22/09/2023 às 00h16min - Atualizada em 22/09/2023 às 00h16min

​Desapropriação do Jockey Club entrou no Plano Diretor mas polêmica e desconfianças continuam

Uma nova polêmica surge dentro do Plano Diretor. Uma das metas é a transformação do Jockey Club em um parque. A medida foi inserida no texto com o nome 'Parque João Carlos Di Genio', em referência ao fundador da rede de colégios Objetivo, morto em 2022. Na realidade é uma possível manobra de alguns vereadores da Câmara Municipal, para transformar o Jockey Cidade Jardim em um parque para a cidade, e possivelmente liberar (todos desconhecem a forma), algumas áreas para edificações de prédios altos, nos extremos, ou seja, junto à Ponte Cidade Jardim e Eusébio Matoso, com interesse direto de incorporadoras do setor.

Projeto de intervenção urbana
O Hipódromo de Cidade Jardim, mais conhecido como Jockey Club, é um equipamento privado de grande porte, possui uma dívida judicializada com o município e está inserido em uma Zona de Ocupação Especial (ZOE). Por este motivo, para definição das regras urbanísticas para seu desenvolvimento e transformações, deve receber um Projeto de Intervenção Urbana (PIU). O PIU começou a ser elaborado no final de 2019 e suas diretrizes levadas à consulta pública. Em 2020 e 2021, o Município iniciou o desenvolvimento dos elementos necessários para elaboração do projeto com nova consulta pública. Atualmente, o PIU Jockey encontra-se em estudo.  
Segundo a Prefeitura, o plano da gestão municipal para o local busca adequar o Jockey às dinâmicas da cidade, para que ele abrigue novas atividades além do turfe (corrida de cavalos) e seja mais utilizado pela população e melhor integrado. Sobre a possibilidade de transformação da área em parque, a revisão do Plano Diretor, sancionada em julho , traz em seu Quadro 7 o Parque como proposto.

Debate já teve polêmica na Câmara
A Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal discutiu, em Audiência Pública no final do ano passado, o Projeto de Lei 639/2022. A proposta declara de utilidade pública (DUP) para fins de desapropriação a área do Jockey Club, localizado na Av. Liceu de Paula Machado, Morumbi/Butantã, para a criação de parque público. Por outro lado, ambientalistas contestam e estranham a iniciativa do Legislativo para fazer a DUP, quando o normal seria feito diretamente pelo Executivo. E mais: mostram que este decreto pode eventualmente "esconder" um plano para futura concessão da área para iniciativa privada, que já foi mostrada em outras administrações, projetos de construção de torres residenciais e comerciais nos extremos do parque (junto à Ponte Eusébio Matoso e Cidade Jardim), manutenção de atividades do Jockey, já que existe o patrimônio cultural tombado e até um shopping subterrâneo. Diretores da entidade também criticam a possível desapropriação.

Integração com a cidade
De autoria do presidente da Câmara, vereador Milton Leite (UNIÃO), e coautoria do vereador Rodrigo Goulart (PSD), de acordo com Carol Flores, da Câmara dos Vereadores, na justificativa do PL, o autor afirma que o objetivo é “valorizar os atributos históricos e paisagísticos do hipódromo, além de adequá-lo às dinâmicas contemporâneas da cidade, permitindo novas atividades, maior utilização do equipamento por parte da população e uma maior integração com a cidade”. Esta foi a segunda audiência do projeto, que já foi aprovado em primeira discussão em Sessão Plenária.

Jockey contesta
No entanto, sócios e diretores do Jockey contestam a justificativa e alegam que o local já um parque aberto ao público e que não gera custo algum ao município. “Recebemos com muita surpresa e indignação este Projeto de Lei, porque se a alegação é para construir um parque, lá já é um parque, os portões ficam abertos para receber o público em geral”, pontuou na epoca o vice-presidente do Jockey Club, Marcelo Motta. Também contrário à desapropriação, o diretor-executivo do Jockey, José Carlos Pires, alegou que caso o projeto seja aprovado irá destruir a indústria do turfe na cidade que é responsável por 5 mil empregos diretos e 20 mil empregos indiretos.

Secretaria do Verde
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, por meio de Teresa Maria Emídio, disse na época que a pasta já se manifestou sobre o caso em dois processos e que desconhece qual área seria cedida para o parque. Outro ponto destacado por Teresa é a criação de parques públicos, que segundo ela, se faz necessário em lugares mais carentes.

Histórico
O Jockey Club de São Paulo foi construído na década de 40 em uma área de aproximadamente 600 mil metros quadrados. O local conta com quatro pistas de hipódromo, restaurantes, playground, área verde e abriga cerca de 800 animais da raça Puro Sangue Inglês.

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