O contador de bicicletas instalado na Faria Lima ratifica o crescimento do número de usuários de bicicletas na Capital. Porém, entidades ligadas ao cicloativismo estão preocupadas com o estado de conservação de algumas ciclovias. Assim, foi lançado o projeto Auditoria Cidadã pretende expor as condições da rede cicloviária da cidade. Segundo a Ciclocidade, responsável junto com o Banco Itaú (patrocinador das bicicletas laranja de empréstimo) pelo projeto, as ciclovias e ciclofaixas “há quase dois anos não recebem nem um investimento em manutenção”. Em nota, a entidade afirma que “o projeto faz uso do Índice de Desenvolvimento Cicloviário- IDECiclo, criado pela organização pernambucana Ameciclo. O índice estipula uma série de critérios relacionados à segurança e proteção à vida de quem ocupa as vias para ciclistas, levando em conta fatores como a velocidade, a disposição da faixa, sinalizações e iluminação, entre outros”. Até o final do mês, 50 ciclistas estarão nas ruas analisando tecnicamente as estruturas à disposição, o que resultará em um “dossiê com as condições reais da nossa malha cicloviária”. A ideia é “protocolar junto à Secretaria de Mobilidade e Transportes, à CET e à comissão de elaboração do Plano de Segurança Viária como contribuição da sociedade civil à segurança de ciclistas nas ruas”. Os relatos de ciclistas estarão conectados pela hashtag #CicloAuditoriaSP. Plano Cicloviário Quando a Prefeitura apresentou o Plano Cicloviário, a Ciclocidade afirmou possui “desapontamento e surpresa com a maneira pela qual foi conduzido o processo interno de elaboração” do documento. Segundo a entidade, “a Prefeitura optou por desenhar e anunciar a revisão a portas fechadas”. “Mais do que planos, buscamos garantias orçamentárias. Nos anos de 2017 e 2018, a Prefeitura não executou o orçamento previsto para a manutenção de ciclovias e não tem se mostrado capaz de manter a infraestrutura existente. É essencial que a gestão sinalize qual será a previsão de recursos encaminhada pelo Executivo à Lei Orçamentária Anual (LOA) de modo a implementar o plano, uma vez que a LOA entrará em discussão em breve na Câmara dos Vereadores”, afirmaram em nota. A Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais entrou em contato com a Ciclocidade para saber mais sobre a auditoria e a situação das ciclovias de São Paulo. Gazeta de Pinheiros - Como será feita a análise de cada ciclovia? Será documentada? Ciclocidade - As auditorias estão sendo feitas com base no IdeCiclo, o Índice de Desenvolvimento cicloviário criado pela associação Ameciclo e revisado para a auditoria em São Paulo. Para a capital paulista, mais cinco fatores de análise foram acrescentados. O relatório originário do índice pode ser consultado aqui: https://drive.google.com/file/d/0BzQ5vNvMmIF4NWtSaFluUEE5cHM/view GP - Como o processo será finalizado? Ciclocidade - Haverá um relatório com os dados levantados ao longo do mês. E este por sua vez será entregue à prefeitura, órgãos competentes e disponibilizado à sociedade civil. GP - O levantamento final será levado a alguém? Ele foi solicitado por alguma entidade? Ciclocidade - Sim. O projeto é uma parceria entre a Ciclocidade e o Banco Itaú como forma de pressionar e fomentar políticas públicas de proteção a vida dos ciclistas através de estruturas adequadas ao deslocamento em bicicleta com segurança. GP - Há algum compromisso da Prefeitura em atuar nas falhas encontradas? Ciclocidade - O relatório final do projeto Auditoria Cidadã será um documento que municiará a Prefeitura de SP, uma contribuição da sociedade civil para a construção de uma política pública de manutenção das ciclovias mais certeira, tendo como foco o olhar do usuário. O compromisso da Prefeitura é com o cidadão e com os planos já anunciados, lembrando que no mês passado a própria Prefeitura declarou haver um caixa de aproximadamente R$ 30 milhões para o novo plano cicloviário. GP - Quais são os principais conquistas e os principais desafios para quem anda de bicicleta em São Paulo? Ciclocidade - A malha cicloviária da capital paulista é uma conquista enorme da sociedade e é fruto de reivindicações antigas. Manter as condições de segurança e ampliar de forma a conectar estas estruturas é o foco deste projeto. GP - A Prefeitura tem recebido os ciclistas para alinhar planos e debater as questões que envolvem a cidade? Ciclocidade - Desde o anuncio do novo plano sem a participação dos ciclistas, a prefeitura tem buscado ouvir o movimento e a sociedade civil através da Câmara Temática de Bicicleta e de audiências públicas. Mas o diálogo ainda não é constante e é preciso atentar que os anúncios oficiais feitos até agora não contaram com a participação dos ciclistas e não são adoçados pelos mesmos. GP - O investimento nas ciclovias na cidade está a contento? Como e o que devem ser melhorados? Ciclocidade - Não, muita coisa ainda precisa ser melhorada, a começar pelo diálogo com quem usa a bicicleta e é ponto central desta discussão.
