ser atividades lúdicas e criativas, coleta de entrevistas, testemunhos e oficinas. Tudo isso será utilizado para compor esse acervo visual, fazer o documentário e produzir um Jornal do Bonde. Na ocasião da exposição, faremos bastante ativações dos conteúdos com o público, como conversas com moradores antigos, exibição de filmes, etc. GP - Vocês estão tendo o apoio do poder público? CX - Sim, conseguimos aprovação do projeto pelo ProAC editais de obras e exposições. É um programa de apoio à cultura do Governo do Estado de São Paulo, portanto temos verba para a realização - ainda mais que restrita - de todo o projeto. Estamos também tentando parcerias com comerciantes da região, em forma de apoio. Como madeireiras, locadoras de equipamento audiovisual, gráficas etc.


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