17/02/2022 às 22h07min - Atualizada em 17/02/2022 às 22h07min

​O trabalho para imunização da população do Instituto Butantan

No ano de 1899, um surto de peste bubônica, que se propagava a partir do Porto de Santos (SP), levou a administração pública estadual a criar um laboratório de produção de soro para combater a doença. Instalado na então Fazenda Butantan, na zona oeste do município de São Paulo. Dirigido pelo médico cientista Vital Brazil e então chamado Instituto Serumtherápico, o laboratório foi o embrião do Instituto Butantan, que dia 23 de fevereiro de 2022 completa 121 anos de existência.
O Butantan é hoje um destacado centro de pesquisa biomédica, que integra pesquisas científicas e tecnológicas, produção de imunobiológicos e divulgação técnico-científica, buscando a permanente atualização e integração de seus recursos e, com isso, a inovação. Referência nacional, é o principal produtor de imunobiológicos do Brasil. É responsável por grande porcentagem da produção de soros hiperimunes e grande volume da produção nacional dos antígenos vacinais que compõem as vacinas utilizadas no Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
Hoje, os laboratórios e fábricas do Butantan produzem 12 soros (contra o envenenamento por diversas espécies de cobras, escorpiões, aranhas e lagartas, e contra difteria, tétano, botulismo e raiva) e sete vacinas (contra raiva, HPV, Hepatite A, Hepatite B, Influenza Trivalente, H1N1 e DTPa).

Combate à epidemia de peste bubônica
A peste bubônica ficou conhecida por devastar a Europa no final da Idade Média. Nos séculos seguintes, houve diferentes surtos da doença, que reapareceu de forma grave nos últimos anos do século XIX em países como China e Índia. De lá, chegou novamente à Europa, especialmente à cidade do Porto, em Portugal, em 1899, de onde se difundiu em seguida para o Paraguai.
No dia 18 de outubro de 1899, foram registrados oficialmente os primeiros casos de peste bubônica no Brasil em Santos (SP). A conclusão foi referendada pelo doutor Vital Brazil, que viria a ser o primeiro diretor do Instituto Butantan. Essa foi a primeira investigação de um surto de doença desconhecida no país que utilizou as descobertas de Louis Pasteur, as quais constituem as bases do que hoje chamamos microbiologia.
Em 1901, a peste bubônica já havia chegado à cidade de São Paulo. Em junho, com o objetivo de controlar de forma mais eficaz o surto, o Instituto Butantan começou a produzir o soro antipestoso - considerado pelo Instituto Pasteur de Paris a grande arma para vencer a peste bubônica.
A situação só mudaria no ano seguinte, quando o Instituto começou a produzir a vacina antipestosa, seguindo a técnica criada pelo italiano Camillo Terni do Instituto de Messina, a partir da vacina desenvolvida pelo médico russo Waldemar Haffkines.

ButanVac
A ButanVac vem sendo chamada de vacina 2.0 contra a COVID-19. Sua principal vantagem é que ela está sendo produzida inteiramente no Brasil, já que é desenvolvida a partir da inoculação de um vírus modificado que contém a proteína ‘S’ do SARS-CoV-2 em ovos embrionados de galinhas, mesma tecnologia da vacina contra a influenza (gripe). Além de ser barata e muito disseminada, essa técnica é uma especialidade do Butantan: o instituto produz anualmente 80 milhões de vacinas da gripe usando ovos.
A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do novo coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor é o da doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Essa tecnologia foi desenvolvida por cientistas na Icahn School of Medicine de Mount Sinai, em Nova York. A proteína S estabilizada do vírus SARS-CoV-2 utilizada na vacina com tecnologia HexaPro foi desenvolvida na Universidade do Texas em Austin.
No Brasil, os ensaios clínicos da Butanvac já estão em andamento. A vacina passou com resultados positivos pela primeira fase de ensaios clínicos, onde a segurança do imunizante é testada. Agora o Butantan deve aguardar o aval da Anvisa para dar início às fases dois e três de testagem.

Museu da Vacina
Com inauguração prevista para este ano, o Museu da Vacina vai abrigar exposições interativas e históricas, oferecer atividades complementares e promover palestras com o objetivo de incentivar o interesse pela ciência e ampliar o conhecimento da população sobre a importância da vacinação.
O espaço cultural ficará na casa onde viveu Vital Brazil, médico sanitarista pioneiro da saúde pública e primeiro diretor do Butantan. Construída no final do século XIX, ela é anterior à própria criação do instituto: era a sede da fazenda que ocupava o espaço do atual parque do Butantan e fornecia leite de vaca para a cidade de São Paulo. Para a restauração dos 309 metros quadrados da chamada “Casa Rosa” estão sendo investidos R$ 2,6 milhões.
O Museu de Vacina se soma aos museus Biológico, de Microbiologia, Histórico e de Saúde Pública Emílio Ribas como parte da oferta de espaços voltados à divulgação científica abertos ao público do Butantan.

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