27/05/2021 às 22h04min - Atualizada em 27/05/2021 às 22h04min

Piscinão Francisco Morato: lixo e esgoto a céu aberto

Subprefeitura do Butantã abandonou  o Piscinão da Francisco Morato que está contaminado, cheio de lixo, dejetos e detritos sem tratamento, num dos locais mais movimentados do bairro, divisa com Taboão da Serra, em tempo de pandemia. Sem contrato para limpeza, o local permanece sem higienização, com sérios riscos à saúde da população. Questionada sobre novos contratos para acabar com o problema, a prefeitura não respondeu até o fechamento desta edição. Procurada insistentemente por e-mails e telefonemas, a subprefeita Janaina Lopes de Martini e o chefe de gabinete Luiz Carlos Pinheiro Portella Junior não responderam aos questionamentos da comunidade, que critica a falta de atenção e descaso dos novos administradores, com os sérios riscos expostos aos  moradores da região. Contrato suspenso: criadores de insetos O contrato de limpeza periódica, encontra-se suspenso. Questionada sobre a previsão de retomada ou renovação do contrato, a SECOM - Secretaria de Comunicação do executivo,  desconhece.  Em nota, apresentou dados sobre a limpeza do local até março, entretanto, as fotos atuais mostram exatamente o contrário. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e a Coordenadoria Regional (CRS) Oeste informam que foi realizada a vistoria do referido piscinão, no dia 17 de março, e “não foram encontradas condições para proliferação de animais sinantrópicos”,  porém as fotos mostram criadouros de insetos que podem provocar a dengue, o zika vírus e a chikungunya e colocam supostamente em dúvida o trabalho dos profissionais, principalmente neste delicado tempo de pandemia. Acúmulo de água parada A Subprefeitura do Butantã que responde pelo local, não se manifestou e também ainda não tomou providências. As fotografias do local, apontam acúmulo de água parada,  esverdeada, com esgoto e lixo no local, visíveis a olho nú.  Os leitos dos córregos Pirajuçara e Poá (Francisco Morato e Campo Limpo) ficam mais alto do que os piscinões. Assim, quando enchem no seu interior, as águas precisam ser “bombeadas” artificialmente de volta ou retiradas com caminhões tanque. Edital No dia 29 de fevereiro de 2020, a Prefeitura publicou, no Diário Oficial do Município, o edital da Parceria Público-Privada (PPP) de piscinões (ou reservatórios de águas pluviais) da capital. Porém, o da Francisco Morato não consta no edital e está abandonado pelo poder público. Pior ainda, foi o anúncio feito pela própria  Prefeitura de São Paulo, durante o lançamento do Plano de Metas para a Cidade, onde foram apresentados 12 projetos de Piscinões em bairros estratégicos.  A simples menção ao propósito previsto para evitar as enchentes, causou intranquilidade  junto sociedade civil organizada.Os debates se intensificaram e várias outras alternativas foram  propostas e discutidas para solucionar e evitar as enchentes na capital. Existem soluções, por outro lado, que foram elaborados exatamente com objetivo de evitar contaminação durante o armazenamento da chuva excessiva . Muito mais sustentáveis. Reservatório Abegoária Um exemplo é o reservatório Abegoária, projetado pelo escritório Guajava Arquitetura de Paisagem e Urbanismo, e que consta nos cadernos de Bacia Hidrográfica, sob coordenação da SIURB - Secretaria de Infraestrutura e Urbanismo da Prefeitura, e com o apoio técnico da FCTH - Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica. Os cadernos compõem um importante instrumento para a redução dos riscos de inundação das bacias hidrográficas do Município de São Paulo e estão cheios de propostas inovadoras de melhorias para drenagem urbana. O Reservatório Abegoária, é composto de uma rede de infraestrutura verde para as bacias dos Córregos Verde I e II, e é um dos primeiros representantes de um "Piscinão Verde" inserido dentro de uma proposta integrada de tratamento das águas urbanas no Caderno de Bacias Hidrográficas da Prefeitura de São Paulo. Substituições para os medonhos piscinões O projeto, elaborado pelas arquitetas urbanistas  Riciane Pombo e  Adriana Sandre demonstra que é possível, em diferentes momentos, fitorremediar e reter as águas pluviais e fluviais e pode ser aplicado como substituição aos reservatórios tradicionais, os medonhos "piscinões". Além disso,  a funcionalidade múltipla do Reservatório Verde, mostra que é possível contemplar a abertura de um trecho de córrego urbano canalizado, por exemplo, trazendo substancial melhoria da qualidade de suas águas, associada a reservação de parte do escoamento da bacia.  Ao reter volumes significativos, durante períodos de chuvas intensas ou extremas, o reservatório evita inundações. E ainda pode potencializar ganhos dedrenagem com  jardins de chuva,  distribuídos ao longo da bacia. São alternativas infinitamente mais "limpas" e eficientes quando ocorre o pico de concentração de possíveis poluentes nas águas pluviais e fluviais. O sistema de vazão encaminha-se por diferentes trechos de tratamento de resíduos sólidos em um sistema de grelhas que facilita a manutenção e limpeza junto a uma bacia de sedimentação no inlet do reservatório.  No trecho seguinte, o aumento da rugosidadedas margens do córrego, ocorre com o plantio de espécies tolerantes à alagamentos, que permitem a diminuição da velocidade do escoamento e possibilitam o processo de deposição de sedimentos finos nas pequenas ilhas formadas pela ramificação das águas. Ao final,as águas são direcionadas, novamente, à galeria. Áreas de lazer Outro fato de grande destaque e ganho para as cidades é que este tipo de reservatório se transforma também, em área de lazer e recuperação ambiental, além de atuar como modelo urbano de tratamento da água associada ao lazer e trazer de volta a relação afetiva  da população com os cursos d'água.
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