07/07/2022 às 22h50min - Atualizada em 07/07/2022 às 22h50min

​Verticalização foge do Plano Diretor e prejudica a todos

Pinheiros, Butantã, Vila Madalena já foram bairros horizontais, com sobrados e casas. Assim, a iluminação era bem distribuída, com uma boa vegetação, ventilação e estrutura que favorecia a quantidade de famílias que viviam ou trabalhavam na região. Porém, nos últimos anos, a intensa verticalização tem adensado e a quantidade de prédios prejudicado a qualidade de vida.
De acordo com reportagem do jornal da Unesp, por trás da explosão de novos lançamentos imobiliários em São Paulo, está a habilidade das construtoras em manejar as regras do Plano Diretor da cidade, segundo seus próprios interesses. Estímulo à verticalização e adensamento em polos de transporte urbano, pretendia diminuir o déficit habitacional, mas acabou multiplicando edifícios de alto padrão.

Entrevista com Nabil Bonduki, relator do polêmico Plano Diretor
“A ideia era adensar, mas não dessa maneira”, diz o relator. O objetivo era permitir que surgissem edifícios acessíveis à população de baixa renda, possibilitando que mais pessoas pudessem morar e trabalhar nas regiões centrais. Haveria assim a consequente diminuição do deslocamento, do trânsito e da poluição. Na tentativa de limitar o tipo de construção, o texto original restringiu a 80 m2 a área média dos apartamentos. Na época, o mercado de imóveis estava em baixa e as construtoras pediram um período de adaptação. Ganharam então 40 m2 a mais, passando para a média de 120 m2 até 2019”, conta Bonduki ao Jornal da Unesp.

Verticalização atinge tradição local
O comércio local também é atingido pelo processo de verticalização que tem acometido a região. Preocupados com a verticalização, moradores de Pinheiros e Vila Madalena buscam diminuir os índices permitidos de construção no bairro. Pela proximidade do centro e fácil acesso, além de amplo comércio, a zona oeste é muito procurada, o que gera especulação imobiliária e a substituição de casas por edifícios. Moradores tentam defender história do bairro.

Tradição é demolida em processo de verticalização
Ao final do ano passado, a Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais trouxe depoimentos sobre o processo de verticalização da região.

“Mais uma demolição! Sinagoga de Pinheiros, antiga e cheia de Histórias vindo abaixo para dar lugar ao novo. E viva o Progresso!” N.G.

“Ninguém se preocupa com a história. Fundada em 1937, deveria ter sido tombada,uma pena.” N.C.

“Descobri que prédio da ACM perto da ex FBAC também vai cair e tudo por ali.” F.N.

“O que será deste bairro? Me assusta as notícias sobre demolições da característica do bairro e espigões que virão.” S.G.

“Fico pensando na sobrecarga de trânsito na rua Artur de Azevedo, com tanto carro saindo destes empreendimentos. Sem contar que esta movimentação de caminhões de terra, que saem da rua Francisco Leitão que, vão abalar muitas árvores que já estão condenadas.” V.D.

Local da ACM e de sinagoga deve receber mais uma torre
De acordo com informações, o terreno que era ocupado pela Associação Cristã de Moços e pela sinagoga de Pinheiros deve receber um empreendimento imobiliário. O condomínio vertical seria chamado de Praça Pedroso.

Adensamento atinge toda cidade
“A rua onde moro, Major José Marioto Ferreira, é estreita, estamos num trecho de apenas 150m, entre Giovanni Gronchi e Sabesp, e somos 5 condomínios. Estão fazendo o lançamento de um novo condomínio na rua, com 9 andares e 30 apartamentos por andar, sem garagem. O local não comporta esse absurdo. Estamos buscando saída, mas não está fácil.” A.M.

Pró-Pinheiros tenta manter a história
O crescimento predatório da construção civil continua no bairro de Pinheiros gerando várias incomodidades a moradores e vizinhança, como também ao meio ambiente no seu sentido mais amplo. Nas últimas duas semanas, houve o corte de árvores na Rua Capote Valente. Os moradores redigiram uma carta aberta, um manifesto e um apelo a Cyrela em prol de um conjunto de 20 árvores na Rua Cristiano Viana, 140. “Entendemos que, nesses tempos balizados pela pauta da crise climática e o desmatamento da Amazônia, cortar árvores é se posicionar contra as chamadas diretrizes de “sustentabilidade". Dispomos de tecnologia e conhecimento para mudar essa situação”, anunciaram

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.