A despoluição do Rio Pinheiros, uma das maiores ‘bandeiras’ da administração João Doria, ganhou um novo capítulo na semana passada. As principais revindicações ligadas ao meio ambiente da zona oeste, agora já teria interessados a auxiliar o Estado na busca de soluções. De acordo com a coluna de Sonia Racy, no jornal O Estado de São Paulo, o pregão para selecionar empresas que irão despoluir o Rio Pinheiros apresentou como ganhadores os consórcios ‘Soebe-FBS’ e ‘Pinheiros 14’. O investimento do Governo do Estado deverá girar em torno de R$ 32 milhões, de acordo com a colunista. Sabesp inicia despoluição nos córregos A Sabesp está iniciando o processo de despoluição de 25 córregos dentro do ‘Novo Rio Pinheiros’, que tem o objetivo de devolver o rio limpo para a população até 2022. O investimento do projeto, que é uma das prioridades do Governo do Estado de São Paulo, é de aproximadamente R$ 1 bilhão e inclui ações socioambientais para engajar a população na recuperação dos cursos d’agua. O primeiro córrego a receber obras será o Zavuvus, na zona sul de São Paulo. A licitação para ampliar a coleta de esgoto na região foi lançado no último dia 20 de junho. A principal novidade do ‘Novo Rio Pinheiros’ é a adoção de inovações tecnológicas em áreas de habitações irregulares, onde o esgoto acaba lançado nos córregos porque a ocupação não deixou espaço para a instalação de coletores. Nesses locais, a Sabesp estuda, entre outras possibilidades, implantar estações especiais que vão tratar a vazão de esgoto do próprio curso d’água. Outro ponto importante será a adoção do contrato de performance, uma forma moderna de contratação de serviços que alinha com a iniciativa privada o objetivo final: a melhoria da qualidade da água do córrego. Com esse modelo, a empresa fica responsável por todas as obras de ampliação e adequação do sistema de esgoto e sua remuneração depende do resultado. Quanto mais limpa ficar a água maior será a compensação financeira. Para avaliar a performance, serão consideradas metas como o total de novos imóveis conectados à rede e a qualidade da água do córrego. Das 25 sub-bacias, 16 terão contratos de performance. As demais receberão ações realizadas pela própria Sabesp. No córrego Zavuvus, as obras vão beneficiar 173 mil moradores, num investimento de R$ 85 milhões, podendo chegar a R$ 94 milhões a depender o desempenho da empresa contratada. A expectativa é que em dois anos e meio ocorra uma melhoria acentuada na qualidade da água do córrego, com perspectiva de retomada de vida aquática. Com 7,8 km de extensão, o Zavuvus deságua no Rio Jurubatuba, um canal do Pinheiros próximo da Represa Guarapiranga. Os outros córregos que estão no programa são: Jaguaré, Vila Hamburguesa, Pirajuçara, Boaçava, Jockey/Cidade Jardim, Bellini, Morumbi, Alto De Pinheiros, Cachoeira/Morro do S, Corujas, Ponte Baixa, Rebouças, Socorro, 9 de Julho, Sapateiro, Uberaba, Traição, Água Espraiada, Cordeiro, Chácara Santo Antônio, Pouso Alegre, Santo Amaro, Poli e Pedreira. Além de contribuir para a melhoria do rio, o ‘Novo Rio Pinheiros’ vai beneficiar diretamente 3,5 milhões de pessoas que moram nas imediações (o equivalente à metade da população da cidade do Rio de Janeiro), com melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente, e será um incentivo à economia paulista, com a criação de empregos e renda. Luta Nas últimas décadas, diversos projetos foram apresentados pelo Governo do Estado para limpar os rios Pinheiros e Tietê, que desde os anos 60 se encontram com elevados níveis de poluição. No entanto, os resultados efetivos dessas medidas foram quase nulos e os gastos com recursos públicos exorbitantes. O projeto mais polêmico envolvia o sistema de flotação do Pinheiros, implantado em 2001. A ideia consistia em eliminar boa parte dos poluentes por meio da aglutinação de resíduos sólidos, que ocorria pela formação de bolhas de oxigênio e utilização de produtos químicos. Posteriormente, o material acumulado era recolhido. A água tratada pelo sistema de flotação seria conduzida para a represa Billings, a fim de aumentar a produção na Usina Henry Borden, na cidade de Cubatão. No entanto, a iniciativa foi contestada em 2008 por técnicos do Ministério Público Estadual. Em 2011, o Governo do Estado desistiu do projeto após constatar a ineficiência do sistema. Mais de R$ 160 milhões foram gastos com o trabalho. Porém, diante da crise hídrica de 2014, a retomada da flotação foi considerada pela gestão Geraldo Alckmin, já que a Billings seria utilizada para reforçar o abastecimento da população. No ano passado, a despoluição do Rio Pinheiros foi cogitada pela iniciativa privada. A proposta partiu da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que pretendia reverter as águas à Represa Billings de forma a ampliar o potencial da Usina Hidrelétrica Henry Borden. O projeto ainda não foi descartado. Se colocado em prática, as águas do rio podem passar da Classe 4, com alto nível de poluição, para a Classe 2, categoria em que são consideradas próprias para o abastecimento humano. A Abdib estima que, com o programa de despoluição, seja possível bombear em média 15 mil litros de água por segundo para a Billings, volume suficiente para abastecer os cerca de 15 milhões de moradores da Região Metropolitana. Hoje, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) capta apenas 1 litro por segundo de um dos braços despoluídos da represa.