22/09/2023 às 00h25min - Atualizada em 22/09/2023 às 00h25min

​Uma entrevista exclusiva com o Secretário Gilberto Natalini sobre como as mudanças climáticas refletem no nosso dia a dia

São Paulo vive uma onda de calor atípica para esta época do ano. As temperaturas no Brasil batem recordes. Há cerca de dois meses, o prefeito Ricardo Nunes, nomeou o médico e ex-vereador Gilberto Natalin,i como Secretário Executivo de Mudanças Climáticas.
O líder da pasta traz consigo uma sólida experiência em ativismo ambiental e uma trajetória reconhecida por dirigir equipes e estratégias em prol da sustentabilidade. Sua chegada representa um novo marco em nossa busca contínua por práticas sustentáveis e compromisso com o meio ambiente em busca por soluções inovadoras. Reforça a visão da cidade em ser um agente ativo na luta contra as mudanças climáticas globais.
Gazeta de Pinheiros - Há cerca de um mês, o senhor assumiu a Secretária Executiva de Mudanças Climáticas. Quais têm sido os principais desafios?
Gilberto Natalini - “O Brasil e o mundo estão vivendo as mudanças extremas no clima. Quem saiu hoje no sol viu os efeitos. E estamos apenas no início da primavera. Isso mostra que tudo que vinha sendo falado sobre as mudanças do clima, nós estamos vivenciando. Os cientistas acertaram no diagnóstico, mas erraram no prognóstico – no tempo em que as mudanças viriam. Nós já estamos vivendo.”

Colapso climático 
“Agora, o mundo, o Brasil e São Paulo não estão preparados para isso. Os fenômenos são rápidos e a reação da sociedade é muito lenta. Nós não estamos mudando nossos hábitos. Se nós continuarmos assim, vamos entrar naquilo que o o Secretário da ONU chamou de colapso climático, se continuarmos “dormindo em berço esplêndido”. 

Preparar a cidade
“O desafio é preparar a cidade, estamos falando de Prefeitura e população, uma vive pela outra. Vamos enfrentar todos os fenômenos extremos que vierem, pois vão acontecer, hoje ou amanhã. Nossa função é preparar todos para que tenham o mínimo de impacto negativo possível. Diminuir ao mínimo o risco de saúde e da vida das pessoas”. 
GP - Vivemos uma onda de calor atípica para esta época do ano. Isso é um dos efeitos dessas mudanças. Que trabalhos podem ser feitos para reverter o quadro?
GN - São Paulo em 2020 fez um Plano de Mudança Climática para a cidade. Um Plano publicado e muito bem feito. Em 2021 foi criada a Secretaria Executiva de Mudança Climática para aplicar e controlar a sua aplicação. São 43 metas e 43 ações que a Prefeitura precisa fazer para cumprir o Plano, que vem sendo parcialmente realizado. 

2.400 ônibus elétricos
“Esta semana foram entregues os primeiros 50 ônibus elétricos e até o final do ano serão mais 600 e até o final do ano que vem mais 2.000 ônibus. Isso faz parte de uma ação importante para diminuir a missão de gases do efeito estufa e diminuir a emissão de poluentes, que são o produto da queima o óleo diesel dos ônibus, que é o principal fato de poluição da cidade.” 

Educação ambiental
“As escolas públicas municipais estão implantando um projeto de hortas escolares e realizando educação ambiental e climática. A Secretaria do Verde e Meio Ambiente está planejando entregar mais 8 parques públicos até o final do ano que vem.”

Energia limpa
“E temos outros planos na área de energia, por exemplo – como comprar energia limpa no mercado, fotovoltaica, eólica, por exemplo. A Prefeitura está terminando de regulamentar a Lei de Segurança Hídrica Municipal, para tratar sobre as questões de água de São Paulo.”

Prevenção de altas temperaturas 
“Temos avançado em vários pontos e agora estamos propondo ao poder municipal criar um Plano de Prevenção às Altas Temperaturas, porque São Paulo já tem um Plano de Prevenção às Baixas Temperaturas, Plano de Prevenção às Chuvas de Verão. A cidade precisa estar preparada.”
A cidade está pretendendo criar mais 300 km de ciclovias. 
GP - São Paulo está preparada para ser uma cidade mais verde?
GN - “A cobertura verde precisa avançar. A cidade tem uma mania de destruir as suas árvores, de conviver mal com as suas árvores. Isso é um defeito grave, inclusive devastando as suas matas nas beiras de mananciais, mas não só: todo mundo quer construir um prédio em cima de um bosque.”

Arborização
“A arborização é muito importante para combater ao aquecimento global. Tem que aumentar a cobertura verde. Tem que plantar: nas calçadas, nos parques, nas alças das avenidas, nas áreas livres da cidade, nas áreas de córrego. Nós temos que plantar árvore. Não tem outra conversa: é pegar a muda botar na terra e tomar conta dela até ela virar árvore.”

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