São Paulo já conhece bem a história: chega o inverno e as chuvas cessam. A grave crise hídrica pela qual a cidade passou em 2014 criou um estado de alerta geral. E a pergunta que não cala é: “Como anda a Cantareira?”. Segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), ontem (28) o Sistema Cantareira contava com volume de 44,1%. No ano da crise, na mesma data, o índice era de 20,9% e, em 2013, 56,6%. Questionada pela reportagem da Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais, a Sabesp afirma que “a entrada de água nas represas, principalmente a partir de abril, no Sistema Cantareira, tem ficado muito próxima das mínimas já registradas”. Em abril, o Cantareira recebeu um nível de chuva de 22,4 mm, quando a média para o mês é de 86,6 mm, segundo medições da Sabesp. De acordo com o site Climatempo, as médias históricas de precipitação em São Paulo para os meses de maio e junho são de 78,6 mm e 61,1 mm, respectivamente. Este ano, porém, no mesmo período, os índices registrados apontam para uma queda considerável: 13,6 mm em maio e 19,1mm em junho. O site afirma que o período de seca, “do ponto de vista climatológico, tem seu início de fato no mês de junho, quando observamos os menores volumes médios mensais de chuva”. “Com menos chuva disponível e o consumo, resta ao reservatório diminuir o seu volume de água disponível. É o que vemos nos índices fornecidos pela Sabesp, que mostram atualmente o Sistema Cantareira com menos da metade da sua capacidade. A última vez em que estivemos nesta situação foi em 30 de janeiro de 2018, quando ainda estávamos na estação chuvosa e com o volume do reservatório subindo”. Questionado sobre a previsão para os próximos três meses, o Climatempo indica um cenário que pode gerar preocupação. As perspectivas para julho indicam chuvas um pouco acima da média, que é de 48,7mm; para agosto, um pouco abaixo da média, que é de 34,5mm; e para setembro, abaixo da média, que é de 87,1mm. Falta d’água A Sabesp afirma que realizou 37 grandes obras desde 2014, as quais “garantem mais água para a região do Alto Tietê e para as demais áreas atendidas na capital e na Grande São Paulo”. Matéria do jornal Folha de S.Paulo aponta para uma queda no número de reclamações desde a crise hídrica de 2014. Porém, os números divulgados estabelecem uma queixa a cada seis minutos à Companhia. O setor de Santo Amaro foi o campeão de solicitações entre janeiro e março deste ano, com 5.820 apontamentos, cerca de 25% do total. Os 15 setores somados possuíam 20.881 reclamações. No mesmo período de 2015, quando a cidade saía da crise, foram apontadas 86.462 queixas aos canais de comunicação da Companhia.