28/06/2019 às 17h51min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h48min

Está começando de fato a despoluição do Rio Pinheiros

A despoluição do Rio Pinheiros, uma das maiores ‘bandeiras’ da administração João Doria, ganhou um novo capítulo na semana passada. As principais revindicações ligadas ao meio ambiente da zona oeste, agora já teria interessados a auxiliar o Estado na busca de soluções. De acordo com a coluna de Sonia Racy, no jornal O Estado de São Paulo, o pregão para selecionar empresas que irão despoluir o Rio Pinheiros apresentou como ganhadores os consórcios ‘Soebe-FBS’ e ‘Pinheiros 14’. O investimento do Governo do Estado deverá girar em torno de R$ 32 milhões, de acordo com a colunista. Sabesp inicia despoluição nos córregos A Sabesp está iniciando o processo de despoluição de 25 córregos dentro do ‘Novo Rio  Pinheiros’,  que  tem  o objetivo de devolver o rio limpo para a  população  até  2022. O investimento do projeto, que é uma das prioridades  do  Governo  do  Estado  de  São Paulo, é de aproximadamente R$ 1 bilhão e  inclui ações socioambientais para engajar a população na recuperação dos  cursos d’agua. O primeiro córrego a receber obras será o Zavuvus, na zona  sul  de  São  Paulo. A licitação para ampliar a coleta de esgoto na região foi lançado no último dia 20 de junho. A principal novidade do ‘Novo Rio Pinheiros’ é a adoção de inovações  tecnológicas em áreas de habitações irregulares, onde o esgoto acaba lançado nos córregos porque a ocupação não deixou espaço para a instalação  de coletores. Nesses locais, a Sabesp estuda, entre outras possibilidades, implantar estações especiais que vão tratar a vazão de esgoto do próprio curso d’água. Outro ponto importante será a adoção do contrato de performance, uma forma  moderna  de  contratação de serviços que alinha com a iniciativa privada o  objetivo  final: a melhoria da  qualidade da água do córrego. Com esse modelo, a empresa fica responsável por todas as obras de ampliação e adequação do sistema de esgoto e sua remuneração depende do resultado. Quanto mais limpa ficar a água maior será a compensação financeira. Para avaliar  a  performance, serão consideradas metas como o total de novos imóveis conectados à rede e a  qualidade da água do córrego. Das 25 sub-bacias, 16 terão contratos de performance. As demais receberão ações realizadas pela própria Sabesp. No córrego Zavuvus, as obras vão beneficiar 173 mil moradores, num investimento de  R$  85  milhões, podendo chegar a R$ 94 milhões a depender o desempenho da  empresa  contratada.  A  expectativa  é que em dois anos e meio ocorra uma  melhoria  acentuada  na  qualidade  da água do córrego, com perspectiva de  retomada  de  vida  aquática. Com 7,8 km de extensão, o Zavuvus deságua no  Rio Jurubatuba, um canal do Pinheiros próximo da Represa Guarapiranga. Os outros córregos que estão no programa são: Jaguaré, Vila Hamburguesa, Pirajuçara,  Boaçava,  Jockey/Cidade  Jardim,  Bellini,  Morumbi, Alto De  Pinheiros,  Cachoeira/Morro do S, Corujas, Ponte Baixa, Rebouças, Socorro, 9 de Julho, Sapateiro, Uberaba, Traição, Água Espraiada, Cordeiro, Chácara  Santo Antônio, Pouso Alegre, Santo Amaro, Poli e Pedreira. Além de contribuir para a melhoria do rio, o ‘Novo Rio Pinheiros’ vai  beneficiar  diretamente 3,5 milhões de pessoas que moram nas imediações (o  equivalente  à  metade  da  população  da  cidade  do Rio de Janeiro), com  melhoria  da  qualidade  de vida e do meio ambiente, e será um incentivo à  economia paulista, com a criação de empregos e renda. Luta Nas últimas décadas, diversos projetos foram apresentados pelo Governo do Estado para limpar os rios Pinheiros e Tietê, que desde os anos 60 se encontram com elevados níveis de poluição. No entanto, os resultados efetivos dessas medidas foram quase nulos e os gastos com recursos públicos exorbitantes. O projeto mais polêmico envolvia o sistema de flotação do Pinheiros, implantado em 2001. A ideia consistia em eliminar boa parte dos poluentes por meio da aglutinação de resíduos sólidos, que ocorria pela formação de bolhas de oxigênio e utilização de produtos químicos. Posteriormente, o material acumulado era recolhido. A água tratada pelo sistema de flotação seria conduzida para a represa Billings, a fim de aumentar a produção na Usina Henry Borden, na cidade de Cubatão. No entanto, a iniciativa foi contestada em 2008 por técnicos do Ministério Público Estadual. Em 2011, o Governo do Estado desistiu do projeto após constatar a ineficiência do sistema. Mais de R$ 160 milhões foram gastos com o trabalho. Porém, diante da crise hídrica de 2014, a retomada da flotação foi considerada pela gestão Geraldo Alckmin, já que a Billings seria utilizada para reforçar o abastecimento da população. No ano passado, a despoluição do Rio Pinheiros foi cogitada pela iniciativa privada. A proposta partiu da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que pretendia reverter as águas à Represa Billings de forma a ampliar o potencial da Usina Hidrelétrica Henry Borden. O projeto ainda não foi descartado. Se colocado em prática, as águas do rio podem passar da Classe 4, com alto nível de poluição, para a Classe 2, categoria em que são consideradas próprias para o abastecimento humano. A Abdib estima que, com o programa de despoluição, seja possível bombear em média 15 mil litros de água por segundo para a Billings, volume suficiente para abastecer os cerca de 15 milhões de moradores da Região Metropolitana. Hoje, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) capta apenas 1 litro por segundo de um dos braços despoluídos da represa.


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