30/11/2018 às 17h37min - Atualizada em 05/05/2021 às 10h03min

Como os condomínios podem se proteger melhor da insegurança?

Um condomínio de luxo é assaltado por uma quadrilha. O roubo aconteceu apesar de toda a segurança na qual os moradores confiavam. A Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais conversou com especialistas em segurança condominial para ver alternativas possíveis e como minimizar o risco de que isso aconteça em outros locais. De acordo com a Polícia, na avenida José Galante, região do Morumbi, cerca de 15 criminosos entraram no local e roubaram moradores. A Polícia Civil identificou dois carros utilizados pela quadrilha e está colhendo depoimentos de testemunhas para identificar e deter os envolvidos. Conversamos com Décio Soares, Diretor do Grupo Souza Lima, Ailton Riera, gerente comercial da Impacto Segurança e Serviço, Walter Uvo, especialista em tecnologia de segurança da Minha Portaria e Amilton Saraiva, especialista em segurança da GS Terceirização. Gazeta de Pinheiros - Como um condomínio pode se prevenir de assaltos? Décio Soares - São três ações importantes que chamamos de solução integrada. Mão de obra especializada (os profissionais de portaria e vigilância devem seguir uma cartilha especifica e customizada e serem treinados especificamente nestes temas, já que a maioria das empresas fornecem um manual padrão que geralmente não funcionam); tecnologia customizada (CFTV, Controle de Acesso Inteligente) e monitoramento são ferramentas essenciais para aumento de prevenção e condôminos bem orientados (é evidente que a maioria dos acessos indevidos aos condomínios são realizados pelas falhas cometidas por condôminos desavisados ou indisciplinados. Por isso, orienta-los é obrigação do condomínio e eleva a prevenção). Walter Uvo - Investindo em segurança! A portaria remota tem sido o melhor caminho. Para cada condomínio é feito um estudo e análise dos pontos que devem receber mais atenção,  que precisam ser mudados ou adaptados para fortalecer a segurança do local. A central de monitoramento está sempre “online”, pronta para atender qualquer tipo de ocorrência em 24h, assim como o morador, que através de um aplicativo de celular que poderá ver e controlar quem entra e quem sai da sua casa. A biometria também permite saber a hora e o momento do acesso ao condomínio, então temos um monitoramento completo. Esse modelo gera uma economia de 50% ao condomínio ou 22 vezes menos intervenção humana no processo de controle de acesso do condomínio, o que minimiza consideravelmente o risco de segurança por erros e falhas humanas, que é o principal fator para roubos e furtos. Amilton Saraiva - É recomendável que os condomínios contratem empresas terceirizadas que sejam confiáveis, pois elas oferecem um treinamento especializado de atendimento, discrição e segurança preventiva. A empresa, profissional e especializada, realiza contratações após verificar o histórico profissional e pessoal do porteiro e também ao investigar possíveis antecedentes criminais, sua conduta e por indicação. Quando contratados diretamente pelo condomínio, geralmente a contratação não dispõe de todos esses recursos, aumentando o risco de maus profissionais adentrarem em um ambiente onde a segurança deveria ser prezada e mantida. GP - Como os moradores podem se prevenir de serem abordados nas entradas de garagem e na portaria? Ailton Riera - O momento do acesso deve ser de atenção por parte do condômino na observação do entorno; identificando uma situação suspeita, deve abortar a entrada e entrar em contato com a Polícia Militar. Existem dispositivos de acionamento de pânico pelo condômino que também podem ser utilizados para informar a portaria e esta, por meio de plano pré estabelecido, a Polícia Mlitar. A prevenção começa com os procedimentos estabelecidos pelo condomínio e a infraestrutura local, sendo que o condomínio deve proporcionar um lugar seguro para cadastro e checagem e clausuras com intertravamento que impeçam o morador ou visitante de entrar acompanhado. AS - O que orientamos aos moradores é sempre muita atenção ao chegar, verificar a movimentação, ver se tem algum carro suspeito parado e qualquer dúvida, ligar para a portaria para que eles acompanhem a sua entrada de forma segura. E evitar entrar falando no celular, sempre com muita atenção. WU - No caso da garagem o ideal é verificar se há alguma movimentação estranha e se perceber algo, acionar a central responsável pela portaria para que eles possam fazer o acompanhamento. Além disso, na garagem, temos uma função chamada “chegada assistida”, que o morador aciona e a gente acompanha a entrada dele. No caso de pedestre, vale o mesmo, apenas a