27/07/2023 às 23h44min - Atualizada em 27/07/2023 às 23h44min

​O Novo (‘Velho’) Rio Pinheiros não melhora a poluição e sujeira

Lançado em 2019 e uma das prioridades de marketing político do Governo João Doria, o “Novo Rio Pinheiros” foi coordenado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente e visava a despoluição do rio, integrando-o de volta à cidade. Essa ação multimilionária ocorreu supostamente com a pequena expansão da coleta e tratamento irregular por ‘usinas’ de tratamento nos córregos,  desassoreamento e aprofundamento do rio, que não foram feitos; coleta e destinação dos resíduos sólidos (muito criticado pela comunidade, pela falta de cuidado e despejo de esgoto e detritos pelas ruas) e revitalização das margens, promessa que sempre vai ficando em segundo plano e nada foi realizado. Engenheiros, biólogas e ambientalistas afirmam que dados oficiais  apresentados, não apresentam uma melhora significativa na qualidade de suas das águas, após a implementação do programa. Governo ‘sempre’ contesta argumentos e apresenta dados favoráveis, que não são confirmados em toda a extensão do rio, que continua recebendo esgoto puro dos seus afluentes.

Obra não surtiu efeito
Em entrevista ao portal ‘Terra Brasil Notícias’, a bióloga Marta Marcondes, que coordena o projeto “Volta Pinheiros”, afirmou que “a obra não surtiu efeito esperado na qualidade da água do rio”. A matéria aponta para 532 mil pontos onde o esgoto era lançado em 24 afluentes, sem tratamento. De acordo com Marta, a realidade é “mascarada”, pois “a qualidade da água apresenta melhora nas análises do governo estadual porque é lançado oxigênio no leito”. A Universidade de São Caetano do Sul junto com a bióloga, monitoram o Rio e o ‘Índice de Poluentes Hídricos’.

DPO supera a marca de 90mg/l
Segundo o texto, bióloga contesta os índices do governo. “O que eles dizem é que está abaixo de 30 ml/l. Monitoramos e sabemos que essa não é a realidade. A DBO, em alguns pontos, chega a superar a marca de 70 mg/l e 90 mg/l”.

Produtos químicos e microrganismos
A matéria ainda aponta que “a água do rio Pinheiros ainda conta com uma quantidade significativa de microrganismos, causadores de doenças e produtos químicos que acabam sendo despejados na água”.

Governo afirma melhora
A CETESB, agência ambiental , informou que o Rio Pinheiros atingiu recorde de melhoria na qualidade da água, de acordo com o monitoramento que é feito desde a década de 1970, no trecho da Usina Elevatória de Pedreira.

Especialistas explicam as falhas
O engenheiro civil Ivan Carlos Maglio, Doutor em Saúde Pública e Pós Doutor em Planejamento Urbano e Mudanças Climáticas pelo Centro de Síntese Cidades Globais do IEA – USP, explica: “A informação do engenheiro Jose Eduardo W. de Cavalcanti cita o que deveria ser feito. Em artigo recente publicado na página do ‘Instituto de Engenharia’, Cavalcanti analisou a concepção dessas Unidades Recuperadoras, para colocar suas águas em um nível pelo menos de Classe 4 de qualidade, para poder de fato contribuir para a qualidade das águas do Rio Pinheiros.
https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2021/10/27/por-jose-eduardo-w-de-a-cavalcanti-a-concepcao-de-tratamento-das-urs-unidades-recuperadoras-da-qualidade-das-aguas/

Caráter apenas orientativo 
Cavalcanti cita ainda que “Como o anteprojeto ofertado pela Sabesp teve caráter apenas orientativo, as empresas contratadas se puseram a desenvolver os projetos definitivos com base nas suas supostas ‘expertises’ desvinculando-se da Sabesp, porém sujeitos à aprovação da Cetesb, para emissão das respectivas licenças de instalação”. Especialmente esse trecho e na sua conclusão, coloca um grande problema não solucionado pelo ‘Programa Novo Rio Pinheiros’. “A preocupação que fica, é sobre a ausência de tratamento que teria de ser dado ao lodo químico, e principalmente aos lodos biológicos excedentes, estimados em 60 ton/dia a 20% de sólidos em suspensão, uma vez que os projetos previram apenas a desidratação em centrífugas do lodo tal e qual, isto é, sem estabilização, conforme confirmado pela Sabesp em ‘live’ da ABES em setembro do ano passado.”

Manuseio e transporte de resíduos tóxicos
“Este receio é ainda mais preocupante quando se sabe que o manuseio e transporte destes resíduos, incluindo também material gradeado, areia e óleo separados no tratamento preliminar, se darão em áreas intensamente habitadas podendo provocar incomodidade na forma de desprendimento de odores com o risco de se criar um impasse de ordem sanitária”. Denúncias dos moradores do Morumbi, informam que a UR-Antonico é uma verdadeira ‘usina de esgoto’, que está criando muitos problemas de odor fétido e produtos químicos na área, além de transportar resíduos, que frequentemente ‘vazam’ pelas ruas e áreas de feiras livres. 

Depoimento aponta possível problema
“A UR Antonico trata só 20% da água do Córrego Antonico, e joga atualmente no Córrego Pirajuçara (que está totalmente poluído e exala um odor e esgoto por toda avenida Eliseu de Almeida, com ausência de chuvas). O que adianta tratar e jogar em outro rio poluidíssimo que deságua no Rio Pinheiros). Dinheiro jogado fora de mais de $100 milhões e a manutenção de uma Usina que está dando muitos problemas para os vizinhos e grande parte da região do Morumbi”, informam moradores vizinhos à UR Antonico Sabesp condenada pelo TJ
A Sabesp foi condenada pelo Tribuna de Justiça por desmatar um bosque com centenas de árvores frondosas, mas reitera que a obra e o processo de licenciamento atendem a todos os requisitos legais e ambientais e, por isso, vai recorrer da decisão judicial.

Córrego Pirajussara poluidíssimo
Em relação ao Córrego Pirajussara, a Sabesp informa que, os últimos cinco anos, a região recebeu obras de implantação de infraestruturas de esgotamento sanitário, o que resultou no tratamento do esgoto de mais de 231 mil moradias.
Nas margens do Pirajussara, informam especialistas, há diversas comunidades com milhares de moradores, com esgotamento sanitário diretamente no córrego, além de receber o poluído Córrego Poá, que vem com suas águas turvas e sujas dos municípios de Embu das Artes e Itapecerica. O odor de esgoto por todas a Avenida Eliseu de Almeida (Pirajussara) é um dos maiores motivos de reclamações dos moradores e comerciantes da área. “É nestas águas poluidíssimas e esgoto puro, que o Córrego Antonico supostamente tratado, deságua e vai para o Rio Pinheiros”.

Usinas na foz e não no meio
Estações de Unidade de Recuperação deveriam ser instaladas na foz de cada um, para uma possível melhora e sucesso do Programa “Novo” (hoje ‘Velho’) Rio Pinheiros, concluem engenheiros e ambientalistas.

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