23/03/2023 às 22h52min - Atualizada em 23/03/2023 às 22h52min

​A reurbanização da Rua dos Pinheiros e a problemática Estação Fradique Coutinho do Metrô

A Rua dos Pinheiros vem sofrendo grande transformação, não só pelo histórico atraso de linhas de metrô, como ao Plano Diretor Estratégico e a sua interminável “Revisão” (PDE), como a verticalização desenfreada em toda a região. O arquiteto e urbanista Nadir Mezerani, há seis décadas contribuindo com valor real e crítico sobre a cidade, como a Gazeta de Pinheiros e Grupo 1 de Jornais, mostra os problemas que estão acontecendo na Estação Fradique Coutinho do Metrô, já apresentados por Mezerani, comentando, em artigo passado, os pontos-chaves que sustentam que o local de implantação urbanística da estação não era oportuno e sua arquitetura menos pertinente.

Histórico mostram problemas
Nadir Mezerani explica. “Em 21 de novembro de 2014, publicamos na Gazeta de Pinheiros um artigo com comentários críticos à cidade de São Paulo, analisando desta vez, como protótipo, a Estação de Metrô Fradique Coutinho, inaugurada no dia 15 de novembro do mesmo ano. Diante das críticas realizadas, segue o posicionamento da Companhia de Metrô: ‘A implantação de uma estação é precedida de estudos amplos e projetos que possibilitam a execução de uma obra metroviária, e que a obra é sempre uma excelente oportunidade de promover a requalificação urbana do seu entorno. Estes estudos e projetos, tanto das edificações da estação quanto dos demais espaços, públicos ou restritos, têm a preocupação de melhorar as características do local de implantação e respectivo entorno, promovendo desta forma plenas condições de acessibilidade...’. O texto acima não parece ter sido destinado particularmente à obra em questão”. 

Local de implantação não é oportuno
“Hoje, em 2023, há significativos dados urbanísticos que podem sustentar as teses levantadas anteriormente, com diagnóstico e conclusões importantes à população. Os pontos-chaves de nossa crítica sustentam que o local de implantação urbanística da Estação não é oportuno e sua arquitetura menos pertinente”. De acordo com o arquiteto, o trecho escolhido foi em decorrência da estação já ter propiciado as fiações elétricas enterradas na rua dos Pinheiros.

Local alagadiço
“No primeiro momento, questionamos a implantação de uma estação de Metrô sem intensos recursos de drenagem nas proximidades da confluência dos córregos Verde e Pinheiros, região já alagadiça, a se tornar fatidicamente menos permeável ao se verticalizar sem as devidas infraestruturas. Hoje, confirma-se esta impropriedade da implantação urbanística da estação ao constatarmos alagamentos que ocorreram nas últimas semanas”.

Conflitos entre fluxos de pedestres
“As novas diretrizes do Plano Diretor Estratégico da Cidade, experimental em novidades, em sua decorrência, acresceram coeficientes de aproveitamento de obra ao entorno de estações de metrô. Desde a inauguração da estação, alertamos a inoportuna obra com acessos nos alinhamentos dos passeios sem permitir ângulos de visão, causando conflito entre diferentes fluxos de pedestres, mesmo que eventual legislação permita. Como em sua defesa, em 2014, a Companhia de Metrô afirmou em nota ter ‘a preocupação de melhorar as características do local de implantação e respectivo entorno, promovendo desta forma plenas condições de acessibilidade’, agora podemos exigir que resolva este conflito com obras de maior envergadura”.

Atropelamento de pedestres
“Sendo assim, recomendamos a abertura ao lado do restaurante recuado em desapropriação de sua cobertura frontal, possibilitando acesso até a Rua Teçaindá e, portanto, uma arquitetura que induz direção, orientando os usuários à Avenida Rebouças, sem atropelarem os pedestres, que caminharão pelos passeios alargados da Rua dos Pinheiros. Ao lado par de estação, já na esquina da Rua dos Pinheiros com a Fradique Coutinho, a coisa é mais simples. No caso do acesso em esquina da estação junto à Rua Fradique Coutinho, mais aberto fluido à cidade, a quantidade de apoios da obra dificulta a circulação. Mesmo assim, os usamos como recurso, aproveitando para apoiar painéis pivotantes de cobertura de pedestres, que se projetam, ampliando o espaço coberto, e vedação noturna das estações, que substituiriam as atuais vedações. Nossos esboços programam igual cobertura em ambos lados tornando elemento de comunicação visual em arquitetura pouco expressiva no contexto urbano que requer avisos de sua existência”.

Calçada funcional
Também em 2014, Nadir criticou a ‘corajosa’ extensa floreira que, somada ao gramado arborizado de 1 metro junto à guia, reduz a 1,80 metros a largura da bela calçada. “Neste caso, este recurso tardio de verde, que deveria estar em obra recuada, deverá ser demolido, preservando apenas as árvores, retornando assim à calçada funcional de 5 metros. Fácil! A Cia. do Metrô, entendendo a necessidade desta reestruturação, será coerente como órgão público, devendo primar pelo discurso e obra e considerar os nossos esboços referenciais como parte da requalificação da Estação Fradique Coutinho”.

Resolver enchentes locais
O foco maior sendo urbanístico, se expande a uma melhor apropriação do espaço da Rua dos Pinheiros a partir da estação. Somam-se arquitetura e urbanismo com recomendações de obras que venham atender ao pressuposto. Na busca de ampliar coberturas aos usuários do metrô, há que se resolver questões de relevantes enchentes locais.
“O grande conflito entre veículos e pedestres se propõe ser resolvido em solução única, com busca de espaços de captação de águas pluviais em bacias de contenção de águas pluviais enterradas e criação uma superfície unindo os pontos acentuados entre os passeios e estações. Desenhos em anexo, expõem grande plano de nivelamento de superfícies de uso duplo, protegidos por grelhas de captação de águas pluviais ao subsolo. Acompanhamos as obras de canalização do córrego Pinheiros em caixa de concreto, em que seu posicionamento e nível não impedem que a proposta em questão seja compatibilizada, independente da obra inicial mais profunda e como a solução efetiva  de absorção de águas pluviais na cidade há décadas não se efetiva, nem  obras públicas ou particulares contribuem, surgem então recursos: “Considerando o grau de dificuldade de uma solução de drenagem desse porte, pode-se usar os dois terrenos livres às laterais das estações para equipamentos de drenagem, até mesmo com volumes elevados, para completar a mecânica pretendida, conforme desenho. A simultaneidade de uso deste grande plano, além das indispensáveis  comunicações visuais, será diretamente perceptível pela própria arquitetura da obra. Enquanto os passeios são em placas de concreto armado de 1m x 1m e espessura viável envolventes de painéis de grande dimensão, concretadas com pigmentação preta para a circulação de veículos”.

Quiosque de vidro suspenso
“Recomenda-se, também, equipamento em quiosque de vidro suspenso do solo, que poderá atender a informações, segurança nesse trecho e floricultura onde se adequar. A ilustração expõe melhor o objetivo de articulação simultânea, de usos em uma cidade que requer qualidade ambiental. Vale ressaltar que as propostas de piso, equipamentos urbanos e guias correspondem aos já projetados em outro ambiente urbano são oportunos por serem de nossa autoria”.
A Rua dos Pinheiros merece maior atenção e foco dos órgãos públicos.

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