18/04/2024 às 22h59min - Atualizada em 18/04/2024 às 22h59min

Novo projeto faraônico e absurdo para a Raposo Tavares é contestado pela comunidade

O Sistema Castello-Raposo é a principal ligação entre a Capital e o Oeste paulista. Inicia-se no final da Rua Reação e termina na divisa com o Mato Grosso do Sul. Mas no retorno à capital, a Rodovia SP-270 provoca grandes congestionamentos quando chega ao Butantã, e já teve várias promessas de obras, mas nenhuma foi realizada. Ela chega no gargalo das ruas Sapetuba, Reação, Martins e avenidas Alvarenga, Eliseu de Almeida e até na Francisco Morato. Existem novamente projetos mirabolantes e milionários (R$ 9,7 bilhões), anunciados recentemente pelo Governo do Estado como "Nova Raposo", com a concessão da rodovia em vários trechos, muitos pedágios e túneis, para ligar à Marginal Pinheiros e alças de acesso gigantes com o mesmo propósito. Mas nada andou nas últimas gestões estaduais e todos foram engavetados. O Grupo 1 de Jornais-Gazeta de Pinheiros consultou engenheiros e especialistas, que mostram o melhor caminho com custos menores para o poder público. Falta só vontade de realizá-los.

Depoimentos apontam problemas
“A alternativa da saída da Raposo Tavares, para a rua Alvarenga até a Marginal, seria ótima. E olha que se faz necessária há muito tempo.” W.T.

“Precisamos ensinar a população a discutir o orçamento e conhecer o planejamento. A imprensa tem um papel fundamental.” T.A.

“Boa discussão dos projetos viários para melhorar o trânsito, mas está rolando também o EIA/RIMA da nova Linha Marrom desde Cotia a São Paulo, que desafogaria a Raposo Tavares.” I.M.

“Temos que eliminar os congestionamentos pelo semáforo desnecessário na confluência da Raposo com a rua Benjamim Mansur, que pode ser feita pela paralela, rua Martinho Claro.” W.F. 

O melhor projeto
As obras de chegada a São Paulo no bairro do Butantã já tiveram muitas promessas. A Raposo Tavares termina no gargalo das ruas Sapetuba, Reação e Martins. O mais racional, segundo especialistas em trânsito urbano e engenheiros do setor, seria a rodovia continuar seu fluxo sem semáforos, em duas vias pela larga Rua Alvarenga, que propicia 4 pistas (sem eliminar o trânsito que vem também da Ponte Cidade Universitária). A Av. Vital Brasil passaria sob a Alvarenga, onde se cruzam, e com poucos custos acabariam com os congestionamentos da chegada ao bairro do Butantã.  O semáforo da ligação da Av. Corifeu de Azevedo Marques com a Raposo também seria desnecessário, com a rua Benjamim Mansur, que pode ser feita pela paralela, a rua Martinho Claro, que já tem passagem sob a rodovia, sendo necessário somente a inversão da mão de direção e possível ampliação, facilitando muito o trânsito de quem se dirige à Cotia e região e vice-versa.

Projetos engavetados e nunca realizados
Em um vídeo da CCR ViaOeste, é demonstrado um projeto para a construção de uma nova ponte que pode ligar a Rodovia diretamente à Marginal Pinheiros. Além disso, um túnel seria construído no km 10, no Butantã. Questionado sobre o tema, o Governo do Estado informou que os estudos estão sendo elaborados pela International Finance Corporation (IFC).

Todos contra o novo projeto 
"Sem consulta pública, ignorando a Lei de Zoneamento recém aprovada, projeto do Governo do Estado pretende implantar seis praças de pedágio sem nenhuma alternativa de transporte público de massa. Na escala dos bilhões, a obra impactará diversos bairros e a supressão de milhares de árvores. No último dia 14, dezenas de pessoas participaram de uma reunião online de emergência convocada por diversas entidades, entre elas a Rede Butantã e a Rede Ambiental Butantã, além de conselheiros do CADES Butantã e do Conselho Participativo Municipal para criar um movimento contra o projeto “Nova Raposo”.

Impacto terrível nos bairros
“Não houve consulta pública nem audiências divulgadas. Esse projeto impacta terrivelmente em bairros do Butantã, e mostra uma mentalidade atrasada, rodoviarista, nada sustentável”, diz, indignado, o diretor da Amapar (Ass. Amigos do Parque Previdência), Sérgio Reze.

Absurdo
Para o conselheiro do Conselho Participativo Municipal, Ernesto Maeda, “trata-se de um absurdo que um projeto de tamanha dimensão, com imenso impacto em todo o território de sua influência, inclusive com previsão de implantação de pedágio dentro de área urbana consolidada”. 

Participação da população
Martha Pimenta, da Rede Butantã, argumenta que é “fundamental ter mecanismos de consulta que permitam a participação da população que tem ainda acesso difícil e restrito à Internet, passa duas horas no ônibus só na Rodovia Raposo Tavares. Faz 20 anos que pedimos a faixa exclusiva de ônibus".

Descongestionar os bairros
Para o morador do bairro City Butantã, ex-engenheiro de transporte e tráfego na CET, Wladimir Bordoni, um dos maiores equívocos do projeto é estimular ainda mais a rodovia Raposo Tavares para acessar áreas centrais, piorando locais já congestionados como a avenida Pedroso de Moraes, ponte Eusébio Matoso e Marginal. 

"Toque de caixa"
Durante a reunião, vários moradores e lideranças manifestaram que é um absurdo um projeto dessa dimensão seja feito a 'toque de caixa' sem respeitar as diretrizes do 'Estatuto da Cidade.
“Onde estão os estudos técnicos, de impacto ambiental e de mobilidade sobre a população instalada na região?”, indaga José Jacinto, coordenador da Rede Ambiental Butantã.

"Nova" Raposo, não!
Os participantes da reunião online decidiram criar um movimento amplo, “Nova Raposo, não!” para impedir o avanço do projeto e requerem que o poder público, em âmbito municipal e estadual, retroceda o processo em curso. “É preciso o cumprimento integral das diretrizes legais que norteiam os processos participativos e o direito democrático de controle social”, afirma Angela Baeder, do CADES Butantã.

Entidades participantes
Participam do movimento e assinam manifesto as seguintes entidades: Amigos da Mata Esmeralda; Amigos do Conj. Res. Butantã; Ass. Amigos Casa do Bandeirante; Ass. Cultural do Morro do Querosene; Ass. de Moradores do J. Christie; Ass. Moradores da R. Ministro Costa e Silva; Ass. Moradores Cidade Nova Piemonteses; Ass. dos Amigos de Alto dos Pinheiros; Ass. Amigos da Praça João A. de Souza Castellano; Ass. Amigos do Parque Previdência; Ass. Amigos dos Predinhos de Pinheiros; Ass. Projetos de Desenvolvimento da Raposo Tavares; Clube Alto dos Pinheiros; Coletivo Corredor Ecológico do Butantã; Coletivo Ideia Nossa; Coletivo PQ BT18 - Parque Linear Charque Grande-Ibiraporã; Comunidade City Pirajussara; Conselho Participativo - Butantã; Fórum Verde Permanente; Movimento Defenda o Pque.Previdência; Movimento Defenda SP; Movimentos Cohab Raposo; Parque Chácara do Jockey; Parque Linear Caxingui; Pró-Pinheiros; Rede Ambiental Butantã (RAB); Rede Butantã; Soc. Amigos da Cidade Jardim, SACJ e SOS Bicho.

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