diferença é que ele pode acionar o condomínio com o dedo no botão do pânico. DS - Não há solução que evite a abordagem, mas existem soluções de pronta resposta quando ocorrerem as abordagens. Por exemplo: botão de pânico, que desperte a atenção da portaria, vigilantes e empresa de monitoramento; presença física de vigilante externo, que por questões financeiras a maioria dos condomínios que tinham estes serviços não mais o possuem, embora estatísticas provem que condomínios que não possuem este vigilantes são mais atrativos a acessos e procedimento atrelado a tecnologia, ou seja, condomínios onde existem tecnologia fazendo a conferência se os acessos são autorizados e/ou permitidos obrigam a mão de obra agir somente na exceção. Para tais condomínios o risco de acesso indevido é minimizado, e cerca de 70% dos condomínios que não possuem tecnologia são alvos fáceis da criminalidade. GP - Como deve ser a atuação de condomínios quando requisitados a deixar terceirizados e policiais, como no caso do condomínio do Morumbi, a adentrar o terreno? AR - A atuação de policiais é regulado por lei que, por regra, cumpre um modus operandi, vide as recentes atuações da Polícia Federal. Colaboradores bem treinados podem identificar situações de conformidade. Na dúvida sob a legalidade de uma atuação policial, acione o 190. Condomínios com gestão de segurança possuem procedimento com previsão de acionamento da empresa, supervisor, síndico e central de monitoramento externo com imagem em tempo real. A policia é obrigada a se identificar caso queira acessar um patrimônio privado, e o acesso deve ser restrito à área de cumprimento do mandato, ou seja, não é preciso acessar o interior da portaria blindada para busca e apreensão de um morador. Caso a insistência ocorra, o porteiro ou vigilante deve  comunicar a empresa de segurança através de comunicação e aguardar a autorização e não se deixar intimidar com gritos ou ameaças. Sistemas automáticos que avisam a central de monitoramento a cada abertura e fechamento da porta blindada da portaria ajudam a evitar falhas humanas e de comunicação. AS - É importante que os moradores deixem avisado o zelador e o porteiro, e também deixar uma autorização com alguém no caso de alguma pessoa ou empregado precisar entrar no seu apartamento durante a ausência. Por mais que se confie em funcionários da residência, por exemplo, eles podem inocentemente passar alguma informação para alguém de fora, que pode não ser uma pessoa bem intencionada. Qualquer movimentação estranha ou suspeita deve ser imediatamente reportada. Para prevenir a entrada indesejada de mal-intencionados, pode-se instalar um sistema de segurança 24h, com alarmes e circuito interno de câmeras. DS - Falta procedimento eficaz e treinamento customizado, pois se houvesse daria conforto para mão de obra tomar as ações corretas. Por exemplo, toda ação criminal em andamento deve ser acompanhada pela Policia Militar. A isso chamamos de ação ostensiva. Na dúvida, mesmo que diante da portaria houvesse presença caracterizada supostamente da Polícia Civil, a portaria deveria abrir chamado na Policia Militar (190 COPOM) e registrar a ocorrência, além de pedir apoio. O segundo passo é avisar o suposto Policial que se identificou na portaria que a PM já foi avisada e dará apoio a operação. Desta forma, haveria possibilidade dos supostos falsos policiais recuarem, pois a característica principal de quadrilhas especializadas é garantir que ação criminosa está sendo realizada com sucesso. Geralmente. sob qualquer suspeita que a PM foi avisada, eles abortam a missão. WU – O morador tem acesso, pelo celular, sobre quem está entrando em sua casa. Ele consegue ver e autorizar ou não a entrada do mesmo, assim como a própria biometria já afasta por si só os criminosos, já que ela guarda as informações daquela pessoa, envia para a central os seus dados e deixa tudo documentado. GP - Uma vez rendidos os funcionários, há algum sistema que possa acionar a polícia? AR - Sim, o monitoramento externo ou remoto permite que a empresa de segurança enxergue tudo que se passa no condomínio a distância, sendo que o operador em local distante e seguro pode tomar todas as providências e acionar as forças de segurança pública. Botões de pânico portáteis também podem ajudar, sendo que eles podem ficar de posse de funcionários do condomínio com capacidade para os utilizarem em caso de emergência, sendo que o zelador pode fazer um rodízio do controle entre os funcionários, dificultando a ação do criminoso que pode ter a informação de que existem os botões, mas não saberão com quem estará naquele dia. Circuito aberto de televisão e procedimentos implantados entre os