14/07/2023 às 00h39min - Atualizada em 14/07/2023 às 00h39min

​Projeto ‘Novo’ Rio Pinheiros não resulta em melhorias e poluição e lixo voltam nas margens

Lançado em 2019 e uma das prioridades do Governo de São Paulo, o 'Programa Novo Rio Pinheiros', coordenado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, visaria a despoluição do rio, integrando-o de volta à cidade, mas não é o que está acontecendo, segundo engenheiros e especialistas do setor. Mostra que a mudança da administração estadual, e suas prioridades são esquecidas ano a ano e milhões de reais jogados na 'lata do lixo’. Moradores reclamam do cheiro de esgoto que voltou forte, com a ausência de chuvas, o aumento de lixo em suas margens, o que confirma que as usinas de tratamento dos seus córregos e represas, são totalmente inoperantes, feitas somente para 'visualização com interesses políticos’, sem nenhum resultado positivo para a melhoria do rio.

Depoimentos apontam problemas
“Cheiro de esgoto forte emana do Rio Pinheiros com a falta de chuvas. Mostra que a poluição continua e o processo do 'Novo Rio Pinheiros', melhorou, mas não resolveu e continuam com a UR Antonico e todas as outras, que não fazem nenhum efeito de melhora, pois deságua no Córrego Pirajuçara, totalmente poluído…”W.L.
“A UR Antonico trata só 20% da água do Córrego Antonico, e joga atualmente no Córrego Pirajuçara (que está totalmente poluído e exala um odor e esgoto por toda avenida Eliseu de Almeida). O que adianta tratar e jogar em outro rio poluidíssimo que deságua no Rio Pinheiros?. Dinheiro jogado fora de mais de $100 milhões e a manutenção de uma usina que está dando muitos problemas para os vizinhos e grande parte da região do Morumbi.” A.C.

Ambientalista aponta problema
O engenheiro civil Ivan Carlos Maglio, Doutor em Saúde Pública e Pós Doutor em Planejamento Urbano e Mudanças Climáticas pelo Centro de Síntese Cidades Globais do IEA – USP, explica: “A informação do engenheiro Jose Eduardo W. de Cavalcanti cita o que deveria ser feito. Em artigo recente publicado na página do ‘Instituto de Engenharia’, Cavalcanti analisou a concepção dessas Unidades Recuperadoras, para colocar suas águas em um nível pelo menos de Classe 4 de qualidade, para poder de fato contribuir para a qualidade das águas do Rio Pinheiros.
https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2021/10/27/por-jose-eduardo-w-de-a-cavalcanti-a-concepcao-de-tratamento-das-urs-unidades-recuperadoras-da-qualidade-das-aguas/ 
Cavalcanti cita ainda que “Como o anteprojeto ofertado pela Sabesp teve caráter apenas orientativo, as empresas contratadas se puseram a desenvolver os projetos definitivos com base nas suas “expertises” desvinculando-se da Sabesp, porém sujeitos à aprovação da Cetesb para emissão das respectivas Licenças de Instalação.”
Especialmente esse trecho: E na sua conclusão coloca um grande problema não solucionado pelo Programa Novo Rio Pinheiros: “a preocupação que fica é sobre a ausência de tratamento que teria de ser dado ao lodo químico e principalmente aos lodos biológicos excedentes estimados em 60 ton/dia a 20% de Sólidos em Suspensão, uma vez que os projetos previram apenas a desidratação em centrífugas do lodo tal e qual, isto é, sem estabilização, conforme confirmado pela Sabesp em “live” da ABES em setembro último.”
Este receio é ainda mais preocupante quando se sabe que o manuseio e transporte destes resíduos, incluindo também material gradeado, areia e óleo separados no tratamento preliminar, se darão em áreas intensamente habitadas podendo provocar incomodidade na forma de desprendimento de odores com o risco de se criar um impasse de ordem sanitária. Como já sugerido em outro artigo, uma alternativa seria lançar o lodo excedente e o lodo químico à rede de coleta mais próxima das URs, de modo que, interligadas aos coletores-tronco e aos interceptores do Pinheiros, alcancem a ETE Barueri onde seriam tratados. Procedimento similar já foi feito pela Sabesb com o lodo da ETA ABV.”

Sabesp informa
A Sabesp informa que, por meio do Novo Rio Pinheiros, conectou ao sistema de esgoto desde 2019 mais de 650 mil imóveis, que passaram a ter o esgoto levado para tratamento. “Também é possível notar a volta de peixes e aves em trechos do rio. Nos trechos de urbanização mais complexos e áreas irregulares, onde há restrições legais, técnicas e mesmo físicas (onde, por exemplo, não há o espaço necessário para implantar estrutura tradicional) para que as redes coletoras de esgoto sejam instaladas, o Novo Rio Pinheiros inovou com obras civis não convencionais e com a instalação de cinco Unidades de Recuperação (URs) da qualidade da água dos córregos.  Em relação ao córrego Pirajussara, informamos que, os últimos cinco anos, a região recebeu obras de implantação de infraestruturas de esgotamento sanitário, o que resultou no tratamento do esgoto de mais de 231 mil moradias. Essa ação ocorre em diversas frentes: expansão da coleta e tratamento de esgotos; desassoreamento e aprofundamento do rio; coleta e destinação dos resíduos sólidos; revitalização das margens, além de iniciativas voltadas à educação ambiental”.

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