01/07/2021 às 22h59min - Atualizada em 01/07/2021 às 22h59min

Barulho dos aviões volta a atormentar moradores

Das 6h às 23h, o aeroporto de Congonhas recebe e decola voos e com a pandemia reduziu a sua atividade. Mas agora está voltando ao normal e as rotas das aeronaves, que foram desviadas há três anos, sem razão ou explicação plausível,  passam por cima de bairros da região, com baixa altitude e ligando suas turbinas ao máximo. O barulho dos aviões pode gerar danos irreversíveis à saúde, como estresse e aumento da pressão sanguínea, problemas mais frequentes em pessoas idosas. Uma pesquisa realizada pala Escola de Saúde de Harvard, nos Estados Unidos, indica que o volume do tráfego de aeronaves é considerado alto quando ultrapassa 55 decibéis, dez níveis acima do índice permitido pela Lei do Psiu na cidade de São Paulo. De acordo com o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) 161, o operador do aeródromo em questão deve possuir uma Comissão de Gerenciamento de Ruído Aeronáutico, cujo objetivo é “estudar, propor e implementar, no seu âmbito de atuação, medidas para mitigar o impacto do ruído aeronáutico no entorno de seu aeródromo sempre que identificar atividades incompatíveis com o nível de ruído previsto no PZR”, e, além disso, deve realizar projeto de monitoramento de ruído, de forma a analisar e encontrar soluções para sua mitigação. O que não está acontecendo nos bairros do Morumbi, Vila Andrade, Panamby, Portal, Vila Suzana, Vila Sonia, Jardim Guedala e ainda em Pinheiros, Osasco e todo o Butantã. A restrição quanto ao horário de operação do Aeroporto de Congonhas é determinada por legislação do órgão regulador e fiscalizador competente – a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O documento hábil sobre o assunto é a Resolução n.º 55, de 8 de outubro de 2008. (http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/resolucoes/resolucoes-2008/resolucao-no-055-de-08-10-2008/@@display-file/arquivo_norma/RA2008_0055.pdf), que estabelece os critérios de utilização do aeródromo. As exceções previstas também estão descritas no documento. Artigo aponta problema com o barulho Um artigo de Cypress Hansen publicado na revista Knowable Magazine aponta para os problemas do barulho alto na saúde. Thomas Münzel, cardiologista do Centro Médico Universitário de Mainz comenta que: “Eu morei perto da Autobahn Alemã e perto dos trilhos de trem do centro da cidade”, diz ele. “O ruído da aeronave é, de longe, o mais irritante.” Münzel havia lido um relatório da Organização Mundial da Saúde de 2009 que relacionava o ruído a problemas cardíacos, mas as evidências na época eram escassas. Impulsionado em parte pela preocupação com sua própria saúde, em 2011 ele mudou o foco de sua pesquisa para aprender mais. De acordo com o texto, a exposição a ruídos altos há muito está associada à perda de audição. Mas a confusão de aviões e carros cobra um preço além dos ouvidos: o ruído do tráfego foi apontado como um grande estressor fisiológico, depois da poluição do ar e em pé de igualdade com a exposição ao fumo passivo e ao radônio. Na última década, um crescente corpo de pesquisas vincula mais diretamente o ruído do tráfego aéreo e rodoviário a um risco elevado de uma série de doenças cardiovasculares - e os cientistas estão começando a identificar os mecanismos em jogo. A evidência dos efeitos fisiológicos do ruído - seja em células e órgãos ou populações inteiras - “está realmente se juntando e pintando um quadro do problema”, diz Mathias Basner, psiquiatra e epidemiologista da Universidade da Pensilvânia e presidente da Comissão Internacional sobre o Efeitos biológicos do ruído. No entanto, ele acrescenta, poucas pessoas estão cientes da gravidade do que seus colegas chamam de “assassino silencioso”. A análise dos possíveis problemas decorrentes do ruído aeronáutico envolve a ANAC, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e os operadores dos aeródromos abrangidos, entre outros. Desta forma, é realizado um mapeamento das solicitações/reclamações relacionadas com ruído aeronáutico em uma determinada região, de maneira a permitir a tomada de ação pelos diversos envolvidos. Esse apontamento, observação ou reclamação pode ser feito por meio do acesso ao endereço eletrônico https://sistemas.anac.gov.br/pesquisas/index.php/935953?lang=pt-BR.


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