01/12/2022 às 22h29min - Atualizada em 01/12/2022 às 22h29min

​Carta ao governador eleito Tarcísio de Freitas: as ferrovias sairão do papel?

O presente pleito já foi realizado a outros governadores. Contudo, nada aconteceu. A esperança agora está centrada no futuro governador que, em várias oportunidades na campanha, salientou a necessidade de construção e recuperação de nossa malha ferroviária. Venho preconizando a premência desse tipo de transporte limpo há décadas, sem sucesso. Demonstrei, em duas outras oportunidades, que uma viagem entre São Paulo, a maior e mais importante cidade da América Latina, a Santos, o maior porto, poderia demorar três horas de viagem para aproximadamente 70 quilômetros de distância e, dependendo do local na capital, pouco mais de 50 quilômetros. Se não bastasse essa dificuldade cada vez maior de locomoção e trânsito caótico na entrada das cidades, milhares de pessoas fazem esse percurso diariamente de carro, o que acentua a poluição e o tempo perdido. O mesmo ocorre no transcurso de São Paulo a Campinas ou Sorocaba, em que, dependendo do tráfego, horas são consumidas para um percurso em que, num trem moderno, pouco mais de 30 minutos seriam suficientes. Não tem mais sentido abandonarmos um meio de transporte de energia limpa e ficarmos reféns do trânsito insuportável de todas as cidades médias e grandes, além dos constantes congestionamentos e poluição nas rodovias e cidades.
O “lobby” das montadoras de veículos precisa ser vencido, visto que não tem mais sentido a rodovia ser a única forma de transporte entre cidades, que polui e causa acidentes constantemente. Se houvesse uma ligação do metrô paulistano com trens, que não necessitam ser de alta velocidade, na medida em que as distâncias são pequenas, poderíamos chegar à baixada santista, Campinas ou Sorocaba em menos de meia hora. Da mesma forma, em menos de duas horas estaríamos em Ribeirão Preto.
Nossas ferrovias, em verdade, foram intencionalmente destruídas e cabe ao Governo do Estado de São Paulo dar o exemplo e fazer o que deveria ter sido realizado há decênios, ou seja, construí-las ou modernizá-las para não dependermos exclusivamente de rodovias e seus caminhoneiros que, a qualquer momento, param o País. Soma-se a isso o fato na diminuição de acidentes nas estradas, provocados, em sua maioria, por veículos pesados.
Para a implementação de novas e eficientes linhas de estradas de ferro seria mais adequada a utilização de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Sem isso, continuaremos a ter milhares de veículos que chegam e saem todos os dias de São Paulo e que agravam ainda mais nosso já insuportável trânsito. Linhas ferroviárias, além da melhora do trânsito, trariam inegável interação cultural entre tantas universidades e centros de pesquisa paulistas que estão, a cada dia, mais distantes uns dos outros, embora geograficamente muito próximos. Considerando que, apenas de Santos a São Paulo, antes da pandemia, 100 mil veículos faziam esse itinerário diariamente, já é hora de termos uma linha férrea moderna ligando estas e outras cidades.
Governar é construir estradas, mas preferencialmente as de ferro, com a máxima urgência. Até quando devemos esperar, futuro governador?

O. Donnini, advogado e jornalista

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