10/12/2020 às 22h41min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h20min

Ciclovia da Rebouças é entregue, apesar dos protestos e perigo para todos

A Avenida Rebouças recebeu a sua ciclofaixa fixa, apesar dos protestos da comunidade, das entidades e até da Ciclocidade- Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo. A entidade mostrou todos os perigos para os ciclistas e ainda da falta de diálogo com o poder público municipal.  As obras, que iniciaram há cerca de três meses, foram entregues no último dia 25. A via faz parte do trecho cujo trânsito é o mais lento da cidade e o mais engarrafado, segundo pesquisas da própria Prefeitura. Aumentar ou prejudicar a segurança? A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, informa que a ciclofaixa tem o objetivo de “aumentar a segurança” dos ciclistas que circulam pelo local. Mas muitas críticas pelos usuários e entidades, continuam pela sua largura reduzida e disputada por outros meios de locomoção, já que com a implantação, os carros ônibus e milhares de motos ficaram ainda mais “apertados”, dificultando ainda mais o pior trânsito da capital, liderado pela Avenida Rebouças. A boa notícia é que ela liga as ciclovias da Faria Lima, Paulista e da Consolação. Avenida reduziu sua largura Com a estrutura cicloviária as faixas de rolamento da Rebouças ficam, em média, com 2,70m de largura para veículos. A Prefeitura informa que nenhuma faixa de rolamento foi retirada e foram necessárias pequenas obras nas calçadas do acesso da Dr. Arnaldo para a Rebouças, mas na realidade, a via perdeu espaço e prejudicou todo o trânsito, dando prioridade para poucos usuários diários de bikes, ou seja média de 120 ciclistas/dia contra milhares de veículos, motos, ônibus e ambulâncias. Em março, a Prefeitura informou que a ciclofaixa projetada para o local seria unidirecional, com largura variando entre 1 metro e 1,20 metros. Na época, ainda foi informado que a largura média das faixas para veículos poderá variar entre 2,50 e 2,80 metros e a faixa exclusiva para ônibus de 3,30 a 3,50 metros. Para a reportagem da época, a CET afirmou ter realizado contagens de ciclistas e identificou a necessidade de implantação desta estrutura cicloviária pelo número de usuários que querem fazer o percurso entre as regiões da Paulista e Brig. Faria Lima (aproximadamente 500 ciclistas/dia, mas na realidade, não são mais de 120). “Sistematicamente a CET realiza contagens volumétricas de veículos no eixo Rebouças/Eusébio Matoso disponíveis no Relatório Anual de Desempenho do Sistema Viário – MSVP, disponível para consulta no site da CET (http://www.cetsp.com.br%29/”. Assim a disputa desproporcional será 500 ciclistas futuros (Numero elevado da CET, que não passa de 120, na realidade) e que correm perigo, pela largura exígua da ciclovia, contra as ambulâncias (centenas por dia para os hospitais da Av. Paulista e região) e milhares de motos, veículos e ônibus. Ciclocidade alertou o poder publico A Prefeitura foi alertada pela Ciclocidade, moradores, entidades e inúmeras reportagens da Gazeta de Pinheiros, mas não se convenceu e implantou nas laterais perigosas da Avenida Rebouças. Todos os estudos mostram que a melhor opção sempre será nos canteiros centrais de avenidas que tem esta condição, como Eliseu de Almeida, Faria Lima, Paulista e outras. “Reduz o número de acidentes” De acordo com dados da Prefeitura, a ciclofaixa “reduz o número de acidentes e diminui a letalidade das ocorrências” (Veja o caso do aumento de ciclistas vitimados nas ruas e ciclovias implantadas sem estudo adequado, apenas para “aumentar” a rede cicloviária da cidade). Antes da implantação de um espaço exclusivo para bicicletas, cerca de 50 ciclistas passavam pela via na hora pico da manhã e 70 na hora pico da noite (Estudo CET, 2019). Agora a expectativa é que “aumente o número de ciclistas” circulando pelo local. Trânsito vai piorar Os dados mais recentes apresentados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostram que a rota formada por Av. Eusébio Matoso, Av. Rebouças, Rua da Consolação) apresentou as menores velocidades da cidade no período da tarde, com média de 8,2 km/h. Desde 2017 não temos novas medições, ou seja, este número deve ser muito menor, supostamente na faixa de 5 km/h. Plano Cicloviário A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT) e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), informa que o Plano Cicloviário, em implantação na cidade, está ampliando a malha cicloviária e, até o fim de 2020, a capital paulista terá a maior rede dentre as capitais brasileiras, ultrapassando os 676 km. De acordo com o Executivo, trata-se de medida essencial para garantir a segurança de ciclistas e demais usuários. Haja vista o aumento exponencial do número de pessoas que estão utilizando a bicicleta como meio de transporte e, principalmente, como instrumento de trabalho. Uma das características desse período de pandemia, inclusive, é o aumento do número de trabalhadores que utilizam as bicicletas para realizar entregas. Hoje, são aproximadamente 20 mil entregadores que trabalham com bicicletas, somente no município de São Paulo. Novas ciclovias A malha cicloviária paulistana passou de 503,6 km, em 2019, para 560,2 km no mês de novembro. Importantes conexões das zonas oeste e sul da cidade já entregues são a ciclofaixa da Av. Rebouças, Granja Julieta, Costa Carvalho, Henrique Schaumann, entre outras. Em fase de obras ou sinalização temos a Av dos Semaneiros, Antônio Batuira, Geraldo Ataliba - Leopoldo Couto, por exemplo. As melhorias foram feitas em 188,3 km da malha cicloviária, já entregues à população, de um total de 310 km previstos no Plano Cicloviário. As ciclovias da Faria Lima 1 e 2, além da ciclofaixa Visconde de Täunay, Escola Politécnica (trecho 2), Juarez Távora, camargo, Lineu de Paula Machado, João Moura, Vila Andrade/Vila Sônia, entre outras nas zonas oeste e sul, já receberam melhorias no pavimento e nova sinalização. Audiências públicas A implantação dos 173,5 km de novas conexões e a requalificação de 310 km dentre os 503,6 km das estruturas já existentes contou com ampla participação popular.  Em 2019, foram realizadas 10 audiências públicas e 10 oficinas participativas em todas as regiões da cidade. Além disso, o andamento do Plano Cicloviário é periodicamente apresentado nos encontros da Câmara Temática de Bicicleta. As estruturas cicloviárias são projetadas respeitando aspectos como conectividade, linearidade, funcionalidade, segurança, entre outros. As requalificações e conexões implantadas são alvo de vistorias e terão acompanhamento das equipes técnicas da SMT e CET. Avenida Rebouças A Avenida foi aberta em 1916, e seu traçado remonta a trecho do antigo Caminho do Peabiru. Nos anos 1930, passou a ser uma das principais ligações listadas no “Plano de Avenidas” do então prefeito Francisco Prestes Maia. A avenida tem seu início na Rua da Consolação, no Complexo Viário Rebouças, e estende-se até a Marginal Pinheiros. Seu trecho principal é duplicado e tem extensão de 3,3 quilômetros, terminando na Avenida Brigadeiro Faria Lima, no cruzamento onde se localiza o Túnel Jornalista Fernando Vieira de Mello, inaugurado em 2004. Devido à grande importância de centro financeiro e comercial, a avenida apresenta tráfego intenso de veículos durante quase todo o dia.


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