06/04/2023 às 23h40min - Atualizada em 06/04/2023 às 23h40min

​População luta pela preservação e ampliação do Parque Burle Marx

Comunidade luta por melhorias para o Parque Burle Marx, nas margens da Marginal do Rio Pinheiros. Um abaixo-assinado já circula pedindo a ampliação da área. Os cidadãos pedem a desapropriação do terreno que cerca o local, em troca de potencial construtivo em outra área, para amenizar os efeitos nocivos da verticalização da região.

Potencial construtivo
O documento aponta para “a desapropriação ou a aceitação da proposta do ‘Fundo Imobiliário Panamby’ para ceder a área ao redor do Parque Burle Marx para a Prefeitura, em troca de potencial construtivo em outra região, viabilizando sem custo a ampliação do parque. Essa área é única!”. Os organizadores atestam que a iniciativa “necessita ser incluída no Quadro 7 do Anexo III - Parques Municipais existentes e propostos na revisão intermediária do Plano Diretor Estratégico, aprovado pela Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014”.

Descoberta na fauna local
O documento afirma que, “em razão da sua pujante riqueza de flora e fauna nativas, descobriu-se uma nova espécie de animal no mundo. Trata-se do Adelopoma Paulistanum, um novo caramujo, jamais visto antes no Planeta Terra! Segundo os cientistas Cláudio Mantovani Martins e Luiz Ricardo L. Simone, com publicações em Londres, Itália e EUA. Uma nova espécie como essa pode eventualmente trazer, por exemplo, a cura para alguma doença humana”. Entre as razões está a presença de “árvores raríssimas como a caneleira, ameaçada de extinção, o pau jacaré, o palmito jussara etc. Há nascentes, pois em laudo de 2015, constatou-se que as águas na área do brejo da Cyrela, são limpas”.

Verticalização pode trazer efeitos
Segundo o documento, “as torres da Camargo Corrêa irão emparedar o parque, transformando-o em uma grande sombra. Na área existe uma floresta de canelas adultas (“nectandra barbellata”), árvores que estão na lista vermelha como vulneráveis segundo a “International Union for Conservation of Nature” (IUCN)”.

Projeto aprovado irregularmente
O perito do MP, Eduardo Lustona, em laudos de 17 de março de 2014, afirmou: “O Projeto Urbanístico Panamby foi aprovado irregularmente, desconsiderando a incidência de APP de topo de morro na área investigada, que remonta a 20 de janeiro de 1986 data da publicação da Resolução CONAMA 04/1985 que definiu limites e metragens dessa APP, tendo vigorado até o ano de 2002 quando foi revogada e substituída pela Resolução 303/02, a qual vigora até a presente data”.
A Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais conversou com um dos líderes do movimento, Roberto Delmanto Junior sobre o tema.

Por que é importante a ampliação do Parque Burle Marx?
“Quando as pessoas vão ao parque Burle Marx, pouca gente imagina que toda aquela floresta, do outro lado da Avenida Dona Helena Pereira de Queiroz, não faz parte do parque, que não possui sequer estacionamento, que são de propriedade privada. Para esses dois enormes terrenos, um Fundo Imobiliário havia, há 8 anos, projetado, juntamente com as construtoras ‘Cyrela’ e a ‘Camargo Corrêa’, a construção de dezenas de prédios, com uma derrubada absurda de 5.500 árvores catalogadas. Se isto acontecer, o Parque Burle Marx que conhecemos hoje, irá morrer. Explico: existe o que se chama de “efeito borda”. Vejam o Parque Trianon na Av. Paulista, cercado de prédios e com quase nenhuma vida animal. É isso que ocorrerá se toda essa área envoltória tiver os empreendimentos. Além disso, toda essa área é o último resquício de Mata Atlântica, inclusive com brejos, abrigando espécies animais e vegetais raríssimas, com risco de extinção. 

Que áreas seriam possíveis ser incorporadas?
Graças à forte atuação do MP, que deu entrada em duas Ações Civis Públicas, obteve-se uma liminar, há 8 anos, proibindo toda e qualquer intervenção na mata ao lado da Avenida Dona Helena Pereira de Queiroz e na frente do parque, entre o seu gradil e a Marginal Pinheiros. Com essa proibição, a Mata Atlântica atingiu altíssimo grau de regeneração, reassumindo a sua característica original de floresta. São essas duas áreas que seriam incorporadas. O parque irá mais do que dobrar de tamanho”.

Como seria possível a ampliação?
“Diante de todo esse impasse ambiental, o Fundo Imobiliário Panamby está propondo trocar essa sua propriedade, transmitindo-a para a PMSP, para ampliar o Parque Burle Marx, entregando essa ampliação com toda a cerca ‘padrão parque’, com equipamentos, além de outras contrapartidas. Em troca, receberia certificados de potencial construtivo em outras áreas. Para tanto, segundo entendimento da Procuradoria Geral, é necessário que essas duas áreas se encontrem demarcadas no chamado “QUADRO 7” do Plano Diretor, que está sendo, neste exato momento, discutido na Câmara Municipal! Temos muita esperança que o Prefeito ouça a população e envie um substitutivo incluindo essas áreas no Plano Diretor para ampliação do Parque. 

Quais os próximos passos que a comunidade está organizando?
Somos hoje mais de 25.000 pessoas que assinaram esse pedido ao Prefeito Ricardo Nunes e aos vereadores. Teremos duas audiências públicas sobre a revisão do Plano Diretor para a zona Sul: no dia 24/4 às 17:00 (local ainda a ser definido) e no dia 6/5, às 8:00hs (no CEU Caminho do Mar) - Av. Engenheiro Armando de Arruda Pereira , 5241, Jardim Lourdes. É fundamental que a comunidade esteja presente (presencialmente, pois não há on-line), para que possamos transmitir a eles a importância dessa ampliação. Lembro que já temos no Panamby a construção do Parque Global com gigantesco adensamento populacional; teremos, também, a construção de uma dezena de torres onde se encontrava o Extra Morumbi (atual Pão de Açucar). Tudo isso é mais um motivo para se preservar as áreas de Mata Atlântica ao redor do Burle Marx, ampliando-o. Basta de mais torres! Contamos com todos!

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