moradores também podem possibilitar a identificação de uma situação anormal. WU - A portaria remota instala biometrias por diversas partes do condomínio onde o morador ou o funcionário podem acionar o botão do “pânico”, além do chaveiro da garagem e do próprio celular, que também possuem o mesmo mecanismo de alerta. Assim, a central tomará as devidas providências para resolver o problema ou chamar a polícia. AS - Toda segurança possui um sistema de alerta e que permite a outro funcionário que chame pela polícia. DS - Na verdade, o monitoramento externo é a melhor opção, pois o profissional externo que é avisado pelo botão de pânico terá conforto de interagir com a PM a distância e, principalmente, se tiver acesso as imagens do CFTV (Circuito Fechado de TV). GP - Em caso de um roubo à mão armada, como os moradores e funcionários devem proceder? DS - Em situações extremas como esta, a orientação é nunca revidar e deixar levar qualquer pertence que seja, procurar manter a calma e não transparecer que pretende tomar uma ação reativa. WU - É importante que de algum jeito, os moradores ou o funcionário, acionem o “pânico” ou através do dedo nas entradas biométricas, ou no chaveiro de entrada do veiculo. O sistema também tem integração com relógios inteligentes (smartwatch), que se conectam com o celular, onde o morador possa acionar o pânico através do celular. A partir daí nós fazemos o acompanhamento do processo. AR - Se o investimento, infraestrutura e processos do condomínio permitirem, esta hipótese não deve ocorrer, mas caso ocorra não há o que fazer, não existe reação depois de rendidos, tanto os funcionários e moradores deverão acreditar que os processos e planos de contingencia  irão funcionar daí para frente, e que estarão sendo acompanhados a distância e em breve o socorro ira chegar. AS - As regras de segurança estão sempre pautadas por algumas vertentes principais, sendo a primeira prevenção para que não aconteça e tentar evitar os riscos ao máximo. Quando acontece algum delito, com ou sem arma, a pessoa não deve reagir, ser o mais calma possível, não tentar nenhuma atitude isolada. A melhor coisa é deixar acontecer, manter os ladrões tranquilos e depois resolver junto a polícia. Nunca reagir! O mesmo vale para o funcionário, que não deve ser super herói e deve prezar pela segurança dos moradores. O que ele deve fazer é tomar atitudes preventivas. GP - Há como clonar os controles de garagem? Qual é o método mais seguro de acionamento de portões? WU - Os controles de veículos usados na portaria remota são anticlonagem, portanto não é possível. O portão pode ter uma eclusa, o que garante um pouco mais a segurança do processo, ter o botão do pânico no controle e nas leituras biométricas, assim envia a informação dará a central que dará andamento aos procedimentos de segurança. DS - Clonar controles é possível. Hoje temos novidade em tecnologia que não dependem mais de controles facilmente clonados, porém existe uma lição de casa para o condomínio, como quando a estrutura do condomínio há 2 portões de acesso, tanto para garagem quanto para portaria de pedestre a recomendação é que o primeiro portão externo seja aberto pelo próprio condômino por tecnologia ou por controle e o segundo portão seja aberto pela Vigilância ou Portaria logo após a confirmação de que a pessoa do acesso está previamente autorizada ou não. Quando não há estrutura física que contenha esta barreira, aumenta o risco, mas ainda é possível estudar o local para customizar os procedimentos e ingresso de tecnologia. AS - Sim, é possível clonar alguns controles. O único que não é clonável é o da Linear. O melhor método é que se faça uma eclusa, onde ela tem um intertravamento. Ou seja, só abre uma porta quando a outra estiver fechada. Isso causa um temor porque ninguém gosta de ficar preso entre portões. Então sempre que possível é bom pensar em ter uma eclusa de portões. AR - Controles comuns são fáceis de clonar, já que existem equipamentos que permitem ao morador pressionar o botão para abertura do portão que capturam o código de acionamento, assim permitindo aos criminosos criarem controles clonados. Para evitar este tipo de ação os condomínios devem investir em sistemas autônomos de abertura, como tags e OCRs ( sistema de leitura de placas ) e nunca deixarem a decisão da abertura do segundo portão da clausura de forma automática. Esta sempre deverá ser feita por um funcionário treinado de dentro da portaria blindada após o julgamento que esta tudo correndo bem com aquele morador ou visitante. Existe também um controle que altera o código a cada acionamento, dificultando a clonagem.


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