Moradores de ruas residenciais no Butantã afirmam que a prostituição continua tomando conta de inúmeras vias, tanto no período diurno como no noturno. Segundo eles, o fato se intensificou nos últimos anos e as maiores concentrações são nas ruas Catequese e Romão Gomes, bem como na Praça Monte Castelo, defronte à Escola Municipal de Educação Infantil Monte Castelo. Anteriormente a “exposição” de travestis e prostitutas ficava na Avenida Valdemar Ferreira, mas migrou para as ruas internas do bairro. Moradores da região informam que, além da prostituição no centro do bairro do Butantã, há muita preocupação com a segurança e o tráfico de drogas. Para amenizar os problemas desta área pouco policiada pela PM e GCM, a comunidade local se uniu e estão sendo realizadas melhorias, como a instalação de câmeras, maior iluminação e segurança particular nos locais citados, obras e equipamentos que tem o apoio e patrocínio do 13º Cartório de Registro Civil do Butantã. Além disso também argumentam que o poder público não os está auxiliando e uma das principais reivindicações é a alteração de sentido de fluxo de carros na rua Catequese. Informam que desde que houve a inversão da mão de direção há alguns anos, foi verificado que o aumento de tráfego facilitou muito a exposição das travestis. ”Nunca tivemos resposta ou apoio do CET, apesar da urgência da mudança da rua Catequese, que resolveria grande parte do problema”, afirmam os moradores. Exposição aos alunos da EMEI Monte Castelo Na Praça Monte Castelo, 49, funciona a Escola Municipal de Educação Infantil Monte Castelo, bem no centro da ‘exposição’ de travestis e prostitutas. “Os alunos quando chegam à escola no período da manhã muitas vezes se deparam com travestis seminus, drogados e que muitas vezes perturbam as crianças”, informa F.R., morador que não quis se identificar. Isenção de IPTU e perda imobiliária A Associação dos Condomínios Residenciais e Comerciais (Acresce) argumenta que a degradação no entorno de alguns bairros, como Butantã, Moema e Planalto Paulista, tem levado à má fama, depauperação dos valores de imóveis e afastado negócios de compra e venda imobiliária, inclusive locação. A entidade busca que residências que fiquem em ruas com prostituição sejam isentas de IPTU. A medida, porém, não encontra aliados na Câmara de Vereadores ou na Justiça. Moradores se manifestam em entrevista O Jornal do Butantã – Grupo 1 de Jornais conversou com moradores, que não quiseram se identificar, para esclarecer melhor a situação. Abaixo, confira as entrevistas exclusivas. Gazeta de Pinheiros - Quais são os problemas enfrentados pelos moradores da região? P – Na rua Catequese e seus arredores a prostituição já é de conhecimento das autoridades e moradores. De uns anos para cá, cerca de quatro anos, houve um aumento considerado desta concentração, além das prostitutas, grupos de travestis começaram a frequentar a rua durante a noite e madrugada. Essa frequência trouxe marginalidade, tráfico de drogas, roubo, degradação, lixo e sujeira. GP - A prostituição está localizada em quais ruas principalmente? P –Rua Catequese, Rua Romão Gomes e Praça Monte Castelo. GP - Há comércio próximo ao local? É uma zona residencial? Há escolas? P – Nestas ruas acima mencionadas, não há comercio. São predominantemente de residências e alguns escritórios. Na Praça Monte Castelo há uma escola municipal de pré-escola, que convive diariamente com prostituição, sujeira e tráfico de drogas. GP - Há períodos de maior incidência ao longo do dia? Quais seriam? P – As travestis costumam chegar em grupos no inicio da noite e ficam até o amanhecer. Os assaltos ocorrem durante este período. GP - Houve algum fato que aumentou a prostituição na região? P – Houve uma alteração de sentido da rua Catequese que permitiu uma circulação mais fácil para quem vem procurar este ‘serviço’. Antes dessa alteração a rua era mais tranquila e o acesso mais reservado. O novo sentido facilita a volta no quarteirão entre as ruas Catequese, Romão Gomes e Valdemar Ferreira. GP - Como os moradores têm lidado com a situação? P – Assim que a incidência de assaltos, aumento da sujeira e barulho começou, nos unimos em reuniões e nos organizamos para falar com o poder público e mostrar a necessidade de voltar o sentido da rua como era antes. Fomos a várias reuniões do Conseg. E já tivemos audiência com prefeitos regionais. Ambos prometeram ajudar. O primeiro, disse que fecharia todas as ruas, como fez com as vias próximas, e que viria conhecer o nosso grupo pessoalmente. Incentivou e agradeceu a nossa mobilização. Ficamos somente com os elogios. O segundo informou que a alteração do sentido da rua era de responsabilidade da CET e nos prometeu uma reunião com os responsáveis, junto com ele em seu gabinete. Nunca aconteceu. Ligamos diversas vezes e não obtivemos resposta. GP - Há auxílio do poder público? E do comércio/empresariado local? P – Como expliquei acima, o poder público não nos atendeu, fez apenas promessas. Com o aumento da violência, houve alguns assaltos com ferimentos graves e até briga de travestis com motorista de ônibus, que terminou em morte. Todas saíram na imprensa. Nos unimos para fazer um sistema de câmeras, junto com o programa de vigilância solidária da policia. Ao apresentarmos nosso projeto para os responsáveis do 13º Cartório do Butantã, com o intuito de convidá-los a participar também do programa, já que ele está localizado na esquina da Rua Catequese, fomos surpreendidos com um enorme incentivo e ajuda. O cartório vai patrocinar a instalação das 8 câmeras em toda extensão da rua. O Cartório é um grande aliado nosso, todas as vezes que programamos qualquer mobilização, mutirão de limpeza, aumento da iluminação da rua, sempre pudemos contar com a sua ajuda. GP - Quais são as sugestões que estão indicando aos órgãos públicos? P – Depois de muitas discussões e reuniões entre os moradores, todos estão de acordo, maioria absoluta, que a única maneira de preservar a nossa rua será a mudança de sentido, ou seja, que ela retorne à mão de direção, como era antes. Com a mudança no sentido, o fluxo de trânsito não facilitará mais a ‘abordagem’ para o possível programa. A esquina das ruas Catequese com a Romão Gomes, por exemplo, fica durante todo o dia com pelo menos cinco prostitutas sentadas na sarjeta. A casa onde ficam estas pessoas, usando drogas, fazendo necessidades lá mesmo e se alimentando, não mora e nem tem ninguém. Os proprietários não conseguem alugar e já desistiram. A sujeira nesta área é absurda. Pode vir a qualquer hora do dia ou da noite que sai uma ótima foto para a sua matéria. Policiamento pode ser um alternativa, mas já notamos que não é definitiva, porque quando a polícia está, eles se afastam, mas quando ela vai embora, voltam tranquilamente.