18/11/2021 às 23h16min - Atualizada em 18/11/2021 às 23h16min

​Comunidade questiona corte de 120 árvores autorizada pela CETESB e unidade de ‘recuperação’ do Córrego Antonico

Locais com pavimentação pronta foram descartados e projeto polêmico, aprovado pela Cetesb e Sabesp, acabou com a área verde em 24 horas
Próximo ao Estádio do Morumbi, já foram iniciadas as obras da Unidade de Recuperação (UR) do Córrego Antonico, com a derrubada de mais de uma centena de árvores frondosas, plantadas pela comunidade há mais de 20 anos. Moradores locais continuam questionando as medidas e querem punição para os responsáveis. A Sabesp, responsável pela obra, afirma a “compensação ambiental” que é uma  obra importante para a despoluição do Rio Pinheiros. A Cetesb informa que a emissão das licenças e autorizações acontece de acordo com a legislação ambiental, mas a agência destinada à melhoria do ar, agora contribui para a sua piora, em flagrante violação à Lei 9.605, que trata de crimes ambientais, ao que parece. A Sabesp e a Cetesb, na verdade, não ouviram a comunidade e as entidades regionais, que foram pegas de surpresa, na calada da noite, em tempos de recuperação de área verdes degradadas, o que sucede não apenas aqui, mas em todo o país. Como se trata de autorização legal, segundo  foi relatado,  talvez não se configure um crime ambiental, mas, no mínimo, um ato deplorável contra toda a sociedade. E mais: a Prefeitura desconhece o projeto e as informações são todas desencontradas, não havendo ainda transparência do poder público, segundo os ambientalistas.

Moradores contestam
“A CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – que é uma agência do Governo do Estado responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição, encarregada da preservação e recuperação na qualidade das águas, do ar e do solo, está fazendo exatamente o contrário de sua função principal, visto que autorizou o corte na última semana aproximadamente 120 árvores de médio e grande porte, situadas na praça defronte o Estádio do Morumbi, mais precisamente na Rua Corgie Assad Abdalla. Com isso, a agência destinada à melhoria do ar contribui para a sua piora, em flagrante violação à Lei 9.605/98. As imagens da destruição da área verde causaram revolta e indignação da população, pois as árvores foram plantadas há 20 anos, muitas delas frondosas. O que fazer? Aguardar mais 20 anos até que novas árvores sejam plantadas em outro local?”. C.T.

“Até o momento, todos as associações e órgãos que representam a sociedade organizada, desconhecem o projeto que ali será implantado. Nem Cetesb, nem Sabesp e até nem mesmo a Subprefeitura, apresentaram o esboço do plano previsto para  o local. Trata-se de uma unidade recuperadora.  Acreditamos que não é de tratamento, ou seja, não se trata de uma unidade de tratamento, mas sim de flotação. Essa é uma área de recuperação ambiental da USP-Universidade São Paulo, onde havia vegetação existente em razão da compensação ambiental, inclusive do próprio Rio Pinheiros.” A.A.

“Por que não instalar este processo de possível limpeza, em áreas afastadas de residências? Ou mesmo outros locais mais adequados, com conhecimento prévio das associações parceiras do meio ambiente e moradores da região? A pressa é inimiga da perfeição para o importante projeto de limpeza do Rio Pinheiros, e quem sofrerá as consequências são os moradores que novamente serão prejudicados”. L.D.

Sabesp afirma ser solução inovadora
A Sabesp esclarece que a Unidade Recuperadora da Qualidade (UR) Antonico é parte importante do programa Novo Rio Pinheiros e tem como objetivo recuperar a água do córrego, devolvendo-a limpa a seu leito. Não se trata de piscinão nem de uma estação de tratamento de esgoto, mas de uma solução inovadora e essencial para a despoluição do rio Pinheiros e a melhoria da qualidade ambiental da região do Antonico. A obra possui as autorizações necessárias e fará as compensações ambientais previstas: plantio de 3.005 mudas de espécies nativas, incluindo 212 no próprio local.

Cetesb afirma que não é responsável pelo corte de árvores (?)
Em nota, a CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, informa que, “conforme ressaltado anteriormente, não é responsável pela supressão da vegetação no local, mas sim pela análise dos projetos e emissão das licenças e autorizações, mediante o atendimento a legislação ambiental vigente”.

“Autorização legal, mas imoral”
A comunidade revoltada ainda com o corte das 120 árvores. “Como houve a autorização pela Cetesb, seja ela de ‘pronto atendimento’ ao seu Governo ou sem uma análise aprofundada e ainda, sem ouvir a comunidade que plantou e fazia uso do bosque com árvores frondosas, trata-se de uma afronta contra a população. Com tantas áreas livres pavimentadas próximas, até abandonadas pelo poder público, precisava usar exatamente aquela que já era uma área de recuperação ambiental da USP? Esperamos revogação da autorização imediata para a construção de ‘estações de tratamento de esgoto’, e a total recuperação da área, com a colocação de árvores em tamanho desenvolvido”, concluem os moradores.

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