24/03/2022 às 22h34min - Atualizada em 24/03/2022 às 22h34min

​Verticalização desafia todo o urbanismo na região

Pinheiros já foi um bairro horizontal, com sobrados e casas. Assim, a iluminação era bem distribuída, com uma boa vegetação, ventilação e estrutura que favorecia a quantidade de famílias que viviam ou trabalhavam na região. Porém, nos últimos anos, a intensa verticalização tem adensado e a quantidade de prédios prejudicado a qualidade de vida. Pinheiros tem se unido, junto com entidades com a Pró-Pinheiros para batalhas como essa.

Moradores comentam sobre novas construções
“Quando cheguei em São Paulo há 11 anos, fazia quase diariamente o trajeto casa/ateliê passando pela Artur de Azevedo. Alguns pontos foram, pouco a pouco, tornando-se familiares, como esse conjunto de casas. Nessa época, comecei a perceber que em outros lugares do bairro, algumas casas estavam desaparecendo para dar lugar a prédios sem estilo. Foi daí que nasceu o projeto antes que acabe e essas casas da Artur foram algumas das primeiras que desenhei, na 1a etapa da série.  Graças a elas, fui convidado para expor no Museu da Casa Brasileira, lançamos o livro com a mandacaru e o resto é história. Me partiu o coração passar por elas hoje e sentir que em breve não existirão mais, graças à ganância de incorporadoras como a Idea Zarvos que vende um estilo de vida que está destruindo. Senti hoje, por primeira vez, a vontade de sair do bairro e buscar outros caminhos. Achei interessante o que outra incorporadora escreveu em um tapume: "Pinheiros - o bairro que é síntese de São Paulo". Acho que resumo tudo. A terra arrasada de Pinheiros esperando sua próxima placa em inglês. Há crise econômica? Sim, certamente. Mas não atinge a construção civil e a especulação imobiliária, capitais ativos da pandemia. Se há de fato uma crise, ela é mais ampla: ética, estética e ambiental. E a ideia política de esfera pública chegou em seu mais alto nível de degradação. Reparem na razão de escala absurda entre o portão metálico, o mastro fincado no chão e o homem solitário andando no sol a pino. O modulor corbusiano não faz mais qualquer sentido aqui”, concluem.

“Se pudéssemos transformar essa área toda, esse quarteirão inteiro em um parque…  seria perfeito!” E.Z.F.

“Pinheiros, infelizmente entregue a especulação. E ainda tem gente que diz que é progresso.” P.B.

Demolições e especulação imobiliária também se aprende na escola
Hoje (25), a professora Flávia Brito fará em Pinheiros uma atividade com seus alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU), que consistirá numa caminhada pelo bairro e uma roda de conversa com os participantes do movimento Pró-Pinheiros, que tem resistido e denunciado as transformações urbanas no bairro.
O tema da atividade é “Demolições e especulação imobiliária no bairro de Pinheiros: resistências, patrimônio e a sociedade civil”. A proposta, segundo a professora, “tem por objetivo discutir as brutais transformações ocorridas nos bairros de São Paulo provocadas pela especulação imobiliária. Pretende debater o lugar do planejamento e do patrimônio em São Paulo e a construção de sentidos pelos moradores, problematizando as relações entre especulação imobiliária, cotidiano e preservação do patrimônio e, finalmente, o papel da sociedade civil organizada”.
A atividade com duas horas de duração (das 10h às 12h), deverá contar com cerca de 30 estudantes, que percorrerão trecho da rua dos Pinheiros próximo ao metrô Fradique Coutinho e irão ainda às ruas Capitão Antônio Rosa, Auriflama, Pascoal Del Gaizo e Dr. Phídias de Barros Monteiro (Vilas do Sol) e Dr. Virgílio de Carvalho Pinto.

Quadrilátero Vilas do Sol
“Este é o quadrilátero horizontal! Venha conhecer, apreciar e curtir! Vamos preservar! Compostos de pequenas casas, famílias jovens, famílias completas, crianças, idosos, animais de estimação, flores, plantas, maritacas, sabiás, beija-flores, andorinhas e até saguis! Temos comércios de excelência, charmosos cafés, bistrôs, chocolaterias, sorveterias, pequenos restaurantes com suas mesas na calçada, lojas descoladas de roupas, de artesanato, de arte! São tantas opções de visitas, de compras e delícias. Essa área está sofrendo assédio de compra de casas por incoporadoras desejando construir um prédio e perder essa horizontalidade que faz esse quadrado tão atraente! Ninguém quer mais um prédio residencial!
Não porque prédios não sejam opções de moradia, mas pra cada coisa tem seu lugar certo e essa área baixa não é um lugar pra construir edifícios! Todos sabem, só que, a lei equivocada considera qualquer área igual dentro da Zona de Estruturação Ubana (ZEU) na zona de eixos de transporte podendo construir prédios altos (C4), com recuos mínimos de 3 metros de seu limite de terreno. Não combina, não dá! Segue o Manifesto: https://bit.ly/manifesto-pinheiros-unico-quadrilatero. Somos muitos gratos por seu apoio.”

Pró-Pinheiros tenta frear este cenário
A entidade Pró Pinheiros reúne as associações AMJA-Ass. de Moradores e Comerciantes da rua Joaquim Antunes; AMAPP-Ass. dos Moradores e Amigos dos Predinhos de Pinheiros; AMATEUS-Ass. de Comerciantes e Moradores da Rua Mateus Grou; AAPBC-Ass. dos Amigos da Praça Benedito Calixto; AMOLVI-Ass. de Moradores e Lojistas da Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, além dos coletivos Fórum Verde Permanente e Movimento Defenda São Paulo, promove um abaixo-assinado que já está chegando a 4 mil assinaturas em protesto à descaracterização do bairro. O documento “Manifesto contra a verticalização inadequada do através do AVAAZ” pode ser acessado em https://bit.ly/manifesto-pinheiros-unico-quadrilatero

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