27/11/2020 às 23h07min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h20min

Especialista explica como os pernilongos mantêm presença na região

Ações da Prefeitura e do Governo do Estado tentam diminuir a infestação de pernilongos que ataca a região. Entretanto, a presença dos insetos ainda atrapalha o sono de grande parte da população. Dentre os fatos apontados como agravantes, está o problema com o esgoto o Rio Pinheiros e a água acumulada em residências, por exemplo. Professora da USP explica A Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais relembra a entrevista com Maria Anice Mureb Sallum, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com a especialista, uma das causas é a falta de saneamento ambiental, especialmente pelo fato de o Rio Pinheiros receber elevada quantidade de esgoto in natura e ter sido transformado em “lagoa de estabilização”. As margens são sujas, com plantas que facilitam o desenvolvimento das fases iniciais de vida do pernilongo doméstico e oferecem abrigo aos adultos, machos e fêmeas. O pernilongo doméstico é o único mosquito que sobrevive às condições extremamente poluídas do rio, não tendo nem predadores nem competidores. Ali ele é o “rei” e prolifera sem dificuldade, inclusive com fontes de sangue abundantes nas margens (roedores) e áreas no entorno do rio (humanos, roedores, cachorros etc). O Rio Pinheiros não é o único responsável pelo aumento do mosquito. O calor torna a água estável, com maior nível de poluentes e eutrofização, com muita matéria. Fossas negras e sépticas, calhas entupidas, galerias de água pluvial entupidas, rios e córregos contaminados com esgoto, piscinões, calçadas quebradas que permitem o acúmulo de água sob o revestimento e recipientes e resíduos sólidos de plástico, pequenos e grandes, acumulam água, podendo representar excelentes ambientes para a proliferação do pernilongo. Os mosquitos podem apresentar resistência aos inseticidas usados no controle. Além desse problema, há o fato de que nem sempre é possível utilizar o fumacê, pois as condições climáticas podem não ser as adequadas. As partículas do inseticida têm de permanecer suspensas no ar por certo período para que matem os mosquitos. Por exemplo, se estiver ventando, não é possível fazer a aplicação, pois ocorrerá a perda do produto, agravada pela contaminação do ambiente, sem ter o resultado esperado. A aplicação de inseticidas pode ser feita durante o dia nas margens de rios e córregos poluídos, pois visa eliminar os pernilongos que estão em repouso na vegetação. O controle seria mais efetivo com a aplicação de produtos larvicidas, mas as condições climáticas devem ser avaliadas para evitar a perda do produto antes que possa causar o efeito desejável, matar as larvas. Maria Anice ainda afirmou, na época, que muitas medidas deveriam ser adotadas pelos governantes, mas não o são ou são inadequadas e descontinuadas. Por exemplo, seria tarefa dos governantes a adoção de amplas medidas de saneamento ambiental que permitissem a eliminação dos habitats das fases iniciais de vida do mosquito, ou seja, água acumulada em recipientes e rios, riachos, lagos poluídos por esgoto doméstico e industrial. Obviamente, a população deveria colaborar, não jogando lixo em bueiros, nas ruas, nos rios, no ambiente em geral e cuidando de suas residências, evitando que as calhas acumulem água e o revestimento fique quebrado de maneira a permitir a formação de pequenas poças, além de limpar os ralos, descartar o lixo em locais adequados etc. Ou seja, mosquito é problema ambiental e, portanto, medidas de saneamento devem ser adotadas para eliminá-los ou mantê-los em baixa densidade. Providências Há algumas semanas, a Empresa Metropolitana de Águas e Energia - EMAE e a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente afirmam em nota que continuam realizando a remoção de resíduos sólidos e de vegetação aquática, bem como a roçagem e limpeza dos taludes do rio. Desde 2019, início do Programa Novo Rio Pinheiros, somente com desassoreamento, foram retirados 240.595 m³ de sedimentos, o equivalente a capacidade de mais de 15 mil caminhões basculantes. Sobre o lixo flutuante, já foram removidas mais de 16 mil toneladas de resíduos. Os contratos para coleta e tratamento de esgoto estão em andamento e já realizaram 47 mil ligações de imóveis à rede, reduzindo a carga orgânica que chega ao rio. Além disso, as ações complementares em apoio à Secretaria Municipal de Saúde de combate aos pernilongos seguem em andamento.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.