02/09/2021 às 23h17min - Atualizada em 02/09/2021 às 23h17min

Audiência Pública da Praça Pôr do Sol mostra adversidade entre moradores e frequentadores

Projeto que pretende transformar o status da Praça Cel. Custódio Fernandes Pinheiro, conhecida como ‘Pôr do Sol’ para parque, teve a realização de ‘Audiência Pública’ no último dia 26 de agosto, onde inúmeros depoimentos demonstraram diferenças e disputas, entre os moradores vizinhos à área de mais de 31 mil m2, que apoiam a medida e os frequentadores, que sempre condenaram o cercamento do local. Entidades, moradores e poder público Nesta audiência falaram além dos moradores, os representantes da Secretaria de Governo Municipal, Secretaria Municipal da Fazenda, Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, Secretaria Municipal das Subprefeituras, Subprefeitura de Pinheiros, além da Sociedade de Amigos do Alto de Pinheiros e do Coletivo das Vilas Beatriz, Ida e Jataí. Defesa do parque Moradores vizinhos ao local, defendem a transformação do novo parque, com muito verde e árvores remanescentes da Mata Atlântica, receberá infraestrutura adequada às suas potencialidades, com segurança e mais atrativos de lazer, esporte e cultura. A área será qualificada, se tornando um equipamento público referência em atividades de preservação do meio ambiente, educação ambiental, atividade física e esportiva, espaço de lazer para animais domésticos e sanitários e bebedouro para os usuários. Protestos ao cercamento Do outro lado, moradores e frequentadores condenam o cercamento, desde o ano passado, quando foi fechado por tapumes com custos absurdos de aluguel, que passaram de R$ 2 milhões. Defendem uma maior conservação do local, acessibilidade, instalação de infraestrutura para os frequentadores, além de maior segurança, sempre sem grades, para não tirar a beleza do local. Lembram que na administração de Fernando Haddad, já foi tentada a transformação, sem sucesso ou apoio da comunidade. Segunda votação da Câmara vai decidir O Projeto de Lei 454/2021,  de autoria do vereador Xexéu Tripoli (PSDB), que propõe a transformação foi aprovado em 14 de julho, em primeira votação na Câmara Municipal. Se aprovada em segunda, a gestão do parque passaria da Subprefeitura para a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. “Embora existam opiniões divergentes, a audiência pública mostrou que há um consenso entre as diferentes partes: a praça precisa de melhorias para que ela ofereça melhor acessibilidade, mais conforto e segurança. Conforme explicitado pelos representantes da Prefeitura, a Subprefeitura tem limitações financeiras para a manutenção de uma praça como a Pôr do Sol, que tem características próprias, diferente de outras praças da região, devido ao número de visitantes diários e seu uso. Daí, surge a necessidade de um novo modelo de gestão com um projeto urbanístico específico com equipes dedicadas à sua manutenção e serviços aos usuários. Sobre a segunda votação, ela será feita em tempo oportuno e iremos anunciar assim que o projeto for pautado”, comenta Trípoli. “Visão cor de rosa que não existe” “Transformar em parque, conjuntamente com 107 outros existentes, que já não tem sequer recursos para manutenção, é uma visão cor de rosa que como sabemos não existe”. A crítica, foi feita pelo engenheiro civil Ivan Maglio, consultor e pesquisador do Instituto de Estudos Avançadas da USP, para ‘Cidades Globais’, durante Audiência Pública realizada na Câmara Municipal, para discussão do assunto. Ainda segundo Maglio, a realidade dos parques municipais é de crise gestão e de recursos. Logo, “essa de ser parque ou praça é uma falsa questão. A questão é ter um fundo com possibilidade de doações, e buscar um projeto urbano moderno ligado ao clima. A praça é permeável mas poderia captar água para sua própria manutenção. Falta segurança no entorno e falta a prefeitura tirar partido de um ponto turístico que merece mais cuidado, e atenção. O fechamento como foi feito é até perigoso por ter pouca opção de saída, além de ser horroroso esteticamente”. Maglio, comenta ainda, que se deveria buscar uma visão moderna como se tem no mundo em praças ou parques cometidos por Associações de Conservação, como é o caso da Central Park Conservation. Com fundo próprio, e podendo receber doações inclusive internacionais. A Praça Pôr do Sol pode se transformar num ícone de resiliência urbana pela permeabilidade e captação de água. Inovar no modelo de gestão “É preciso inovar no modelo de gestão e na forma de obter recursos para a gestão da praça (ou parque). Parque urbano não é unidade de conservação de proteção integral e pode ser aberto e cumprir sua função que no caso do Pôr do Sol é a fruição da paisagem externa à ela. Ainda na Audiência Pública, foram várias as acusações de que foi decidido arbitrariamente com a pressão de entidades de moradores que ainda veem o local como uma praça de bairro, que há muito ela deixou de ser. Assim, a praça virou uma atração turística da cidade e precisa de uma visão de futuro que use isso como oportunidade e não a transforme num condomínio local” conclui Ivan Maglio,  que discorda da proposta discutida na Câmara. «Não cabe um plantio com espécies de Mata Atlântica, pois é uma praça de lazer e de contemplação, onde o grande foco é a paisagem que ela traz de toda a baixada do Pinheiros e do Pôr do Sol. A beleza dela está fora dela. Na vista e na paisagem e nos poucos espaços com um grande horizonte para a cidade!”. Local está reaberto, com críticas da população A praça foi reaberta no dia 1º de agosto, mas os frequentadores reclamam do cercamento mal feito, escadas no lugar de rampas, que impede o acesso a cadeirantes, carrinhos de bebê e até de idosos, além de muito lixo acumulado nas suas dependências. A subprefeitura afirma que as lixeiras já estão sendo esvaziadas com maior frequência. Não explicou a falta de acessos e restrição aos frequentadores com alguma deficiência motora. Desde então, das 8h às 18h, está liberada para uso diário da população. A decisão foi tomada após 80% da população elegível ter sido vacinada com ao menos uma dose contra a Covid-19. Porém, o espaço agora conta com regras de utilização para evitar a disseminação da Covid-19. É obrigatória a utilização de máscaras para acesso e durante todo o tempo de permanência no local; na entrada, haverá aferição de temperatura e álcool em gel à disposição; a população deverá respeitar o distanciamento social e haverá controle de acesso a fim de não causar aglomeração.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.