28/07/2022 às 22h29min - Atualizada em 28/07/2022 às 22h29min

Veranico intensifica presença de pernilongos em toda a região

Um dos grandes problemas do calor paulistano é o aumento do número de pernilongos, mesmo no veranico do inverno que estamos passando. Moradores das proximidades do Rio Pinheiros, do Morumbi, Butantã, Pinheiros e Santo Amaro, afirmam que o problema persiste. Não há antídoto certo que combata os mosquitos. A sua presença é minimizada por repelente, pastilhas de tomada, espiral e outros subterfúgios. Porém, a questão piora em períodos de calor. O Grupo 1 de Jornais entrevistou sobre o assunto, Paulo Roberto Urbinatti, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Ambientes propícios de proliferação
O problema tem persistido nas proximidades do Rio Pinheiros. Fossas negras e sépticas, calhas entupidas, galerias de água pluvial entupidas, rios e córregos contaminados com esgoto, piscinões, calçadas quebradas que permitem o acúmulo de água sob o revestimento e recipientes e resíduos sólidos de plástico, pequenos e grandes, acumulam água, podendo representar excelentes ambientes para a proliferação do pernilongo.

A Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais conversou com Paulo Roberto Urbinatti, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Gazeta de Pinheiros - Por que, em pleno inverno, é possível notar um grande número de pernilongos e mosquitos em São Paulo?
Paulo Roberto Urbinatti - Os pernilongos ou mosquitos como são conhecidos, se proliferam mais no verão, devido às altas temperaturas e por ser um período chuvoso. Devido às mudanças climáticas, provocadas pelas ações antrópicas.  Atualmente as estações primavera, verão outono e inverno estão sofrendo alterações, por exemplo, em pleno inverno observamos dias mais quentes. Essas mudanças são favoráveis para aumentar a densidade (quantidade) de mosquitos. Lembrando que os mosquitos tem uma fase aquática (ovo, larva e pupa) e outra fase terrestre ou aérea, que são os alados (machos e fêmeas). As espécies de mosquitos bem adaptadas às áreas urbanas são conhecidas como: Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus.

GP - Em quê a onda de calor influencia no tema?
PRU - Como expliquei na primeira questão, os mosquitos ou pernilongos se proliferam em maior quantidade na estação quente-chuvosa. No verão o ciclo de vida dos mosquitos é mais curto em relação ao inverno. No período quente o ciclo de vida do mosquito, do ovo até a fase adulta, pode variar em torno de 8 a 10 dias, com isso nascem muito mais mosquitos.

GP - Como é possível lidar com o problema nas residências?
PRU - Os mosquitos Aedes aegypti e o Culex quinquefasciatus são espécies bem adaptadas às áreas urbanas. As larvas do Aedes aegypti se desenvolvem em água "limpa" e parada no ambiente domiciliar, dentro e fora do domicílio. Os principais criadouros para as larvas e pupas são: prato de vaso, calhas, caixa d'água destampada, garrafa vazia, balde, copo plástico, pneu, etc. As fêmeas dessa espécie sugam o sangue ou picam as pessoas durante o dia e se as mesmas estiverem contaminadas com os arbovírus da dengue, zika ou chikungunya, podem transmitir às pessoas. A maneira de evitar suas picadas nas residências é eliminar todos os tipos de criadouros citados acima. O uso de ventilador é uma medida que ajuda a evitar as picadas, porque o vento desorienta o voo das fêmeas do mosquito. Uso de telas nas portas e janelas. As larvas do Culex quinquefasciatus se proliferam em ambientes onde concentra muita matéria orgânica (água suja), proveniente do esgoto doméstico e industrial, tais como: córregos, rios, lagoas, etc. O Rio Pinheiros é um excelente criadouro para as larvas de Culex, assim como vários córregos na cidade de São Paulo, que não recebem o tratamento de esgoto. As fêmeas de Culex quinquefasciatus sugam o sangue durante a noite, a partir do crepúsculo vespertino. Essa espécie, torna-se um problema de Saúde Pública, devido a grande quantidade de picadas efetuada pelas fêmeas, que provocam incômodo às pessoas. As medidas para evitar as picadas das fêmeas durante a noite, seria uso de telas nas portas e janelas e o uso de ventilador.

GP - Quais ações o Poder Público deveria tomar em relação ao assunto?
PRU - Ao poder público cabe desenvolver e aplicar efetivamente, as políticas públicas voltadas para a vigilância e controle dos mosquitos Aedes e Culex quinquefasciatus, nas áreas urbanas. Os agentes de saúde têm um  papel muito importante, na busca ativa de criadouros do Aedes, nas áreas mais infestadas do mosquito. Quanto ao controle do Culex, a responsabilidade dos gestores de saúde é desenvolver políticas de saneamento básico, no tratamento de esgoto dos rios e córregos na cidade.

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