17/02/2023 às 01h04min - Atualizada em 17/02/2023 às 01h04min

​São Paulo deve passar o Parque CEMUCAM para a problemática Prefeitura de Cotia

Existem informações de reuniões recentes entre o prefeito Ricardo Nunes de São Paulo e Rogério Franco de Cotia, sobre a possível transferência da área verde de 500 mil m² do Centro Municipal de Campismo (CEMUCAM) para o município vizinho. Criado em 1968 com a finalidade de divulgar o campismo e atender o movimento escoteiro é o único parque municipal, localizado fora de São Paulo, situado no município de Cotia.

Depoimentos afirmam transferência da área
“O Prefeito Ricardo Nunes deve anunciar este mês, a passagem da administração do parque para a Prefeitura de Cotia, (pois o parque está fora do perímetro de São Paulo). O problema é que já está provado por ambientalistas, que o poder executivo de Cotia não tem condições de manter a área (mais de R$200 mil mensais) e fazer a segurança no local. Moradores temem o abandono e invasão de comunidades sem teto.  O atual prefeito Rogério Franco inclusive, tem sido alvo de inúmeras críticas ao não impedir dezenas de invasões em áreas de PPP Preservação Permanente. Cotia nos últimos anos foi o campeão de desmatamento de áreas verdes e total ineficiência em coibir invasões, por ausência de fiscalização.  O correto, segundo especialistas, é a adoção total da grande área verde pelo Governo Estadual, pela legitimidade e poder do Estado de São Paulo”, afirmam ambientalistas e engenheiros.

Prefeituras não revelam transferência
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), informa que é um parque urbano, com orçamento anual no valor de R$ 2.382.908,06, incluindo o manejo, conservação e vigilância patrimonial da área verde. A SVMA diz que não recebeu nenhuma tratativa para a concessão ou transferência de propriedade. Outro ponto importante, é que Cotia não tem nenhuma condição monetária de abrigar ou fazer a manutenção e segurança do local, já que grande parte de suas áreas municipais e mananciais estão invadidas e hoje é um dos municípios que mais desmatam na Grande São Paulo, junto com Embu das Artes e Itapecerica da Serra. Mas neste ‘disque-disque’ de muitos anos, pode haver fundo de verdade. Se for confirmada a negociação, quem perderá é a natureza e a comunidade. Além da Prefeitura da capital, somente o Governo do Estado tem condições de manutenção da área.
A Prefeitura de Cotia informa que não existe, no momento, nenhuma tratativa entre as Prefeituras de Cotia e de São Paulo sobre a referida área.

Vegetação e fauna exuberante
A vegetação predominante é de remanescentes de Mata Atlântica, além de eucaliptal (Eucalyptus sp.), bosques heterogêneos, brejos e campos antropizados. O parque abriga o Viveiro Harry Blossfeld (antigo Viveiro Cotia), que fornece espécies para a arborização do município de São Paulo. Neste parque foi coletada a primeira amostra do Herbário Municipal.
O parque é rico em fauna: foram registradas 166 espécies, incluindo 13 tipos de insetos, entre eles oito espécies de (borboletas) , cinco répteis (serpentes), 132 aves e 16 mamíferos. 

Espaço de 500 mil m²
O espaço está aberto aos frequentadores diariamente das 6h às 18h, em uma área de 500.000 m², e conta com quiosques com churrasqueiras, sanitários, ciclovia (bike park) com 8 km, campo de futebol, quadra poliesportiva, bebedouros, mesas, bancos, paraciclos, pista de cooper, área para prática de skate, trilha para caminhada, bosque, gramado para piquenique, playgrounds, dois casarões antigos e estacionamento com cerca de 500 vagas. 

Viveiro Harry Blossfeld 
O Viveiro Harry Blossfeld é o único viveiro de produção de mudas de palmeiras e árvores do Município de São Paulo e por estar próximo da Reserva do Morro Grande, Patrimônio Natural e parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo, com mais de 10.870 hectares, garante importante fluxo de flora e fauna .
Alí estão importantes fragmentos florestais e raras espécies ameaçadas de extinção, como o Jacarandá-da-Bahia (Dalbergia nigra) Guarantã (Esenbeckia leiocarpa), Palmito Jussara (Euterpe edulis), Cambuci (Campomanesia phaea), e inúmeras outras que servem como matrizes, (são fornecedoras de sementes para produção de mudas). São espécies de crescimento lento e que demoram para entrar na maturidade e produzirem frutos e sementes. Sem o acesso a essas matrizes haveria enorme perda de diversidade e qualidade das mudas.
Além disso, suas matas oferecem suporte a uma enorme diversidade de animais, inclusive de grande porte, como o veado campeiro, e mamíferos menores como tatu e tapiti, servindo como área de soltura para o Divisão de Fauna Silvestre. No ano de 2022, o viveiro ganhou prêmio de segundo e terceiro lugar no concurso de melhores práticas de estágio realizado pela Emasp.
O viveiro promove a manutenção e conservação de patrimônio genético vegetal (Plantas Matrizes isoladas e em fragmento de mata nativa) contando com centenas de espécies raras, trazidas desde a década de 70. O estoque atual é de 236 mil mudas Soma-se a isso a área de extração de árvores adultas com outras espécies, e o pomar de matrizes com mais espécies, muitas delas raríssimas, adquiridas em viveiros especializados em frutas nativas raras, como por exemplo guabiju, diversos tipos de gabirobas e pitangas, diversos araticuns e araçás, cambuci, aguaí-do-imperador, entre tantas outras.
As mudas produzidas e disponibilizadas pelo Viveiro do Cemucam atende projetos do Sistema de Áreas Verdes, que têm como estratégia a manutenção da biodiversidade. Atende também a demanda do Ajardinamento e da Arborização, e dos projetos eleitos como prioritários pela superior administração, tendo como principais requisitantes de mudas, as Subprefeituras, com suas praças, canteiros centrais e outros logradouros públicos; a Secretaria da Educação, com suas unidades escolares; a Secretaria de Esporte e Lazer, com suas áreas de clubes municipais; a Secretaria de Assistência Social, com suas creches; a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania através do fornecimento de mudas para indígenas; solicitações advindas da Câmara dos Vereadores para atender necessidades de munícipes; e as Autarquias Municipais, como por exemplo, hospitais; entre outros. Compete a este viveiro ainda produzir mudas destinadas a compensação ambiental de obras municipais, desonerando o orçamento municipal da compra de mudas em qualquer tamanho.

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