24/08/2023 às 23h48min - Atualizada em 24/08/2023 às 23h48min

​Parque Villa-Lobos: do lazer à dor de cabeça para os moradores vizinhos

Desde setembro de 2022, os Parques Villa-Lobos e o Candido Portinari estão sob administração da concessionária “Reserva Parque”. A empresa tem realizado inúmeras e grandes atrações nos locais, o que está impactando negativamente com os moradores dos bairros vizinhos. Alegam aumento desproporcional no número de visitantes e falta de estrutura adequada, pelos milhares de frequentadores, principalmente aos finais de semana. As entidades e associações dos bairros, como a Sociedade Amigos do Bairro City Boaçava e a SAAP- Ass. dos Amigos do Alto de Pinheiros informam também, que a concessionária não está seguindo o ‘Plano Diretor dos Parques’, e que não conseguem serem ouvidos no ‘Conselho Consultivo dos Parques’, e que os seus pedidos tem sido ignorados. Criticam veementemente o Governo do Estado e a ‘Reserva Parques’.

Depoimento aponta problemas
“Veja o nosso bairro de Boaçava, o absurdo que estão fazendo: sem estrutura, sem planejamento, sem condições de suportar os eventos que o Parque Villa Lobos promove. Uma destruição de um bairro residencial  Vamos mostrar à população o que Governo do Estado está permitindo em comum acordo com a Prefeitura. Vai custar muito caro! A Marginal Pinheiros e a Av. Queiroz Filho, aos sábados e domingos estão totalmente congestionadas. Música muito alta nas ruas e estacionamento irregular sobre as calçadas e nas guias rebaixadas, nas frentes das garagens das residências”, concluem os dirigentes da Soc. Amigos do Bairro City Boaçava.
Questionada se há trabalho de fiscalização e organização no trânsito local, como também sobre a poluição sonora a Prefeitura não retornou até o fechamento desta edição. 

O Governo do Estado informa
“Importante esclarecer que os eventos com expectativa de mais de 5 mil pessoas, 10 mil m² e com prazo acima de 30 dias, são submetidos à aprovação do Conselho Consultivo do Parque e passam pela avaliação de impacto sonoro pela Prefeitura. Quanto ao orquidário, a concessionária ficou como responsável pela remodelação do espaço”. Segundo as entidades, elas não estão sendo ouvidas e atendidas dentro do Conselho, apesar da insistência nas reivindicações.

Manutenção e investimentos são questionados
Um artigo aponta ainda falta de manutenção em alguns espaços do parque. O texto (que pode ser acessado em https://outraspalavras.net/outrasmidias/sp-como-morrem-os-espacos-publicos/) também questiona algumas escolhas feitas pela nova administração.
Dentre os pontos levantados estaria uma ausência de investimento, manutenção e melhorias nas áreas públicas de piqueniques. Outro questionamento é sobre o espaço onde houve a instalação do “”Cirque du Soleil”, que teria sido cimentado, onde antes havia um espaço verde destinado ao uso público. A Sociedade Amigos do Boaçava ainda questiona ausência de manutenção e investimento no espelho d’água, próximo à biblioteca e no orquidário.

Concessionária afirma seguir legislação. Moradores contestam
“A concessionária responsável pela gestão do parque Villa-Lobos atua seguindo estritamente a legislação vigente e o contrato de concessão. No caso de eventos, de acordo com o porte, além da aprovação do conselho do parque – paritário, composto por representantes da sociedade civil - o proponente necessita de licenças obrigatórias da Prefeitura, entre às quais da CET. A equipe também acompanha, com decibelímetros, os ruídos produzidos a fim de verificar o cumprimento das regras estabelecidas”.
Os moradores retrucam as afirmações, pois as falhas são gritantes quanto ao aumento desproporcional do trânsito, infrações e abusos de motoristas que não respeitam as sinalizações, e pedestres que usam as praças como sanitários públicos ao ar livre e destroem as áreas verdes. Perguntam por que a CET está falhando (?), o Conselho do Parque não avalia bem os eventos e os ruídos estão fora dos limites permitidos pelo PSIU.
“Com relação ao trânsito, de acordo com o edital, a equipe gestora monitora e realiza melhorias para minimizar o impacto na região. Neste mês um novo recuo destinado às paradas de carros por aplicativos foi aberto na entrada principal, por exemplo. Nos eventos, a operação do estacionamento também é alterada, com medidas como ‘papa fila’ a fim de dar agilidade a entrada e saída de veículos”.
Novamente os moradores e entidades explicam que o que está sendo feito é muito pouco em relação ao aumento desproporcional no número de veículos. “Recuos”, “operação estacionamento” não resolvem estas questões.
“Atribuir a atual administração a responsabilidade por demandas históricas do parque, com soluções e revitalizações já previstas no contrato de concessão, a exemplo do orquidário. A biblioteca nunca fez parte da área de concessão. Ignora o fato dos parques sempre receberam shows e espetáculos. A área destinada ao ‘Cirque du Soleil’, também citada no texto, foi projetada e utilizada ainda sob gestão pública. Quanto ao orquidário, a concessionária ficou como responsável pela remodelação do espaço. Em relação ao espelho d’água, ele está passando por manutenção e está sob responsabilidade da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativa, sendo gerida pela Organização Social SP Leituras”.

SAAP também se posiciona
A Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais também conversou com representantes da SAAP-Associação dos Amigos do Alto de Pinheiros, sobre o tema.
Gazeta de Pinheiros Qual é o posicionamento da SAAP sobre o aumento de frequentadores? A região foi afetada?
SAAP - “Ao termos muitas atrações trazidas pela concessionária ‘Reserva Parques’ o número de carros aumentou muito principalmente nos finais de semana com os horários de fechamento as 23 h. A Av.Prof Fonseca Rodrigues está intransitável nos finais de semana e carros estacionados por todos os lados.
GP - Os ruídos causados pelos eventos causam transtorno aos moradores locais?
SAAP - Como a concessionária não está seguindo o ‘Plano Diretor dos Parques’, ela está colocando shows e atrações por todo lado. Os condomínios de prédios vizinhos e as casas da City Boaçava, estão sofrendo constantemente há mais de 1 ano, todo esse excesso de eventos.
GP - A Associação mantém contato com a administradora do local para amenizar possíveis problemas?
SAAP - As associações como a SAAP, Condomínio Ilha do Sul, Sociedade Amigos da City Boaçava são conselheiras dos parques, desde o início do ‘Conselho Consultivo’ de cada um. Estamos presentes uma vez por mês, na reunião do Conselho com o ‘Reserva Parques’ ,e com os representantes da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o que nos leva a vetar eventos e pedir informações, além de levar enquetes realizadas online, para conhecimento de todos. Infelizmente não estamos conseguindo sermos ouvidos, inclusive nas ocasiões mais problemáticas onde nossas sugestões e pedidos não são acatados.

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