09/12/2021 às 22h38min - Atualizada em 09/12/2021 às 22h38min

​Entidades vão ao MP, no suposto crime ambiental de corte de 250 árvores, feito pela Sabesp e autorizada pela Cetesb, no Morumbi

Entidades da região, como a Sociedade Amigos do Jardim Leonor e Vila Inah, além de outras do Morumbi, Butantã e Caxingui, apoiados pela população, São Paulo F.C. e seus milhares de associados e torcedores, Clube Paineiras do Morumby, ACSP- Associação Comercial de São Paulo, ambientalistas e engenheiros, vão pedir investigação à Promotoria de Justiça do Meio Ambiente do Ministério Público do Estado de São Paulo, sobre o suposto crime ambiental, acontecido no início de novembro, e na “calada da noite”, onde mais de 250 árvores frondosas foram cortadas, para uma obra desconhecida pela comunidade. O local era um grande bosque público municipal, feito há mais de 25 anos, pela população local, com árvores do projeto de compensação ambiental da USP. As entidades querem esclarecimentos detalhados da CETESB e a razão da autorização do corte, sem um estudo mais detalhado. E estranham que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição, encarregada da preservação e recuperação na qualidade das águas, do ar e do solo, fez exatamente o contrário de sua função principal, com a autorização do corte nas praças, defronte o Estádio do Morumbi, mais precisamente na Rua Corgie Assad Abdalla confluência com Av. João Saad. A razão mal explicada, seria a realização pela Sabesp de ‘unidades de recuperação’ do Córrego Antonico, ou seja, verdadeiros ‘piscinões’ de tratamento de esgoto desse córrego, tudo em flagrante violação à Lei 9.605/98, que trata de crimes ambientais.

Investigação do Ministério Público
As imagens da destruição da área verde causaram revolta e indignação da população. A justificativa principal seria para o sucesso do ‘Projeto Novo Rio Pinheiros’, o que não explica a barbárie praticada, pois há vários locais descentralizados e afastados da área residencial, sem cobertura vegetal para essas supostas obras de ‘recuperação’, pois tanto a Cetesb como a Sabesp não esclarecem como vão evitar as enchentes no local, prejudicando ainda mais os moradores do Butantã e Morumbi. A comunidade levanta suspeitas na aprovação do projeto, uma vez que até o Secretário Executivo de Mudanças Climática do Município, Antonio Fernando Pinheiro Pedro, desconhece (em entrevista ao Programa ‘Gente que fala’ na Rádio Trianon no último dia 24), bem como a Subprefeitura do Butantã e as entidades constituídas, que desconhecem e reivindicam agora uma Audiência Pública e afirmam o mau uso do dinheiro governamental.

“Os fins não justificam os meios...”

“Desconhecemos e estranhamos a razão pela qual o projeto não foi apresentado e a dificuldade do Governo em torná-lo público, para discussão com a sociedade organizada”, afirma Yves Jadoul, Presidente da Sociedade Amigos do Jardim Leonor e Vila Inah.

“Os fins não justificam os meios. Quais soluções os projetos estão buscando? São métodos e soluções antigas. Não podemos ‘engolir’, principalmente em épocas de crises hídrica e climáticas”. Ivan Maglio, engenheiro, mestre e doutor, pesquisador do IEA/USP.

Enchentes e trânsito caótico
E as enchentes vão continuar, pois o projeto ideal, segundo engenheiros, especialistas e ambientalistas, seria fazer um pequeno piscinão para evitar as constantes enchentes, com tratamento do esgoto puro que é hoje o Córrego Antonico, atrás das instalações sociais do estádio do Morumbi. Como as obras estão anunciadas em placas enormes, ao custo médio de 100 milhões, o suposto “projeto desconhecido” deve ser o mesmo que foi anunciado em governos anteriores, ou seja, provável retificação do córrego, instalação de unidades de tratamento, na área defronte ao Estádio do São Paulo F.C., imediatamente atrás da base da Polícia Militar, e devolução do córrego ao seu leito, até chegar ao poluidíssimo rio Pirajussara na Avenida Eliseu de Almeida.
Imagina-se uma confusão no trânsito na área, com a interrupção das Avenidas Giovanni Gronchi, João Saad, Jules Rimet e Praça Roberto Gomes Pedrosa, por um período extenso. E o odor fétido, sem dúvida, vai se espalhar por toda a área.

Sabesp tenta explicar o inexplicável
Marco Antonio Lopez Barros, superintendente de gestão de empreendimentos da Sabesp novamente não explicou em entrevista à ‘Rede Globo’ no último dia 24, como será o projeto inteiro, apenas qualifica a importância da despoluição do Rio Pinheiros e que as 250 árvores frondosas cortadas indiscriminadamente no local vão ser ‘compensadas’ com o plantio de 3 mil mudas na Serra da Cantareira.

“O grande problema é a falta de transparência... E o projeto absurdo que será feito!”
“Porque esse projeto da Sabesp de despoluição do Pinheiros com obras de tratamento nos córregos - inclusive Antonico- não está claro? Foi licenciado? Teve estudo ambiental? Qual é o projeto? Nada esclarecido por ser um projeto de interesse da Sabesp que está na SIMA-Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Projetos de interesse do Governo não precisam seguir a legislação ambiental? Ainda que os fins sejam positivos, os meios podem ser impactantes! A SIMA e Sabesp têm muito a esclarecer. A situação é preocupante porque o Governo do Estado alterou o projeto original, anteriormente discutido com a população, e ninguém sabe como será esse novo. Um acordo do Governo do Estado, sem o prévio debate e clareza com os moradores da região. Nenhuma autoridade dá informação técnica ou consistente sobre o projeto. Apenas declaram que é preciso limpar o córrego e que com isso o rio, que é afluente do Pirajussara e deságua no Pinheiros, as enchentes terminariam (mágica?).” A.A.

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