Em 2017, a Prefeitura anunciou que a estrutura de concreto entre a Marginal do Rio Pinheiros e a Raia Olímpica da USP, erguida há 22 anos, seria demolida para dar lugar a um gradil. No entanto, a medida desagradou a maior parte dos frequentadores. Segundo eles, o projeto permitiria que a poluição dos milhares de automóveis, caminhões e ônibus que circulam na Marginal invadisse o espaço, onde há diversas árvores e uma pequena fauna composta por pássaros e outros pequenos animais. Na época da inauguração, o então Prefeito João Doria argumentava que não havia investimento da cidade na obra. A Prefeitura afirmava que “o novo muro foi viabilizado por meio de parcerias com a iniciativa privada, após entendimento entre a Prefeitura e a USP, que foi a responsável pelo chamamento público dos parceiros”. Porém, na semana passada, de acordo com o jornal O Estado de São Paulo, o prefeito Bruno Covas já admitia a possibilidade do Executivo Municipal investir dinheiro público na obra que está parada para um ajuste no projeto. Projeto polêmico Segundo o arquiteto e urbanista Nadir Mezerani, em entrevista exclusiva à Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais, “...o resultado de perícia pode indicar o caminho técnico e administrativo à USP, que conta com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) em seu espaço. Considerando os benefícios pretendidos com este conceito de vedação, pode exigir a correção técnica apontada pela perícia, ou a eventual não aceitação da obra...”. Segurança “Considerando outro tipo de vidro de segurança para atender a igual conceito de transparência, pode-se estudar material flexível, como o “laminado”: duas superfícies de vidros comuns com película especial plástica interna, tipo PVB (plástico poli vinil butiral) ou EVA (etileno vinil acetato). Trata-se, apenas, de informação de um material opcional para compor detalhe de outro projeto de arquitetura”, complementa Nadir. O entorno também é motivo de explicações do arquiteto. Apenas para versar diferentes conceitos de vedação, em outro contexto, há excelente solução ambiental com vegetação continua (“sansão-do-campo”; mimosa caesalpiniafolia), com cerca interna, adotada no canteiro central da Via Imigrantes. “Esta solução é esteticamente perfeita na paisagem. Além de absorver ruído, obstrui passagens de animais e feixes de luz dos veículos em pista oposta. Esta solução paisagística seria um exemplo a ser considerado para amenizar o prejudicial mar de asfalto na Via Castelo Branco entre São Paulo e Alphaville, ou em locais pertinentes aos ambientes inóspitos das Marginais”, explica. A situação do muro de vidro que separa a Raia Olímpica da Universidade da Marginal Pinheiros não é nada transparente e, embora o número de ocorrências seja alto, apenas dúvidas são visíveis. A polícia afirma estar trabalhando na investigação. Investigações Segundo matéria da Folha de São Paulo, a polícia desconfia de ação humana e teria identificado padrões nas ocorrências. Além do período da madrugada, especula-se sobre rotinas de trabalho, uma vez que em abril as placas foram quebradas em dias pares (18, 20, 24 e 28) e em junho em dias ímpares (5, 7, 11, 13, 15, 17 e 23). Esse fato apontaria para alguém que trabalha nas imediações. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirma que não foram localizados suspeitos ou o objeto utilizado. “A 93ª delegacia instaurou inquérito policial e investiga todos os casos semelhantes ocorridos desde o início de abril. Os laudos periciais solicitados apuram se os vidros foram danificados de dentro para fora ou vice-versa, não sendo encontrado até o momento nenhum vestígio de material contundente”, informa. A Prefeitura de São Paulo declara que, em abril, fez “um convênio com a Universidade para que a GCM possa patrulhar a área 24 horas”. A USP, por sua vez, esclarece que a GCM “realiza rondas no local, utilizando duas viaturas e duas motocicletas” e que vem sendo informada do andamento das investigações. Histórico Na época, técnicos do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP afirmaram que, se o muro de cerca de três metros de altura e dez centímetros de espessura fosse substituído por uma grade, a poluição poderia dobrar na região da raia olímpica. Assim, as críticas de especialistas e dos frequentadores fizeram a gestão Doria modificar o projeto e optar pela alternativa do muro de vidro. Segundo a USP, “o muro está sendo custeado por mais de 40 empresas, não onerando financeiramente a universidade”. O projeto foi orçado em R$ 20 milhões, de acordo com a Prefeitura, sendo a manutenção feita pela USP. “Os vidros que estão sendo substituídos fazem parte de peças extras de reposição”, informa a administração municipal. Segundo a Prefeitura, o muro tem placas de vidro temperado de 1,80 metro de largura e 3,15 metros de altura, com 12 milímetros de espessura e película de proteção. A divisória entre a Raia Olímpica da USP e a Marginal Pinheiros foi inaugurada parcialmente no início de abril. A instalação dos vidros tem conclusão prevista para a primeira quinzena de julho.