19/09/2024 às 23h04min - Atualizada em 19/09/2024 às 23h04min

​Ineficiente e negligenciado, projeto de despoluição do Rio Pinheiros permanece símbolo de fracasso

O Rio Pinheiros, um dos principais cursos d'água de São Paulo, há muito sofre com a poluição. Iniciado em 2019, o programa "Novo Rio Pinheiros" prometia despoluir o rio até o final de 2022. Contudo, essa meta ambiciosa não foi alcançada, revelando a ineficiência do poder público e a negligência da iniciativa privada.

Depósito de resíduos
Desde a retificação do rio Pinheiros, iniciada em 1928 e finalizada nos anos 1950, o rio se tornou um depósito de resíduos industriais e domésticos, sendo classificado como Classe 4 pelo Decreto Estadual nº 10.755/77. Isso significa que suas águas são inadequadas para consumo ou qualquer uso recreativo, servindo apenas para navegação e paisagismo.

Nada atingiu resultados esperados
A despoluição do rio Pinheiros sempre foi uma prioridade nas agendas políticas, mas raramente passou do papel. O projeto "Novo Rio Pinheiros", coordenado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, envolvia a coleta e tratamento de esgoto, desassoreamento e revitalização das margens. No entanto, segundo especialistas como a bióloga Marta Marcondes, a obra não atingiu os resultados esperados. Em entrevista ao portal 'Terra Brasil Notícias', Marta afirmou que “a obra não surtiu efeito na qualidade da água do rio”, ressaltando que dados oficiais são mascarados por procedimentos como a injeção de oxigênio nas águas.
A realidade é ainda mais alarmante quando se considera os dados de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que em alguns pontos ultrapassam 90 mg/l, muito acima do limite aceitável de 30 mg/l. Esses números são contestados pelo governo, mas monitoramentos independentes indicam que o rio continua recebendo esgoto sem tratamento adequado.

Sabesp foi condenada
A negligência da iniciativa privada também é um fator crítico. Empresas são responsáveis por grande parte do despejo de resíduos no rio, mas pouco tem sido feito para responsabilizá-las. As Unidades Recuperadoras (URs) da Sabesp, como a UR Antonico no Morumbi, são apontadas como ineficazes e causadoras de problemas adicionais, como odor fétido, vazamento de resíduos tóxicos nas ruas adjacentes e despejo de suas águas no poluidíssimo Córrego Pirajussara, que tem sua foz no Rio Pinheiros.
Além disso, a Sabesp, principal empresa de saneamento do estado, foi condenada pelo Tribunal de Justiça por desmatamento ilegal, mas continua alegando que suas operações estão em conformidade com os requisitos legais. A empresa afirma que conectou mais de 650 mil imóveis à rede de esgoto, mas a eficácia dessas medidas é questionável, dado o contínuo estado de poluição do rio.
A despoluição do Rio Pinheiros é um exemplo flagrante de ineficiência governamental e negligência corporativa. Enquanto projetos são lançados com grande pompa e circunstância, a realidade nas margens do rio continua a ser de descaso e poluição. O Pinheiros ainda espera por uma solução efetiva que traga de volta a vida e a saúde às suas águas.

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