03/03/2022 às 23h07min - Atualizada em 03/03/2022 às 23h07min

Escola de Mecânico

​Sandra Nalli, CEO e fundadora da Escola do Mecânico, e de impacto social que forma mecânicos

Aos 14 anos, dirigia o fusca vermelho do pai e, com essa idade, começou a trabalhar na área de reparação automotiva como jovem aprendiz, em uma grande rede do País. O primeiro contato com a mecânica foi o suficiente para se apaixonar, e nunca mais saiu.
Sofreu muito preconceito nessa jornada até aqui, principalmente quando pediu para gerenciar a oficina da empresa que trabalhava e a resposta foi NÃO. Depois, se colocou à disposição para estudar e aprender a fazer manutenção dos carros.
Fez cursos, se especializou na área e, mesmo assim, ouvia frases do tipo dos clientes “Não tem um homem para vistoriar o meu carro?”, “Mas, você tem habilitação”. Resiliente, ela respondia que sim, mas exigiam sempre que um homem da equipe estivesse junto com ela vistoria.
Nunca desistiu, até que conseguiu a oportunidade.
A ideia de empreender começou como um projeto social na Fundação Casa, onde era voluntariada. Ela percebeu que podia formar alguns detentos que tinham vocação para esse tipo de trabalho. Ela viveu o dilema de, já naquela época, ter dificuldade para encontrar e recrutar bons mecânicos. Então viu que podia ela mesma formar essas pessoas, empregá-las e regenerá-las. O impacto social sempre esteve presente.
Alugou 10 salas em um estacionamento até ir para um barracão bem rústico e simples, e, ali, começou os primeiros passos no empreendedorismo, oferecendo cursos de capacitação. Pediu para grafitar deu seus primeiros passos no empreendedorismo. Pegava a lista páginas amarelas e ficava ligando em oficina e oficina para oferecer os mecânicos já formados, até criar o App Emprega Mecânico.
Tinha em mente que não podia errar, pois seria mais uma vez motivo de falas como “Lugar de mulher não era ali”. Estudava mais que os homens, e praticava mais que os homens. Quando a procura aumentou, optou por comercializar uma parte dos serviços até que virou franquia em 2016. Hoje, com 41 anos, a Escola do Mecânico tem10 redes próprias e 26 franquias. Conta com 460 instrutores de treinamento e 296 colaboradores.
Recentemente, recebeu investimento da Yunus Corporate, conhecido como o banco dos pobres e dos negócios sociais, que aportou R$ 1 milhão – um dos poucos negócios fundado por uma mulher a ser selecionado para receber o investimento. O valor está sendo empregado em marketing, canais de aquisição, pessoas, novos cursos e tecnologia, com o objetivo de  aumentar a capacidade de impacto.
Mercado
Com a pandemia, a demanda por técnicos em mecânica veicular cresceu muito. Só em setembro foram 14.877 vagas abertas em oficinas mecânicas, segundo o CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Cerca de 90% das vagas são para o setor de reparação automotiva, como oficinas, centros automotivos, concessionárias de carros e caminhões, seguradoras, funilarias, lojas de instalação de acessórios automotivos e lojas de vendas de peças. A previsão é um aumento de até 19% na busca por mecânicos em 2023.

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